Rituais Indígenas Brasileiros

ZANNONI, Claudio. Rituais de iniciação Tenetehara. In: Carvalho. S.M.S.(org.). Rituais Indígenas Brasileiros. São Paulo. CPA: 1999.

O antropólogo Claudio Zannoni inicia seu texto explicando que os Tenetehara são povos de Língua Tupi, que habita o Estado do Maranhão, localizado na região Pré-amazônica maranhense. O autor utiliza em toda a sua escrita a denominação Tenetehara para se referir ao grupo indígena do Maranhão, que são conhecidos também como Guajajara. Esta provavelmente foi uma denominação dada a esses povos por outra etnia indígena, enquanto aquela é uma autodenominação, que significa “gente verdadeira”. Alguns autores utilizam também a denominação Tentehar ou Tenetehar. Os termos variam de acordo com a pronúncia da região que foram realizados os estudos.

Segundo Zanonni(1999) a vida dos Tenetehara é marcada por fases bem definidas. Utilizando a metáfora de Van Gennep(1978), o autor compara a sociedade indígena a uma casa com vários cômodos, onde as pessoas circulam em consonância com os rituais, que acompanham as mudanças de lugar, posição social, idade. Para passar de uma etapa a outra são necessárias formalidades e cerimônias.

Há diferentes sentidos para ritos de iniciação e ritos de puberdade. No caso das meninas Tenetehara o autor explica que os ritos se iniciam com a chegada da primeira menstruação, enquanto que para os rapazes são realizados quando chegam à idade adulta. No entanto, há ritos de puberdade fisiológica que coincidem com os ritos de iniciação. E assim o autor explica que o rito de iniciação feminina representa:

O ritual por excelência dos Tenetehara[...].Iniciam com a primeira menstruação; prossegue com a preparação física e psicológica adolescente[...] e termina quando a jovem é apresentada à sociedade( ZONONNI,1999, p. 21).

Claudio Zannoni explica detalhadamente cada etapa do ritual em tópicos, que é marcada com a chegada da primeira menstruação da menina.

Ritual da primeira menstruação:

Inicia com a notícia para a aldeia. Segundo Zannoni(1999) a primeira que deve saber é a mãe da menina. Neste dia a notícia é dada a todos os parentes na aldeia. Então a moça deve ter o corpo pintado com a tinta do jenipapo. O antropólogo conta que: “os parentes coletam o Jenipapo para a avó preparar o suco para pintar a moça( ZANNONNI, 1999, p. 21). A moça deve ser colocada numa tocaia, para então dar início à pintura do corpo. Em seguida toda a família da adolescente deve pitar-se também.

Durante seis dias ela deve ficar no quarto escuro. O autor descreve:”durante esse tempo ela não pode tomar banho, porque o espírito da água, Iwàn, gosta, particularmente de moço pintada e pode levá-la (ZONNONI, 1999, p. 22). Nesse período ela pode receber visitas, mas não podem conversar alto nem rir porque isso influencia na personalidade da moça.

No ultimo dia que a menina fica na tocaia, a aldeia é avisa de que na madrugada seguinte encerra o resguardo da moça. Na madrugada, por voltadas quatro horas ela é convida a sair da tocaia e um idoso grita anunciando sua saída. Ela segue então diante da aldeia para um banho de purificação.

A mandiocaba

O autor explica que essa fase é marcada por uma dieta alimentar rigorosa, e inicia após um mês que a menina saiu da tocaia. A moça deve ser pintada novamente. Após isso a moça de servir o mingau de mandiocaba aos parentes. E Acontece a primeira cantoria.

Ritual de apresentação

Neste tópico o autor explica que o ritual de apresentação das meninas é também conhecido como Festa do Moqueado, devido ao modo de preparação das carnes que são distribuídas na festa. É o ritual de encerramento da iniciação da menina indígena e apresentação dela à comunidade.

A escolha dos cantores é um momento importante na organização da festa. Zannoni(1999) acrescenta que o cantor é quem convoca a primeira reunião, com muita antecedência, para decidirem sobre o ritual e o tempo certo para sua realização. Enquanto isso, a avó das meninas preparam as roupas e os acessórios que elas devem usar na cerimônia. A quantidade de animais que serão abatidos também é planejada para que não haja desperdício e matanças desnecessárias.

Zannoni(199) relata que no dia da festa, enquanto as meninas se preparam