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Resumo Putnam

Por:   •  6/8/2015  •  Abstract  •  2.639 Palavras (11 Páginas)  •  169 Visualizações

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Resumo Putnam

Explicação do desempenho institucional

O autor começa o texto questionando sobre o que diferencia o Norte da Itália que possui um bom desempenho da região Sul, com mau desempenho e, em cada uma dessas partes, as mais prósperas das menos prósperas. O autor trabalha com duas possibilidades genéricas:

∙        Modernidade sócio-econômica, isto é, as conseqüências da Revolução Industrial.

∙        “Comunidade cívica”, isto é, os padrões de participação cívica e solidariedade social.

O mais importante acontecimento social e econômico verificado na sociedade ocidental nos últimos séculos foi a Revolução Industrial e suas conseqüências. Grandes multidões se mudaram do campo para as fábricas. Os padrões de vida melhoraram de maneira substancial. As estruturas das classes sociais se transformaram. O capital físico e humano se avolumou. Os níveis de educação e os padrões sanitários se elevaram. A capacidade econômica e tecnológica se multiplicou.

Sociólogos políticos sustentam que um governo democrático depende dessa transformação social e econômica, logo existindo correlação entre a verdadeira democracia e a modernização sócio-econômica.

Na Itália, essas transformações aconteceram nas últimas duas décadas. A mudança atingiu toda a península, porém o Norte é mais avançado do que o Sul. As regiões do Norte, mais ricas e mais modernas estão muito à frente de suas congêneres mais pobres em termos de recursos materiais e humanos. O contrates pode ser percebido nas construções civis e nas condições de saúde e administração de obras públicas. No Norte eles possuem muito mais recursos nessas áreas do que seus colegas do Sul, que enfrentam graves problemas de subdesenvolvimento.

As diferenças entre Norte e Sul não se devem simplesmente aos recursos financeiros disponíveis para os governos regionais. As autoridades centrais alocam verbas a esses governos de acordo com uma fórmula redistributiva que favorece as regiões mais pobres. Muitas das regiões mais atrasadas dispõem de mais recursos do que são capazes de despender. Porém, essa redistribuição fiscal aparentemente não basta para compensar as enormes diferenças na infra-estrutura sócio-econômica e tecnológica.

Na Florença do séc. XVI o êxito ou o fracasso das instituições livres dependia do caráter dos cidadãos, ou seja, de sua “virtude cívica”. Essa interpretação vem da escola republicana de humanistas cívicos foi posteriormente superada por Hobbes, Locke e seus sucessores liberais. Enquanto os republicanos enfatizavam a comunidade e as obrigações de cidadãos, os liberais ressaltavam o individualismo e os direitos individuais.

Nos últimos anos, porém, uma onda revisionista varreu a filosofia política anglo-americana. Segundo eles, existe uma importante tradição republicana ou comunitária que ao invés de exaltarem o individualismo, os novos republicanos evocam e eloqüente exortação comunitária.

Os liberais clássicos por sua vez criticaram ao dizer que a noção de comunidade exaltada pelos novos republicanos é um ideal perigoso e anacrônico. À medida que aumenta significativamente o número de cidadãos não-virtuosos, diminui progressivamente a capacidade das sociedades liberais para funcionar bem.

Numa comunidade cívica, a cidadania se caracteriza primeiramente pela participação nos negócios públicos. O significado básico da virtude cívica parece residir em um conhecimento e uma busca perseverante do bem público à custa de todo interesse puramente individual e particular. Os cidadãos da comunidade cívica não tem que ser altruístas, mas na comunidade cívica os cidadãos buscam o que Tocqueville chamava de “interesse próprio corretamente entendido”, isto é, o interesse próprio que é “esclarecido” e não “míope”.

Na comunidade cívica, a cidadania implica direitos e deveres iguais a todos. Tal comunidade se mantém unida por relações horizontais de reciprocidade e cooperação, e não por relações verticais de autoridade e dependência. Os cidadãos interagem como iguais, e não como patronos e clientes ou como governantes e requerentes.

Os cidadãos virtuosos são prestativos, respeitosos e confiantes uns nos outros, mesmo quando divergem em relação a assuntos importantes. A comunidade cívica não está livre de conflitos, pois seus cidadãos têm opiniões firmes sobre as questões públicas, mas são tolerantes com seus oponentes. Até mesmo as transações que aparentemente visam ao interesse próprio assumem um caráter diferente quando inseridas num contexto social que promove a confiança mútua. As relações de confiança permitem à comunidade cívica superar mais facilmente o que os economistas chamam de “oportunismo”, no qual os interesses comuns não prevalecem porque o indivíduo, por desconfiança, prefere agir isoladamente e não coletivamente.

Certas estruturas e práticas sociais incorporam e reforçam as normas e valores da comunidade cívica. As associações civis contribuem para a eficácia e a estabilidade do governo democrático, não só por causa de seus efeitos “internos” sobre o indivíduo, mas também por causa de seus efeitos “externos” sobre a sociedade.

No âmbito interno, as associações incutem em seus membros hábitos de cooperação, solidariedade e espírito público. A participação em organizações cívicas desenvolve o espírito de cooperação e o senso de responsabilidade comum para com os empreendimentos conjuntos. No âmbito externo, a “articulação de interesses” e a “agregação de interesses”, como chamam os cientistas políticos são intensificadas por uma densa rede de associações secundárias. Pensadores como Jean-Jacques Rousseau afirmam que numa comunidade cívica as associações de indivíduos que pensam da mesma forma contribui para um governo democrático eficaz, ou seja, o associacionismo é precondição para o governo democrático.

Infelizmente, do ponto de vista da engenharia social, as organizações locais “implantadas” de fora apresentam elevado índice de fracasso. As organizações locais mais bem-sucedidas representam iniciativas autóctones participativas em comunidade locais relativamente coesas. Para Esman e Uphoff, a pobreza e o atraso se devem em grande parte à incapacidade de seus habitantes de agir em conjunto pelo bem comum ou mesmo visando qualquer objetivo que transcenda aos interesses imediatos da família nuclear

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