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O Liberalismo E A Igreja: Como A Espiritualidade Pura Deixa O Ego No Comando

Por:   •  27/2/2023  •  Trabalho acadêmico  •  839 Palavras (4 Páginas)  •  87 Visualizações

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O liberalismo e a igreja: Como a espiritualidade pura deixa o ego no comando | David T. Koyzis

Um século atrás, as igrejas protestantes da América do Norte estavam divididas entre aqueles que se esforçavam para defender a integridade confessional de sua igreja e aqueles que acreditavam que certa forma de compromisso com a visão de mundo moderna era inevitável e desejável. Esses últimos ficaram conhecidos como Protestantes Liberais e ganharam notoriedade por negar doutrinas cristãs centrais da fé cristã, como o nascimento virginal, a divindade de Cristo e sua ressurreição dos mortos. Geralmente eles anunciavam a moralidade dos evangelhos ao mesmo tempo em que negavam qualquer coisa que pudesse entrar em conflito com uma visão científica sobre o mundo.

Ainda assim, o liberalismo na religião se refere a mais coisas que a mera negação do miraculoso. Um cristão liberal pode estar desejoso de afirmar que Jesus literalmente andou sobre as águas (Mateus 14.22-33) ou ressurgiu dos mortos. Mesmo assim, ele se dá o direito como indivíduo de aceitar somente aquilo que dê suporte à sua própria experiência de fé. J. Gresham Machen, que foi forçado a combater o liberalismo dentro da própria Igreja Presbiteriana na década de 20 e 30, entendeu muito bem a natureza do individualismo e seu impacto na comunidade cristã maior. Quando os liberais de sua denominação afirmavam aceitar a autoridade de Cristo, era um Cristo refeito à imagem dos preconceitos culturais da época. De acordo com Machen, “A verdadeira autoridade, para o liberalismo, só pode ser ‘a consciência cristã’ ou a ‘experiência cristã’… a verdade será somente aquela que ‘ajudar’ o indivíduo”.

A experiência, é claro, varia de um indivíduo para outro, o que é justamente a principal dificuldade nessa abordagem. Não pode haver uma fé comum professada por uma comunidade de cristãos, onde cada um se advoga no direito soberano de decidir por si mesmo o que ele ou ela irá concordar dentro do depósito maior da fé. É daí que vem a caricatura do clérigo excêntrico e de pouca fé que cruza os dedos atrás das costas enquanto recita o Credo Niceno, apresentando uma máscara de fé enquanto efetivamente nega sua substância.

Existe alguma conexão entre liberalismo religioso e liberalismo político? Há, de fato, e nós já podemos observá-la nos escritos do filósofo político do século XVII, John Locke. Em seu Segundo Tratado Sobre o Governo Civil, Locke conhecidamente afirma que a autoridade política é baseada num contrato social entre os indivíduos, que estabelecem um magistrado civil para proteger suas vidas, liberdades e propriedade. Se esse magistrado civil falha em agir segundo os termos desse contrato, as pessoas podem erguer-se contra ele, naquilo que Locke eufemisticamente chamou de “apelo aos céus”.

Locke não limitou esse contrato social ao estado, mas aplicou-o também à igreja institucional. Em sua Carta Acerca da Tolerância, Locke propõe sua própria definição de igreja: “Tomo uma igreja, então, como uma sociedade voluntária de homens, unindo-se uns aos outros por iniciativa própria com o objetivo de adorar publicamente a Deus da maneira que eles julguem aceitável para Ele, e de maneira eficaz para a salvação de suas almas.” Embora haja muitos cristãos, especialmente aqueles da tradição de igrejas livres, os quais concordariam

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