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O Que é Revelação

Por:   •  19/4/2022  •  Abstract  •  9.153 Palavras (37 Páginas)  •  104 Visualizações

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TRABALHO: MODELO DE FICHAMENTO

REVELAÇÃO

  1. Premissas metodológicas (p.678) 

Teólogos no geral, partindo de pressupostos teológicos, problematizaram a reflexão teológica a respeito da revelação, buscando fontes inexplicáveis. Os teólogos protestantes adotaram uma reflexão condicionada por uma teologia de fé, da existência humana, da história. Já os teólogos católicos adotaram uma reflexão baseada na teologia dialética, da hermenêutica existencial, da teologia da práxis, ao invés de se apoiarem nas tradições bíblicas e patrísticas.

Outros teólogos partiram do fenômeno universal das religiões, em que todas elas se definem como religiões reveladas com modelos semelhantes entre si (mediadores, ritos, instituições). Concluem que a revelação cristã é a forma superior de uma experiência comum.

Enquanto alguns teólogos adotam como ponto de partida cristo, o “ universal concreto”, outros partem para uma “revelação transcendental”, a graça universal da salvação, dada a todos os homens.

E existem teólogos que se apoiam na utilização de termos para tentar definir a revelação. Embora o termo “revelação” (do grego apokalupsis) se tornou termo técnico para designar a auto manifestação e a autodoação de Deus em Jesus Cristo, não é assim nas fontes bíblicas.

No Antigo Testamento observamos a utilização do termo “Palavra” e no Novo Testamento “Evangelho”.

Parar definir “revelação” foram adotados dois critérios de discernimento:

  1. Tradição cristã – A constituição dogmática sobre a revelação divina (Dei verbum) diz que: “ Cristo mediador e plenitude da revelação” (DV 2).
  2. A ação reveladora de Deus que tem como confronto a fé, se exprime em múltiplos conceitos nas sagradas escrituras: Evangelho; testemunho; verdade; pregar; ensinar; crer; mistério; fala; fé.

Os principais critérios utilizados para definir revelação são os: sincrônicos e diacrônicos (sistemática).

  1. Revelação do Antigo Testamento (p. 679)

No AT, a revelação aparece como a intervenção gratuita e livre pela qual Deus se dá a conhecer pela sua palavra e através dos profetas apresenta seu projeto de salvação. Deus faz uma aliança com Israel e com todas as nações, a fim de realizar, na pessoa de seu Filho (o Messias), a promessa outrora feita a Abraão de abençoar em sua descendência todas as nações da terra. Esta ação é entendida como Palavra de Deus, que convida o homem à fé e à obediência: uma palavra essencialmente dinâmica que opera a salvação ao mesmo tempo em que a anuncia e a promete.

O Antigo Testamento (AT) não tem um termo técnico para designar revelação, por isso, utiliza uma linguagem variada. Através de uma multiplicidade de formas, de meios, de termos, essa revelação se apresenta como uma experiência do agir de um poder inesperado, mas sobre-humano, que modifica o curso da história dos povos e dos indivíduos. Essa ação manifesta-se como o encontro de alguém que comunica e alguém que recebe. Em sentido amplo trata-se de um processo de diálogo.

Etapas e formas da revelação (p. 679)

a) Terminologia: Os orientais utilizavam técnicas que possibilitavam conhecer os deuses: adivinhações, sonhos, consultas dos destinos, presságios etc. O AT conservou essas técnicas, desvinculando do politeísmo e a magia, determinando-lhes determinado valor no AT, são utilizados com maior frequência ações de comunicação: dizer, falar e contar.

b)         Revelação patriarcal: A revelação começa a delinear-se com Abraão de os patriarcas. Os relatos patriarcais não são “históricos”. Em um sentido moderno do termo são “relatos populares religiosos” que compartilham a experiência de um Deus específico, a experiência que funda a de Israel como povo crente. Nesta primeira etapa da revelação, Deus se manifestou com sua ação na história: uma ação que é promessa e realização, palavra eficaz que opera a salvação que promete, promessa que corresponde a uma fé obediente.

