TEORIA POLÍTICA CONTEMPORÂNEA

Política Contemporânea

1. Introdução

1.  Objetivos

A Ciência Política contemporânea assumiu a incessante tarefa de buscar explicar os fenômenos objeto de seu interesse, não se limitando apenas em descrevê-los. Deixou de lado, portanto, explicações simplistas e passou a considerar em seu universo de análise uma pluralidade de variáveis que agem entre si, de modo a obter uma explicação mais complexa de seu objeto.

A crescente acumulação de dados permitiu à Ciência Política contemporânea um maior rigor na obtenção de resultados, tendências e ainda na elaboração de teorias explicativas da realidade. Dados estatísticos, como os coletados para o presente estudo, constituem uma importante fonte de informações, as quais não devem ser somente descritas, mas também estudadas à luz de variáveis explicativas.

Na tentativa de aplicação deste método, foi realizado um trabalho de campo por alunos de Teoria Política Contemporânea da Universidade de Brasília, no mês de setembro do ano de 2005, sob a orientação do professor Ricardo W. Caldas.Tal trabalho consistiu na aplicação de questionários durante entrevistas realizadas com diversos eleitores do Distrito Federal. As perguntas dos questionários voltaram-se para uma tentativa de obter o perfil político dos entrevistados por meio da captação de suas ideologias, preferências e opiniões, inclusive com relação ao atual governo Lula. No intuito de transcender à descrição dos dados estatísticos coletados, busca-se também na presente análise a explicação de tais fenômenos da realidade.

O presente estudo tem como objetivo geral, portanto, conhecer o perfil do eleitor brasileiro com relação à realidade política do país. Como objetivo mais específico, visa-se analisar o perfil geral dessas pessoas à luz de teorias políticas, ou seja, por meio de uma análise metateórica. A metateoria, ao transcender à teoria, capta as capacidades e as incapacidades de cada uma delas em explicar a realidade. Visa-se observar, portanto, como a teoria pode se adequar à prática.

O estudo se inicia com a exposição da metodologia utilizada na coleta de dados. A seguir, serão explicadas diferentes teorias inseridas dentro de quatro grandes correntes: elitismo, democracia, neo-marxismo e neo-liberalismo. Tais sistemas conceituais têm como objetivo explicar a realidade política, levando em consideração uma grande quantidade de variáveis explicativas. A seguir, tais teorias serão relacionadas aos dados coletados para que possamos, a partir de então, retirar conclusões referentes a esse estudo comparativo.

 

1.  Metodologia

O presente trabalho teve como ponto de partida a coleta de dados que pudessem fornecer informações capazes de responder indagações a respeito da visão que a população possui da realidade política no país. Como a qualidade da pesquisa está intimamente relacionada à qualidade dos dados, a metodologia estatística deve ser aplicada nas diversas etapas da pesquisa, interagindo com a metodologia da área em estudo, ou seja, a política. A metodologia consiste na explicação de toda a ação envolvida no método (caminho) do trabalho da pesquisa.

Após a definição dos objetivos da pesquisa, como já foi feito acima, deve-se decidir sobre as linhas básicas da condução da pesquisa, ou seja, o seu delineamento. Dentre os tipos de pesquisa existentes optou-se pela de levantamento. Essa pesquisa consiste no levantamento de dados a partir da aplicação de um questionário em uma amostra de pessoas. No caso do presente estudo, adotou-se como amostra um grupo de 816 eleitores do Distrito Federal.

A técnica de seleção de uma amostra pode ser feita de duas formas: aleatória e não-aleatória. De modo a representar melhor diversos subgrupos da população, a amostragem utilizada foi não-aleatória, mais precisamente por cotas. Para tanto, dividiu-se a população em diversos subgrupos de acordo com sexo, idade, renda e escolaridade, e selecionou-se para fazer parte da amostra uma cota de cada subgrupo, proporcional ao seu tamanho.

A coleta de dados, por sua vez, foi feita a partir de dados primários, ou seja, dados coletados diretamente da amostra por meio da aplicação de questionários. A coleta não foi feita a esmo, ou seja, foi realizada por pontos de fluxo. Isso significa que foram pré-estabelecidas regiões específicas onde somente dentro delas deveríamos encontrar grupos a serem pesquisados.

A coleta de dados englobou seis regiões, sendo que cada uma delas foi pesquisada por um grupo de estudantes da disciplina de Teoria Política Contemporânea da Universidade de Brasília. No total foram coletados 816 questionários, distribuídos irregularmente entre as regiões de maneira proporcional ao tamanho de suas respectivas populações. Somente foram entrevistados os indivíduos que votam dentro do Distrito Federal, de modo a garantir maior representação da pesquisa.

As seis regiões e suas respectivas cidades-alvo estão listadas abaixo:

Região	Número de Entrevistados por Região
1. Paranoá, São Sebastião, Sobradinho e Planaltina	133
2. Ceilândia Norte e Sul	151
3. Gama, Santa Maria, Brazlândia, Samambaia e Recanto das Emas	178
4. Taguatinga Norte, Taguatinga Sul e Guará	162
5. Núcleo Bandeirante, Candangolândia e Riacho Fundo	33
6. Plano Piloto, Lago Sul, Lago Norte, Cruzeiro, SMU, e etc.	162
Total	819

Depois de recolhidos os questionários, os dados foram inseridos no programa Excel, onde foram construídos gráficos para a melhor visualização dos resultados, que foram analisados e a seguir, comparados com teorias políticas que possuem caráter explicativo, cada uma com sua interpretação da realidade.

1. Desenvolvimento

1.  Teorias Políticas

Antes de serem expostos os resultados da pesquisa realizada faz-se necessário uma explanação de diferentes teorias que buscam explicar a realidade política, cada qual com seus conceitos e abordagens, para que posteriormente possam ser feitas correlações destas com os dados obtidos. Para tanto, analisaremos abordagens do elitismo, pluralismo, neomarxismo e neo-liberalismo, sem deixar de citar autores representantes dessas correntes e incluindo suas visões a respeito de Poder, Estado, Política e Democracia.