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Sociedade E Movimento

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Por:   •  31/8/2014  •  734 Palavras (3 Páginas)  •  387 Visualizações

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O QUE FAZ O BRASIL,

BRASIL

?

A identidade nacional no mito fundante do Brasil

Adilson Schultz

Essa aula tem o título inspirado na

obra do antropólogo Roberto DaMatta

(

O que faz o brasil,

Brasil?

) e na obra da filósofa Marililena Chauí (

Brasil: o mito fun

dador

). Segundo DaMatta, o Brasil

assim como todas as nações do mundo

-

tem coisas que marcam a nossa identidade de forma indelével

e nos fazem

brasileiros

. Já segundo Chauí, essa identidade de povo brasileiro espelha

-

se naquilo que foi

feito do país já

quando de seu descobrimento/invasão pelos europeus há cinco séculos, nosso ‘mito

fundante’. Olhando para essas duas contribuições teóricas tem

-

se uma visão ampla da hist

ó

ria da

sociedade brasileira e seus movimentos sociais.

Um mito fundante é uma narrativ

a carregada de sentido da qual a sociedade lança mão para

explicar sua condição histórica. É um mito carregado de elementos políticos, religiosos e filosóficos. Foi

estabelecido no contexto do descobrimento ou da invasão do Brasil pelos portugueses em 1500

.

Segundo Chauí, esta narrativa, embora elaborada no período da conquista, não cessa de se

repetir porque opera como nosso mito fundador. Mito no sentido antropológico: solução imaginária

para tensões, conflitos e contradições que não encontram caminho par

a serem resolvidos na realidade.

Mito na acepção psicanalítica: impulso à repetição por impossibilidade de simbolização e, sobretudo,

como bloqueio à passagem à realidade. Mito fundador porque, à maneira de toda ‘fundatio’, impõe um

vínculo interno com o p

assado como origem, isto é, com um passado que não cessa, que não permite o

trabalho da diferença temporal e que se conserva como perenemente presente. Um mito fundador é

aquele que não cessa de encontrar novos meios para exprimir

-

se, novas linguagens, nov

os valores e

id

e

ia, de tal modo que, quanto mais parece ser outra coisa, tanto mais é a repetição de si mesmo.

Em certo sentido, o Brasil foi culturalmente “inventado”, e não descoberto: o referencial

ideológico

-

político português

-

europeu foi transplantado

para o Brasil e tem se perpetuado como

referencial mítico que marca e determina o país política e religiosamente até os dias de hoje.

A elaboração da matriz teológico

-

ideológico

-

política desse mito fundante tem quatro elementos

constituintes que se entrec

ruzam. Os quatro elementos aparecem de forma simultânea e difusa na

cultura nacional, tanto ao longo da história quanto nas relações e produções pessoais e coletivas do

Brasil atual, inclusive na religião

e nos processos políticos do país. Vejamos os quatr

o elementos:

Primeiro

elemento do mito fundante do Brasil

é

a

visão do paraíso. Repetido e enunciado

continuamente, remete à visão idílica descrita pelos descobridores, comparando o Brasil ao Paraíso na

Terra. A natureza é exaltada ao extremo como pura e a

miga e os indígenas são apresentados como

dóceis e inocentes. A carta de Caminha transcreve isso em perfeição quando fala das propriedades do

solo brasileiro: “Em se plantando tudo dá!”

Mas qual o problema dessa visão idílica do Brasil? “Essa produção míti

ca do país

-

paraíso nos

persuade de que nossa identidade e grandeza se encontram predeterminadas no plano natural: somos

sensíveis e sensuais, carinhosos e acolhedores, alegres e

, sobretudo,

somos essencialmente

...

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