c)        Revelação mosaica (p. 680): A segunda etapa decisiva da revelação situa-se no êxodo: um evento de salvação, que liberta Israel da escravidão dos egípcios e se reúne a auto apresentação de seu autor. Revelando seu nome a Israel por meio de Moisés, seu mediador, Deus não revela somente que existe, mas que é o único Deus e salvador. As "palavras da aliança" (Ex 20, 1-17) ou as "dez palavras" (Ex 34,28) exprimem o exclusivismo do Deus de Israel e suas exigências morais. Aceitando a aliança, Israel aceita o estilo de vida que corresponde a sua vocação. Através de Moisés, revelou seu Nome e o sentido do evento. Revelando-se primeiro aos patriarcas e depois a Israel como o Deus da história, Ele confere à revelação histórica sua dimensão universal.

d)        Revelação profética: A palavra não é dirigida ao povo diretamente, mas através de "mediadores" (Ex 20,18). Moisés, mediador da aliança e do decálogo, é o protótipo dos profetas (Dt 34,10-12; 18,15-18). Embora Josué já apareça como o confidente e o porta-voz de Jhwh, é só a partir de Samuel (l Sm 3,1-21) que o profetismo se impõe para tornar-se quase permanente, sob uma forma carismática mais do que institucional, até ao século V.

  • Os profetas anteriores ao período do exílio (Amós, Oseias, Miqueias, Isaías) são os guardiães e os defensores da aliança e da lei. Sua pregação é um chamado à justiça, à fidelidade para com Deus.
  • Na reflexão teológica sobre a revelação, Jeremias ocupa um lugar importante ao tentar determinar os critérios da autenticidade da Palavra de Deus: Cumprimento da palavra pelo profeta, a fidelidade a Jhwn e a religião tradicional, e o testemunho do profeta em sua vocação.
  • O Deuteronômio possui duas correntes une a lei ao tema da aliança: legalista (expressão do sacerdócio) e profética.
  • A Literatura histórica (Juízes, Samuel, Reis) é uma história da salvação e uma teologia da história.
  • A profecia de Natã regulamenta a aliança e funda o messianismo majestoso. Na época do exílio, a palavra profética, sem cessar de ser palavra viva, torna-se cada vez mais palavra escrita.
  • As profecias de Ezequiel possuem um tom pastoral. Após a queda de Jerusalém e consequente destruição da nação de Israel, a Palavra de Deus trona-se palavra de conforto e esperança para os exilados desanimados.
  • Ezequiel orienta sobre a importância de ouvir a palavra e colocá-la em prática (Ez 33,31).
  • O Dêutero-lsaías (Is 40—55) destaca a soberania absoluta de Deus sobre a criação que é o fundamento e garantia de sua ação onipotente na história.

A experiência (vocação) do profeta consiste em conhecer a Jhwh, que lhe fala e confia sua palavra; ser chamado a ter uma intimidade especial com Deus, a conhecer seus segredos (Nm 24,16-17), seus projetos (Am 3,7) para tornar-se seu intérprete entre os homens. O profeta tem consciência de que a Palavra está nele, e o que ele fala procede de Deus. O profeta não somente anuncia a história, mas a interpreta. Percebe o sentido divino dos acontecimentos e torna-o conhecido aos homens: interpreta a história do ponto de vista de Deus. Eventos e interpretação são como que duas dimensões da única Palavra de Deus. A história da salvação é um suceder-se de intervenções divinas, interpretadas pelo profeta. Portanto, através dos eventos do Êxodo, interpretados por Moisés, o povo hebreu conheceu Jhwh como Deus vivo, pessoal, único, onipotente, fiel, que salva seu povo e faz aliança com ele em vista de uma obra de salvação comum (Dt 6,20-24).

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