Cobntribuições de Paul Singer para a Geografia Urbana
Por: Geo Licenciatura • 7/2/2017 • Resenha • 2.952 Palavras (12 Páginas) • 523 Visualizações
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Disciplina: Educação Inclusiva | Curso: Geografia Licenciatura 2014/1 |
Docente: Aline Castro | Discente: Caroline Oliveira A. |
RELATÓRIO DE LEITURA
O Conceito de preconceito
O texto foi escrito por Jose Leon Crochik em 1995.
O tema central do texto fala sobre alguns conceitos de preconceito, como cultura, tabus, estereótipos, razão, ideologia, etc, e como porque o preconceito se desenvolve nos indivíduos.
A principal hipótese do texto é produzida a partir de um olhar sociopsicológico sobre o indivíduo e a sociedade, o preconceito é entendido como resultado do processo de socialização, onde sofre alteração ao longo do tempo, em função das diferenças culturais e dos condicionantes históricos. Segundo Crochik, o individuo é fruto da cultura. Portanto, em seu processo de socialização, o indivíduo, desde que nasce e é inserido nas diversas agencias de sociabilidade, é impelido a incorporar estereótipos produzidos e fomentados pela cultura cujo objetivo é manter a divisão de trabalho. Sendo assim, Crochik afirma que a forma mais característica do sujeito se relacionar com a sociedade é por meio do estereótipo, entendendo este como um elemento do preconceito. O estereótipo é um produto de nossa cultura que se relaciona com mecanismos psíquicos infantis, quando do seu processo de diferenciação com o mundo externo.
O preconceito, que não é inato e que tem como um de seus elementos o estereotipo, é uma ilusão que pode ser adquirida antes de qualquer experiência tida pelo individuo como mecanismo de defesa. Além disso, independe das características do objeto e diz mais respeito às necessidades do preconceituoso do que às características do objeto. Como produtos culturais, os estereótipos, são preconceitos que fazem parte da ideologia e que, por vezes fornecidos pela ciência, servem como justificativa para a dominação de determinadas classes sociais sobre outra, além disso, a que se dá sobre a própria natureza.
A sociedade atual vem exigindo dos sujeitos um crescente processo de adaptação ao real em face da necessidade de lutar cotidianamente pela sobrevivência, o preconceito, enquanto mecanismo psíquico, tem surgido como resposta aos conflitos presentes nessa luta. Assim, o preconceito não está somente ligado aos aspectos do objeto fruto do preconceito, mas tem profunda relação com as necessidades que se encontram no sujeito preconceituoso.
O autor ainda difere preconceito do pré-conceito, que é uma ‘generalização com base em experiências incompletas que permite não ter de repensar as situações similares aquelas já vividas, representa uma economia de esforços intelectuais’’ o pré-conceito seria então, uma parte do preconceito. Para Crochík (1997), todo conceito só é possível mediante a experiência que engloba elementos preconcebidos, não existindo experiência pura. Conceituar o preconceito por meio dos pré-conceitos existentes implica discriminar estes daquele para que os pré-conceitos não sejam reduzidos ao preconceito, e desconsiderar os pré-conceitos é impedir o conhecimento. No entanto, o preconceito, em vez de ser o alicerce da razão do conceito, pode ser considerado um preconceito, tendo as seguintes características: pensar estereotipado; ausência da experiência; falta de tensão entre o objeto e o conceito que era o sinal do pensamento iluminista.
Para Crochík (1995, p. 33), a ideologia é uma maneira de justificarmos a dominação:
[...] a ideologia é um produto cultural que encobre a dominação
desnecessária para a autoconservação da humanidade e, como se exerce na forma de dominação (da consciência e da vontade humanas), se contrapõe a uma consciência crítica que denuncia a cisão entre a forma pela qual os homens se organizam e as suas necessidades.
A cultura necessita da ideologia para sua manutenção. Para o autor, a proposição da educação que objetiva a constituição do indivíduo por meio da introjeção de ideais ou de valores sem que eles possam ser pensados, propicia a criação de mecanismos psíquicos que o mantém em um estágio de menoridade social ou infantil e com isso, alimenta o desenvolvimento do preconceito.
A minha opinião sobre as teses apresentadas no texto é que diante da discussão da leitura, com a experiência da realidade, no processo socioeducativo, devemos ter cuidado para que o processo de inclusão não incorra em retrocessos: sem a adesão consciente, livre e refletida dos adolescentes e dos profissionais envolvidos, não há proposta socioeducativa que
possa ser bem-sucedida. A crítica deve estar no cerne da nossa práxis, do nosso confronto com a realidade. Resta-nos pensar sobre o adolescente com sua história, denunciando, de modo contínuo, a gênese da exclusão e do preconceito. Além disso, não podemos remeter ás questões que devem ser discutidas no âmbito público: os verdadeiros problemas se tornam invisíveis, encobrindo uma realidade socioeducativa divorciada das demais políticas públicas, convertendo o indivíduo em objeto de si próprio. As contradições permanecem e o importante é tomarmos consciência delas para que visualizemos o duplo do adolescente que cumpre medidas socioeducativas. De um lado, a negação da identidade e da subjetividade do adolescente (concebidas como um mundo interno que se opõe ao mundo externo, mas que só pode constituir por meio deste), culmina em uma série de pré-conceitos fundados em concepções alimentadas por sentimento de vitimação e de impotência, negando sua potencialidade. De outro, o preconceito em relação ao adolescente absolutiza o ato de infração cometido, na família, na escola e na sociedade em geral.
Os nexos entre o Texto e a disciplina é que se a formação do preconceito se dá como resultado do processo de formação do indivíduo, a educação, como uma das instâncias formadoras da nossa sociedade, assume um papel importante na luta contra o preconceito. Mas, como critica Crochik, se a educação visar apenas a introjeção de valores e conhecimentos sem que esses valores e conhecimentos possam ser refletidos pelos sujeitos, então, ela estará favorecendo muito mais a constituição de mecanismos psíquicos, os quais mantém o indivíduo num estágio infantil, ou de menoridade social. Assim, como nos instiga Crochik, uma educação que se volta para atender, prioritariamente, as necessidades do mercado de trabalho, o qual, face às mudanças tecnológicas e organizacionais, vem formando pessoas para um mercado que tem necessitado cada vez menos de pessoas para produzir, coloca, ainda mais, o sujeito numa situação de conflito interno e externo e, de outro lado, aquilo da educação que vai além de sua dimensão mercadológica. Com essas reflexões Crochik traz uma discussão extremamente provocativa para todos nós, não só para os educadores, mas para a sociedade em geral, pois trata de temas que diz respeito a nós próprios.
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