A Coleção dos Salmos para Davi
Por: Cleber Santos • 12/5/2017 • Monografia • 5.519 Palavras (23 Páginas) • 544 Visualizações
A coleção dos “Salmos para Davi”: temas centrais
Cleber Santos de Lima[1]∗
Resumo
Os “Salmos para Davi” tem papel importante na história de Israel, onde em meio às guerras e conquistas, temos o rei Davi e os salmistas que escreveram para ele se expressando diante dos problemas, das aflições, de situações concretas do cotidiano do povo. A coleção dos “Salmos para Davi” mostra indícios da importância do monarca na tradição e na teologia do Antigo Testamento, uma das intenções deste estudo é identificar e compreender aspectos da teologia davídica. Analisar os Salmos Messiânicos e suas citações no Novo Testamento. Outro elemento importante na coleção é a cidade de Jerusalém, onde temos profetas e salmistas olhando para Cidade Santa em termos teológicos. Fazer uma aproximação sociocultural, política e religiosa do contexto em que eles foram compostos. Esta aproximação é importante para que possamos compreender o lugar dos Salmos na vida do povo e o contexto vivencial em si.
Palavras-chave: Salmos; Davi; Salmos Messiânicos; Jerusalém
Introdução
A presente pesquisa se refere ao livro de Salmos, preferencialmente aos “Salmos para Davi”, que são 74 no total. Relatar uma aproximação geral dos Salmos, como datação, autoria, contexto político, questões sociais, teologia e outros aspectos que possam ser conhecidos a partir dessa coleção.
Descrever a importância do monarca Davi na tradição e na teologia do Antigo Testamento, narrar como na história do povo de Israel os Salmos eram vivenciados no dia a dia, com ênfase na oração, no louvor e nas festas, e como os Salmos faziam parte da comunidade no culto.
Expor alguns aspectos da teologia Davídica, como gêneros literários presentes na coleção dos “Salmos para Davi”. A quem era mais indicado o uso desses Salmos, referindo a sua aplicação na comunidade de Israel na época, definindo os conceitos desses gêneros.
Em segundo plano, produzimos um relato sobre os Salmos Messiânicos, para podermos compreender a sua relação com o povo de Israel e sua aplicação na vida do povo nos dias de hoje.
A presente narração é relevante por que pretende mostrar a centralidade de Jerusalém neste conjunto de salmos, como capital de Israel, centro político-religioso de todas as tribos, sede da monarquia e centro de adoração a Deus em todos os cultos e festividades.
Por fim, fizemos uma aproximação sociocultural, para que possamos compreender o lugar dos Salmos na vida do povo, diante as questões sociais vivenciadas no dia a dia da comunidade dos Israelitas.
Os “Salmos para Davi”
O Livro dos Salmos contém cento e cinquenta poemas de tamanhos diferentes, os quais eram usados pelos hebreus como cânticos litúrgicos. Mais tarde, a Igreja os incluiu na liturgia por serem literaturas de grande força emocional. O livro dos Salmos é uma obra formada por várias composições (cânticos, hinos, lamentações). Estas composições foram escritas por vários autores e em diferentes épocas. Dentre seus possíveis autores, estão Davi, Asaf, Moisés, Salomão, Hemã, Etã e os filhos de Corá. Cerca de um terço dos Salmos são de autoria desconhecida (Bortolini, 2006, p. 11,15).
A designação Salmos provém do Novo Testamento (Lc 20,42; 24,44; At 1,20; 13,33) e remonta à versão grega do Antigo Testamento (Septuaginta). O termo psalmoi provém do hebraico mizmôr, que significa, provavelmente, um cântico para instrumento de cordas. A comunidade judaica chamava os Salmos de tehillim, palavra traduzida por hinos ou livro dos louvores. Outro nome através do qual é conhecido o Livro dos Salmos é, Saltério. Este termo de origem grega (psalterion), nome de um instrumento de cordas que acompanhava os cânticos (Dalbosco, 1997, p. 11,12).
Os Salmos bíblicos foram produzidos num período histórico bastante abrangente, tendo o seu processo de formação durado aproximadamente mil anos, desde Moisés (século 13 a.C.), profeta e legislador hebreu que conduziu os israelitas em sua saída do Egito, até a formação da comunidade pós-exílica sob a liderança de Esdras e Neemias cerca de 430 anos a.C. (Freitas, 2003, p.76).
Há no Saltério uma clara divisão em cinco partes, que são chamadas de “livros”: Livro I (Sl 1-41); Livro II (Sl 42-72); Livro III (Sl 73-89); Livro IV (Sl 90-106); Livro V (107-150). Estas divisões parecem ter sido feitas na compilação do Livro, onde criava uma espécie de Pentateuco da oração (Mendonça, 2012, p.22,23).
O saltério compreende 150 Salmos, cifra escolhida por seu simbolismo. Na realidade, há uma ligeira flutuação: os Salmos 9 e 10 formam um só, como os Salmos 42 e 43; os Salmos 14 e 53 são duplicados; o Salmo 108 é composto de duas metades de Salmos (Salmos 57 e 60) (Mannati, 1987, p. 8).
São 74 os Salmos atribuídos a Davi. Outros autores são: Moisés - Salmo 90; Salomão - Salmos 72, 127; Asafe - Salmos 50, 73, 83; Hemã - Salmo 88; Etã - Salmo 89; Filhos de Coré - Salmos 42, 44 a 49, 84, 85, 87. Os Salmos escritos por Davi ou para ele são setenta e quatro no total: (3-32; 34-41; 51-65; 68-70; 86; 101; 103; 108-110; 122; 124; 131; 133; 138-145).
Conhecer possíveis autores, as várias composições e as divisões do saltério, será um pano de fundo para um futuro aprofundamento do estudo dos Salmos, além de despertar o interesse para temas como oração, louvor, culto e adoração.
Convém dizer que, nos Livros Sagrados, Deus Pai se comunica amorosamente com seus filhos, conversa com eles e, como nos Salmos, proclamam essencialmente as palavras do homem a YHWH, o Deus de Israel. Por isso, os Salmos são, na sua essência, um reconhecimento, em forma de oração e de cântico, deste Deus da Aliança que Israel adora como o Único. Os Salmos são obras poéticas, nas quais se encontram vestígios de sentimentos e de prática religiosa, por meio de palavras e expressões relativas a um ambiente e contexto sociocultural determinado, e por isso, se entendem como uma literatura (Roeland, 2011, site).
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