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Resenha: O Novo Imperialismo

Por:   •  11/4/2018  •  Resenha  •  1.259 Palavras (6 Páginas)  •  1.219 Visualizações

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Schaeffer Fertig, M. C.

Resenha crítica:

HARVEY, David. O Novo Imperialismo. São Paulo: Edições Loyola. 2004.

O Novo Imperialismo

A obra de David Harvey insere-se no contexto da invasão do Iraque pelas forças norte americanas em 2003. As interpretações de Harvey sobre as incertezas daquela conjuntura funda-se em investigação geográfica e histórica do capitalismo e o autor impõe uma severa crítica à retórica dos arranjos institucionais, desmascarada no conluio entre EUA, FMI e Wall Street. Em grande medida coordena sua argumentação com o entendimento de Giovani Arrigui sobre a lógica do território e a lógica do capital, mas também compõe sua construção com aportes de outros autores como Karl Marx, Rosa Luxemburgo, Hannah Arendt e Peter Gowan. O objetivo do autor é demonstrar como se configura um Novo Imperialismo, fundado em uma acumulação do capital via espoliação que determina uma nova roupagem aos Imperialismos anteriores. O autor discorre sobre a expansão do poder norte americano, como condutor do processo opressor do capital no formato da espoliação em um processo econômico e político que está exaurindo a própria hegemonia dos EUA.

O quadro analítico proposto por Harvey demonstra como as lógicas territorial e capitalista estão estreitamente ligadas, mas de forma complexa e contraditória. O surgimento de um Imperialismo na forma neoliberal a partir da década de 70, com a crise de sobreacumulação de 1973-75, prioriza uma acumulação de capital por espoliação, comandada pela financialização crescente, e pela busca por ordenações espaço-temporais sistemáticas e interdependentes que funcionariam como soluções às crises ao adiar o tempo e espaço da expansão geográfica do capital, diga-se crescimento. Emergem daí as novas concentrações territoriais de poder financeiro sob a liderança dos EUA, com a ajuda do FMI e Wall Street, e que permaneceriam blindados às crises relegando os maiores custos aos países periféricos. Com as crises do final dos anos 90 o cenário começa a alterar-se, culminando em um Novo Imperialismo neoconservador após os eventos de 11 de setembro de 2001.

Sublinhar o contexto de 11 de setembro de 2001 encontra um paralelo de análise no 11 de setembro de 1973, que determinou a derrocada do governo democrático de Allende e que seguiu-se da implantação do neoliberalismo, não só ali mas em expansão global pelas medidas econômicas coercivas da “Troika” do Consenso de Washington com a liderança inconteste dos EUA e da Inglaterra, e que após 2000 chegam também ao Iraque pela força militar e a retórica neoliberal mas com forte acento neoconservador. A região é geopoliticamente estratégica, onde os EUA já fincaram um pé em apoio a Israel. Para Harvey o controle das reservas de petróleo marca a luta nas lógicas territorial e capital, mas não só refere-se a este recurso e região, como também a novas expressões de opressão capitalista com acumulação via espoliação, numa indicação clara da necessidade dos EUA de estabelecerem coercitivamente mecanismos de barganhas econômicas para a garantia da lógica capital, e políticas de contenção, incluindo o recurso militar, num jogo complexo perante a ascensão econômica da China e sua impressionante capacidade de atrair os excedentes da acumulação de capital mundial, e frente à sempre imprevisível Rússia.

Assim a expansão do poder dos EUA é apresentada na perspectiva de um imperialismo capitalista que funde um domínio territorial, de política do Estado e do império, e um domínio capital de processo político e econômico difuso no espaço e tempo (p.31). Nesta expansão evidenciam-se profundas contradições. O predomínio da lógica capitalista até 2000 vem confrontada pelo retorno de uma lógica territorial sob hegemonia dos EUA. Sob a regência de Bush o país utiliza-se da lógica territorial em sua hegemonia, determinando a dominação e não a liderança moral e intelectual, conforme concepção de hegemonia Arrigui. Eis o grande dilema do hegemon EUA ao lutar incessantemente com suas esferas interna e externa, entre as necessidades de coerção e consenso. A hegemonia norte americana vindo de uma ênfase liberal (1945-70), passa pela neoliberal (1970-2000) e, contraditoriamente assume uma hegemonia ainda neoliberal com acentuação neoconservadora (a partir de 2000) por conta de suas forças internas de direita. Esta última postura procura sustentar a hegemonia ameaçada pelo anterior emprego desequilibrado do capital financeiro e os erros autodestrutivos da financeirização dos anos 70. Seguindo o pensamento de Arrigui ali estaria o sinal histórico de mudança de hegemon.

A lógica capitalista do poder manifesta o predomínio de seu caráter opressor na busca por ordenações espaço-temporais em solução ao capital excedente, em processo onde a lógica territorial ainda detém importância, mas a serviço do capital (p. 78-79). Destacam-se as contradições entre

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