Resumo Alan Touring - O Jogo da Imitação
Por: Luiza Cunha Sena • 14/9/2019 • Resenha • 884 Palavras (4 Páginas) • 511 Visualizações
Alan Turing matemático britânico é contratado junto com outros inteligentes para decifrar a máquina alemã Enigma que mudava sua configuração todo dia a meia noite, sendo 159 trilhoes de opções de combinações. Alan constrói uma máquina que seria capaz de decifrar a Enigma mas rejeitam sua ideia. Alan é acusado de ser homossexual, e casa-se com sua amiga para que ela fique na cidade e continue trabalhando com ele. Uma noite de festa ele descobre uma palavra que mudaria o destino do resultado da maquina Christopher que ainda não funcionou. Então ela funciona e eles decifram a primeira mensagem da Enigma. Ao decifrar a Enigma, Alan percebe que se avisarem ao governo sobre o próximo ataque os alemães descobrirão que eles decifraram sua maquina e mudarão suas configurações. Um dos membros do grupo tem seu irmão em um navio que será atacado, então ele confronta Alan sobre quem ele acha que é para determinar quem vive ou morre. Ele responque que sim, quem decide são eles. “por que?” “por que ninguém mais pode”. Após dias de trabalho sigiloso Alan descobre que um de seus membros é soviético e está repassando informações. Alan não pode contar ao governo esse segredo se não seu amigo contará que é homossexual, um crime na época. O chefe do governo confronta Alan e o obriga a trabalhar para os soviéticos para ele. Alan trabalha. A Inglaterra ajuda todos os outros países a derrotarem os alemães, sem desconfiarem que Enigma tinha sido decifrada. Eles ganham a guerra. Todos são mandados embora e todos os arquivos queimados. Após a guerra, Alan é obrigado a fazer terapia hormonal para curar sua homossexualidade. Após um ano de terapia Alan se suicidou.
HANNAH ARENDT
Hannah Arendt não tomava sua condição de judia como superior à sua posição como pensadora, comprometida com a compreensão de seu tempo. A condição judaica era, para ela, condição humana. Não menos, não mais. O problema da subjetividade, das escolhas éticas que implicam liberdade e responsabilidade, era a questão central no momento em que se tratava de pensar e realizar a política. E como discípula de um conhecido transgressor chamado Martin Heidegger, filósofo alemão, muito reconhecido pela recolocação do problema do ser e pela refundação da Ontologia, pela importância que atribui ao conhecimento da tradição filosófica e cultural, não deixou de fazer o exercício solitário de pensar sobre a questão do que faz um ser como Eichman se tornar um comissário de mortos inocentes na máquina da “solução final” dos nazistas no caso dos judeus mortos durante o holocausto do século XX. No filme, fica claro que aqueles que se manifestaram furiosos ou ofendidos contra a tese de Arendt de fato não a compreenderam. Isso porque a tese de A banalidade do mal é uma tese difícil, não por sua lógica, mas por seu caráter performativo. Aquele que é confrontado com ela precisa fazer um exame de sua consciência particular em relação ao geral e, portanto, de seus atos enquanto participante da condição humana. A banalidade do mal significa que o mal não é praticado como atitude deliberadamente maligna. O praticante do mal banal é o ser humano comum, aquele que ao receber ordens não se responsabiliza pelo que faz, não reflete, não pensa. Eichmann foi caracterizado por Arendt como uma pessoa tomada pelo “vazio do pensamento”, como um imbecil que não pensava, que repetia clichês e era incapaz de um exame de consciência. Heidegger, o filósofo nazista que diz ter se arrependido de aderir ao regime, era, no entanto, um gênio da filosofia e, contudo, não era diferente de Eichmann. Aterrador, no entanto, é que entre Eichmann, o imbecil, e Heidegger, o gênio, esteja o ser humano comum. Eichmann não era diferente de qualquer pessoa, era um simples burocrata que recebia ordens e que punha em funcionamento a “máquina” do sistema, do mesmo modo que cada um de nós pode fazê-lo a cada momento em que, liberado da reflexão que une, em nossa capacidade de discernimento e julgamento, a teoria e a prática, seguimos as “tendências dominantes” como escravos livres, contudo, de si mesmos. Sair da banalidade do mal é fazer a opção ética e responsável na contramão da tendência à destruição que convida constantemente cada um a aderir. A banalidade do mal é, portanto, uma característica de uma cultura carente de pensamento crítico, em que qualquer um – seja judeu, cristão, alemão, brasileiro, mulher, homem, não importa – pode exercer a negação do outro e de si mesmo. Em um país como o Brasil, em que a banalidade do mal realiza-se na corrupção autorizada, na homofobia, no consumismo e no assassinato de todos aqueles que não têm poder, seja Amarildo de Souza, seja Celso Rodrigues Guarani–Kaiowá, uma parada para pensar pode significar o bom começo de um crime a menos na sociedade e no Estado transformados em máquina de morte institucionalizada. A utilização de cenas reais do julgamento é um recurso brilhante e forte. Estilisticamente, tudo é muito simples, com planos e contraplanos corriqueiros e enquadramentos televisivos. Mas não é isto que importa, e sim, reconhecer a coragem desta mulher que ousou formular uma fascinante “Teoria da Maldade”, por meio da qual as grandes atrocidades da história da Humanidade são cometidas não exatamente pela crueldade humana, mas por males ainda maiores, como a omissão e a incapacidade de pensar.
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