Veias Abertas da América Latina - Resenha
Por: Héllen Castro • 11/3/2019 • Resenha • 1.071 Palavras (5 Páginas) • 390 Visualizações
Eduardo Germán María Hughes Galeano, nasceu em Montevidéu, em 1940. Na década de 60, iniciou sua carreira jornalística e, já na década de 70, com a instauração da ditadura no país fora obrigado a exilar-se na Argentina e, posteriormente, na Espanha devido ao caráter crítico e incisivo de suas obras. Galeano recebera diversos prêmios em vida, entre eles o American Book Awards (1989), Prêmio da Liberdade Cultural, da Lannan Foundation (1999) e o Casa de Las Americas (2011). Suas obras, dedicadas a resgatar a memória e interpretar a realidade latino-americana sob uma perspectiva reflexiva, combinam ficção, crônica, história e jornalismo. Foram traduzidas para mais de vinte idiomas e dentre as de maior destaque podemos mencionar: Os dias seguintes (1962), Vagamundo (1973), A canção de nossa gente (1975) e As veias abertas da América Latina (1971), obra a qual a presente resenha se refere.
"As veias abertas da América Latina" foi publicado em 1971, logo obteve êxito em suas vendas e exerce, até os dias atuais, uma poderosa influência no pensamento esquerdista latino-americano. Parafraseando o próprio autor, o maior indicativo do sucesso de seu livro veio das ditaduras, que o elogiaram proibindo-o. As veias tornou-se referência para a compreensão da história da América Latina, pois, entre fatos e relatos, analisa como se construiu a história do continente dentro do contexto da exploração e, posteriormente, do subdesenvolvimento desde sua colonização até os tempos mais recentes, já que desde sua publicação passara por diversas edições. Ainda nas palavras de Galeano, "Em As veias, o passado sempre aparece convocado pelo presente, como memória viva de nosso tempo. Este livro é uma busca de chaves da história passada que contribuem para explicar o tempo presente" (1978).
A obra se divide em duas partes centrais evidenciadas pelo autor: a primeira delas possui um caráter histórico e estabelece uma relação de causa e efeito com a segunda. Em outras palavras, Galeano conta, em linhas gerais, a história da América Latina tendo como eixo orientador o advento da colonização. Depois interpreta como essa dominação se "metamorfizou" e se perpetuou e como a formação histórica influenciou e, acima de tudo, determinou a futura condição de subdesenvolvimento do continente dentro do sistema capitalista e da divisão internacional do trabalho que se inauguraram em meados do século XVIII. Por fim, o autor fornece ao leitor um panorama mais atual da situação latino-americana e suas tentativas de superação dessa condição.
Nas palavras do autor: "Perdemos; outros ganharam. Mas aqueles que ganharam só puderam ganhar porque perdemos: a história do subdesenvolvimento da América Latina integra, como já foi dito, a história do desenvolvimento do capitalismo mundial". Galeano inicia a narrativa histórica resgatando desde o século XV, os ciclos econômicos de exploração que marcaram profundamente a história latino-americana. O autor comenta como os grandes impérios da época construíram suas próprias dinâmicas sociais autonomamente e como tudo se perdeu com a chegada dos colonizadores, como foi o caso de Potosí e Sucre com o ciclo da prata, do nordeste brasileiro com o açúcar, de Minas Gerais com o outro, dentre tantos outros casos citados. Também são analisados os efeitos sociais da dominação e como, em tão pouco tempo, populações e culturas inteiras foram dizimadas com a chegada dos europeus e seus efeitos colaterais, como as doenças. Galeano trata dos movimentos de resistência e seus líderes como o cacique Túpac Amaru do Peru, Hidalgo e Morelos do México, Artigas do Uruguai que, muitas vezes em dentro de uma perspectiva eurocentrista, têm seus papéis reduzidos ou até esquecidos. Inclui também aspectos culturais e religiosos que, a seu modo, contribuíram nessas lutas.
"Frustração econômica, frustração social, frustração nacional: uma história de traições seguiu-se à independência, e a América Latina, despedaçada por suas novas fronteiras, continuou condenada à monocultura e à dependência", diz o autor. No decorrer da leitura, fica evidente o caráter anti-imperialista e anticolonialista com o qual Galeano
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