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VEIGA - Formação de Professores: Políticas e Debates

Por:   •  18/5/2016  •  Resenha  •  2.446 Palavras (10 Páginas)  •  1.841 Visualizações

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VEIGA, Ilma Passos de Alencastro, AMARAL, Ana Lúcia (org.). Formação de professores: políticas e debates. Campinas, SP: Papirus, 2002. (Coleção Magistério e Formação e Trabalho Pedagógico).

Ilma Passos de Alencastro Veiga, é mestre em currículo, doutora e pós-doutora pela UNICAMP desenvolve estudos e pesquisas nas áreas de didática e pedagogia universitária, formação de professores e projeto pedagógico da educação básica e superior. Doutora em Educação pela Universidade de Stanford na California Ana Lúcia de Amaral é professora de Didática em cursos de graduação e pós-graduação da UFMG, tem se dedicado à avaliação das repercussões pedagógicas das políticas públicas nos diferentes sistemas de ensino.

O livro Formação de professores: políticas e debates está estruturado em duas partes. Na parte I temos três textos que irão abordar questões referentes a Reforma Educacional a partir da LDB com enfoque na formação de professores e a parte II, também composta por três textos, está focada no exercício da profissão do professor ressaltando a construção de sua identidade.

Para abordar As políticas de formação em cenários de reforma Sofia Lerche Vieira, professora titular da Universidade Estadual do Ceará e pesquisadora do CNPq, define como objetivo refletir acerca de algumas tendências marcantes da última década, discutindo seus possíveis impactos sobre a concepção de políticas de formação docente. São balizadores desta discussão, o aprofundamento do processo de globalização, a reorganização das reformas do Estado e o protagonismo de agências internacionais ligadas ao campo educacional.

A política de formação de professores é uma manifestação da política social, esta é a primeira afirmativa da autora, por que esta se apresenta por meio de iniciativas direta ou indiretamente promovidas pelo poder público, ou seja, representam uma luta entre os diferentes grupos não envolvidos diretamente na elaboração oficial da legislação (Ozga, 2000). Desta forma, a política educacional é discutida neste texto como uma reflexão teórica sobre as políticas educacionais.

A autora traça os cenários das reformas educacionais definindo a última década do século XX como palco de vertiginosas transformações, estas tem origem no setor econômico imerso no processo de globalização. Para entender o sentido das reformas é necessário dirigir o olhar para as reformas globais, com este propósito são definidos três elementos centrais destas reformas: a consolidação do processo de globalização, a redefinição das reformas de organização do Estado e o fortalecimento do papel das agências internacionais.

A globalização mudou os fundamentos das relações humanas e da vida social, são novas regras econômicas que fazem o capital circular em tempo real. Neste contexto, temos dois grupos de professores, os que têm conseguido se posicionar neste movimento mais amplo de transformação do mundo, encontrando novas possibilidades de informação e inserção no mercado de trabalho. E os que não têm conseguido se atualizar expressam reações que a literatura tem definido como uma crise de identidade entre o eu real e o eu ideal, surgindo muitas pesquisas sobre o mal-estar docente.

As agências internacionais passam a ser o esteio fundamental destas mudanças, com financiamento destas agências (BID e Bird) e com a contribuição da UNESCO e do UNICEF são elaboradas e implantadas  várias políticas educacionais que envolve investimento financeiro para construção, reforma e aquisição de equipamentos  escolares, formação de profissionais da educação e apoio em pesquisas sobre as novas demandas da educação brasileira. Todo este cenário assinala duas tendências na formação de professores, de um lado a valorização do magistério expresso em vários documentos oficiais e de outro a persistência de políticas que não valorizam a centralidade do papel do professor na tarefa educativa, embora nas agendas pactuadas se afirme que sem o professor a educação pouco pode avançar.

Leda Scheibe é doutora em educação pela PUC/SP, professora vinculada ao Programa de Pós-graduação do CED/UFSC. Neste livro o seu texto versa sobre Formação dos profissionais da educação pós-LDB: vicissitudes e perspectivas é delineado um panorama das reformas educacionais brasileiras que não têm conseguido mudar o cenário da educação de salários aviltantes, precariedade das condições de trabalho e ausência de infra-estrutura  para o exercício profissional. Mas, as reformas têm construído estratégias de redução do conhecimento na formação, a criação de escolas de diferentes qualidades para a formação do mesmo profissional.

Analisando as reformas educacionais no Brasil vemos que nos anos de 1930 a educação e a escola ocupavam lugar de submissão e o papel do professor era na ordenação moral e cívica, na obediência, no adestramento e na formação da cidadania e da força de trabalho necessárias à modernização. Nas décadas de 60 e 70 as agências internacionais e os empresários vincularam a educação para formação do capital humano, preparação de mão de obra para o mercado de trabalho. A Constituição de 1988 vem traduzindo um projeto nacional de educação que serviu de parâmetro para formulação da LDB, não contemplando o rico debate dos anos 80.

Novos quadros teóricos são gerados, amplia-se o conhecimento sobre o trabalho docente, mas não se encontra uma unidade nas diversas teorias construídas, ocasionando uma dispersão.  O professor, então, passa a ser o responsável por todas as mazelas educacionais e este precisa se profissionalizar para dar conta de ser professor. Sendo necessário construir conhecimentos sobre: criança; adolescente; jovens e adultos; conhecimento sobre as dimensões culturais, sociais e políticas da formação; conhecimento sobre a cultura geral profissional; para atuação pedagógica e o conhecimento experimental contextualizado na ação pedagógica. Tudo direcionado para o desenvolvimento de competências, relacionada à uma visão produtivista e pragmatista, educação é confundida com instrução, com preparação.

A legislação atual configurou um quadro de formação de professores em Institutos Superiores de Educação, desresponsabilizando as Universidades de formar professores. O que se caracterizou foi uma formação aligeirada, de caráter metodológico, enquanto as universidades como fizeram desde o período colonial formaria os bacharéis. È apenas com o Parecer do CNE/CP nº9/2001 que apresenta as Diretrizes para  formação de professores da educação básica que a licenciatura ganha identidade, integralidade e terminalidade própria. O objetivo é colocar o bacharelado em pé de igualdade com a licenciatura.

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