Orientações Práticas De Hermenêutica Para O Entendimento Bíblico
Por: Mauricio Loyola • 2/7/2024 • Resenha • 1.486 Palavras (6 Páginas) • 84 Visualizações
ORIENTAÇÕES PRÁTICAS DE HERMENÊUTICA PARA O ENTENDIMENTO BÍBLICO
GUSSO, A. R. Como entender a Bíblia: hermenêutica: orientações práticas para a interpretação correta das Escrituras Sagradas. 6°. ed. Curitiba: A. D. Santos, 2011. 110 p.
Mauricio Loiola Pinto[1]
Antônio Renato Gusso é Pastor, Professor e Coordenador do Mestrado em Teologia das Faculdades Batista do Paraná e autor de dezenas de artigos e livros importantes dentro da área hermenêutica. Em sua vasta formação destaca-se o Mestrado (1996) e Doutorado (2003) em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, Mestrado (2005) e Doutorado (2007) em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, Pós-doutorado em Teologia pelo programa de Estágio de Pós-Doutorado da Escola Superior de Teologia (2011). Atualmente também exerce o cargo de: Membro do Conselho Editorial das revistas Via Teológica, Batista Pioneira, Presente Diário, e do Jornal O Batista Pioneiro. Membro do Conselho Científico da Revista Pistis & Praxis (2014-2016), do PPG em Teologia da PUCPR. Parecerista da Horizonte: Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião, da PUC Minas.
Este é um livro que aborda um tema importante para Igreja e para todos os cristãos que desejam entender melhor a Bíblia. Em quinze capítulos o autor promoveu de forma clara e democrática uma síntese dos principais procedimentos hermenêuticos para interpretação bíblica, atingindo tanto a acadêmicos como a leigos. Alguns exercícios didáticos no livro ajudam o leitor a analisar e compreender os contextos bíblicos por meio de técnicas de interpretação.
Em seu primeiro capítulo de introdução, o autor, ao mesmo tempo em que evidencia a importância do direito individual de interpretação bíblica também alerta para os cuidados e responsabilidades em que se tem que ter nessa busca. O autor mostra que muitas vezes a interpretação de um texto bíblico é somente uma opinião pessoal equivocada, longe da interpretação correta a que o texto original se propõe.
No segundo capítulo, “Pedir constantemente a orientação divina”, o autor esclarece sobre os três pontos de vista em relação à interpretação bíblica: Uma que afirma que somente especialistas podem interpretar a Bíblia, outra; que todos podem interpretar como quiserem; e a mais sensata, que subdivide os textos Bíblicos em partes: quase impossíveis de se interpretar; partes entendíveis a partir de uma preparação; e partes muito fáceis. Neste processo, usando como exemplo a passagem do etíope e Felipe em Atos 8.26-40, o autor demonstra a importância do cristão em pedir orientação a Deus para a boa interpretação da Palavra.
No capítulo três, “Abordar todas as passagens com humildade”, o autor deixa claro que a humildade é o caminho para o entendimento, e que a falta deste requisito leva a ignorância. Citando as passagens de Mateus 6.25-34 e Apocalipse 3.20 o autor mostra como muitos textos mal interpretados e usados de forma errônea pela igreja podem causar ignorância e tolhimento das verdades bíblicas, deixando claro que somente com uma mente humilde que questiona conceitos preconcebidos em busca da verdade contextual pode libertar-se dos erros interpretativos.
No quarto capítulo, “Observar o texto com muita atenção”, o autor instrui quanto à importância de se ler com atenção e ter “espírito” crítico para se ter uma interpretação plausível do texto em seus vários pontos de vista. Para isso algumas observações se fazem necessárias, tais como: entender o texto em seu contexto temporal, lê-lo em outras versões se possível no original, entender por meio de um dicionário palavras incognoscíveis e verificar palavras-chave no texto que dê entendimento ao assunto central. Um exercício é dado sobre essa questão.
Aqui no capítulo cinco, “Observar o contexto com muito cuidado”, uma frase pode sintetizar a preocupação do autor, “um texto fora de seu contexto vira um pretexto!” Este hábito que atinge tanto cristãos leigos como pregadores com formação teológica se da a partir da não observância e relevância de versículos ou textos em consonância com o mesmo que estejam anteriores ou posteriores a ele, como se Bíblia fosse uma “caixinha de promessas”. Os contextos a serem observados podem ser Imediatos: capítulo ou passagem, Próximo: livro bíblico, ou Geral: a Bíblia. O autor cita vários exemplos referentes a este tema.
No capítulo seis, “Descobrir o pano de fundo da passagem”, o autor dá ênfase à boa interpretação que considera os elementos pelo qual o texto está inserido, como: quem foi o autor da passagem, em que situação foi produzido o texto, em qual período histórico viveram os personagens e em qual a situação política, religiosa, econômica, social e geográfica o texto foi escrito. O autor exemplifica com uma análise de contexto do texto de Amós. 4.1.
No sétimo capítulo o autor procura, “Identificar os tipos de literatura”. Desta forma se pretende que o leitor possa ter uma interpretação mais próxima da realidade em que o texto bíblico foi escrito. Na Bíblia pode se encontrar: relatos históricos; poesias; alegorias; parábolas; provérbios; oráculos; leis; sermões; orações; cartas; cânticos; visões; literatura apocalíptica entre outras. A não observância da forma literária de um texto pode mudar totalmente seu sentido como mostra o autor nesse capítulo a partir de alguns exemplos.
No capítulo oito, “Não interpretar passagens figuradas como literais e vice-versa”, trata do alerta quanto ao fato de alguns intérpretes fecharem os olhos em relação a estas diferenças. O autor exemplifica como passagens bíblicas alegóricas interpretadas de forma literal e vice-versa podem se tornar aberrações interpretativas, principalmente em relação aos números. Outra questão tratada nesse capítulo é que nem tudo que é figurado é alegórico. Lucas 19.40 é colocado como exemplo deste caso.
No nono capítulo “Descobrindo os diversos significados de uma palavra”, o autor alerta quanto à falsa interpretação que pode ocorrer devido ao procedimento de buscar o significado de uma palavra de um texto em outro texto, pois muitas palavras iguais em contextos diferentes possuem significados diferentes. Alguns exemplos sobre o assunto é dado pelo autor.
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