TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Resenha ultimo rei da escocia

Por:   •  24/9/2015  •  Resenha  •  793 Palavras (4 Páginas)  •  3.078 Visualizações

Página 1 de 4

O filme “O Último Rei da Escócia”, de Kevin Macdonald, retrata acontecimentos verídicos da história ugandense da década de 1970 de modo a captar por completo o interesse do espectador. Os fatos históricos encontram-se em meio a um incrível drama fictício: a experiência de um médico escocês em sua viagem à África. A personagem, inspirada no soldado britânico Bob Astles, assim como ele, tornou-se íntimo conselheiro do ditador Idi Amin. E a jornada do médico – o doutor Nicholas Garrigan – de autoconhecimento e aprendizado sobre o país africano mistura-se à trajetória da própria Uganda, que, entre um passado de luta externa pela dominação e um futuro de luta interna pela mesma, tentava estabelecer-se como uma nação independente e estável.

O longa metragem, desde o início, deixa claro sua relação com o contexto político em que se passa a história. A chegada de Garrigan à Uganda em 1971 é também a chegada de um novo presidente. O golpe de Idi Amin contra o líder Milton Obote é, no filme, aparentemente, algo a se celebrar. Assim também o é a vinda de Nicholas ao país. Porém, ambos os eventos acompanham suas reviravoltas durante o desenrolar da película. Amin mostrou-se um dos piores líderes africanos, com um regime baseado na violação dos direitos humanos, perseguição à oposição, repressão política, má gestão econômica e um total de cerca de 300 mil assassinatos durante seu governo. Enquanto isso, a viagem de Nicholas Garrigan, inicialmente benfeitora a comunidades rurais do país; traz consigo seu lado profundamente negativo devido à aproximação da personagem com a figura do ditador, que contrariou suas expectativas.

O médico, entretanto, não é o único europeu na história do filme; a trama é repleta de intervenções britânicas – a cada novo cenário, há a presença de algum representante inglês que busca estudar, julgar ou mesmo pretender mudar as ações dos líderes do país africano. Mas as ações desses líderes e o contexto do país em questão não devem ser levadas ao pé da letra, muito menos a uma avaliação maniqueísta – muito bem administrada pelo diretor, que, através da excelente coordenação das cenas, não apresenta qualquer juízo de valor quanto a quem estaria certo ou errado na história (apesar de que as cenas chocantes de repressão fazem com que qualquer espectador esqueça-se um pouco do lado histórico-político da questão para sentir-se enojado pelas ações doditador). O que não deve ser esquecido, no entanto, são as causas históricas que levaram à ascensão de Idi Amin e que são indiretamente indicadas no filme através do conflito constante entre as visões africana e britânica da situação da Uganda.

A independência ugandense conquistada através da figura de Obote com certeza não trouxera a completa satisfação e realização das esperanças de um povo devastado pela economia de seu país. O então governo não era forte ou próspero como seu líder prometia. Porém, tal independência era inevitável; a pressão internacional das superpotências da Guerra Fria sobre as potências neocoloniais europeias através de discursos referentes à liberdade e, posteriormente, aos direitos humanos, era implacável e o recente foco ao continente africano ressaltava qualquer detalhe da situação. Como afirmam Kent e Young em International Relations since 1945,

As the Cold War began to focus more on

...

Baixar como (para membros premium)  txt (5 Kb)   pdf (48.1 Kb)   docx (12.3 Kb)  
Continuar por mais 3 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com