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Por:   •  14/10/2014  •  4.639 Palavras (19 Páginas)  •  285 Visualizações

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Nesta perspectiva, foi criado o Balanço Social, uma demonstração que permite identificar e demonstrar os impactos recebidos e causados pela entidade em relação à sociedade e ao meio ambiente. O Balanço Social, conforme Tinoco e Kraemer (2004), é um instrumento de gestão informacional que objetiva evidenciar as informações contábeis, econômicas, ambientais e sociais da entidade aos mais diferenciados usuários

Para Kroetz (2000), esse demonstrativo procura não só identificar a qualidade das relações da organização com seus empregados, a comunidade e o ambiente, mas também quantificá-las nos casos possíveis. Figueiredo, Abreu e Casas (2009) também destacam que o Balanço Social fornece informações quantificadas sobre investimentos internos e externos na área socioambiental. Deve representar os recursos e as influências (tanto as favoráveis quanto as desfavoráveis) recebidas e transmitidas pelas entidades nas dimensões humana, social e ecológica.

Na visão de Santos (2007), o Balanço Social tem sido estudado em quatro vertentes: o balanço social, que indica a atividade da empresa em relação aos recursos naturais; o balanço de recursos humanos que evidencia os investimentos em capital intelectual; a demonstração do valor adicionado que indica a contribuição da empresa para o desenvolvimento econômico-social da região onde está instalada, e os benefícios e contribuições à sociedade em geral.

Este tipo de Balanço tem sido adotado em diversos países do mundo inteiro, inclusive como demonstração obrigatória para alguns deles. Apesar de não haver obrigatoriedade no Brasil, esse demonstrativo tem ganhado expressividade no cenário nacional, sendo adotado por um crescente número de empresas. Alguns autores, como Lana et al. (2011), defendem que sua publicação deveria ser obrigatória, uma vez que representa um compromisso da empresa tanto com o governo quanto com os demais indivíduos da sociedade, e tal evidenciação poderia contribuir para a melhoria do bem-estar social.

Para Tinoco (2009), o Balanço Social tem por objetivo ser equitativo e comunicar informação que satisfaça à necessidade de quem dela precisa. Essa é a missão da contabilidade, como ciência de reportar informação contábil, financeira, econômica, social, física, de produtividade e de qualidade. O autor afirma que alguns dos principais usuários do Balanço Social são trabalhadores, acionistas, comunidade local, clientes, sindicatos, instituições financeiras, fornecedores, credores, autoridades fiscais, monetárias e trabalhistas, Estado, pesquisadores, professores e ainda os demais formadores de opinião.

Dessa forma, o Balanço Social é uma realidade do mundo globalizado em busca de melhoria das relações entre os stakeholders. Conforme Lana et al. (2011), esta ferramenta de gestão empresarial é adequada para organizações que não visem apenas obter lucros ou tirar vantagens, mas sim ser mais responsáveis nas esferas comercial e social e contribuir para uma melhoria contínua no ambiente em que se insere.

Outro grande avanço para a evidenciação de informações que pode contribuir para a evolução da questão social é representado pela Demonstração do Valor Adicionado (DVA), que traz divulgações sobre impactos causados pelas empresas na sociedade. De acordo com Ribeiro (2000), informações deste tipo são utilizadas para a avaliação do desempenho da empresa no seu contexto local e de sua participação no desenvolvimento regional. Além disso, servem para estimular ou não a continuidade de subsídios e incentivos governamentais.

Sendo assim, a contabilidade pode contribuir na busca de solução para os crescentes problemas sociais da atualidade, fornecendo importantes contribuições para o desenvolvimento das nações. A DVA torna-se um instrumento importante e muito utilizado pelas organizações no Brasil, principalmente após a Lei 11.638/07, que impõe a obrigatoriedade deste demonstrativo para as empresas de capital aberto.

A DVA informa o valor agregado pela empresa à sociedade e a forma de distribuição desse valor aos diversos agentes econômicos (acionistas, empregados, governo e financiadores), conforme destaca Consenza (2003). Assim, essa demonstração tem por finalidade demonstrar a capacidade de geração de riqueza das entidades e sua distribuição para a sociedade (CORRÊA, 2010)

Para Azevedo (2009), a Demonstração do Valor Adicionado consiste em um poderoso referencial de informações nas políticas de recursos humanos, decisões de incentivos fiscais, auxílio sobre novos investimentos e desenvolvimento da consciência para a cidadania.

Segundo Corrêa (2010), a DVA, importante componente do Balanço Social e atualmente demonstração obrigatória, preenche uma lacuna na contabilidade, que antes se focava apenas informações de natureza econômico-financeira e passa a apresentar, através dessa demonstração, informações de natureza social. O autor destaca ainda que, assim como o Balanço Social, a DVA tem sido incentivada já há algum tempo devido a sua importância socioeconômica.

O incentivo para a divulgação sobre informações sociais é crescente nos últimos anos e o interesse por essa demonstração faz parte deste processo. Para os investidores e outros usuários, ela proporciona o conhecimento de informações de natureza econômica e social, possibilitando melhor avaliação das atividades da entidade dentro da sociedade na qual está inserida. A decisão de recebimento de um investimento, por uma comunidade, pode se fundamentar nessa demonstração, uma vez que esta possui informações não oferecidas nos demais demonstrativos (CORRÊA, 2010).

Santos (2005) esclarece, ainda, que na DVA estão disponíveis, de forma ordenada, informações úteis e necessárias para análises sobre investimentos, concessões de empréstimos, avaliação de subsídios ou definições para a instalação de projetos que possam ter repercussão social, dentre outras.

Destacam-se ainda, como forma de mensuração para as questões socioambientais, os índices de sustentabilidade das bolsas de valores. Já faz parte da rotina dos mercados de capitais internacionais, inclusive o do Brasil, a divulgação do desempenho de índices de ações voltados para empresas que atendem aos conceitos de sustentabilidade empresarial (CAMPOS E LEMME, 2007). Strobel, Coral e Selig (2004) afirmam que os indicadores de sustentabilidade não têm as mesmas características dos indicadores tradicionais que medem o progresso econômico, social e ambiental, pois estes verificam as oscilações destes aspectos de forma independente. Os autores ressaltam que a sustentabilidade requer uma visão sistêmica com indicadores multidimensionais focados nas relações entre economia, ambiente e sociedade.

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