Economia solidária- Entrevista com Paul Singer.
Por: stefany.navarro • 10/12/2015 • Seminário • 4.562 Palavras (19 Páginas) • 556 Visualizações
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
ECONOMIA SOLIDÁRIA
Brasília, 21 de Novembro de 2014.
ECONOMIA SOLIDÁRIA: Entrevista com Paul Singer.
Seminário de Trabalho e Sociabilidade, apresentado na Universidade de Brasília, acerca do texto Economia Solidária: entrevista com Paul Singer de Paulo de Salles Oliveira.
Brasília, 21 de Novembro de 2014.
INTRODUÇÃO
O trabalho trata-se de uma entrevista baseada na economia solidária, concedida por Paul Singer a Paulo de Salles Oliveira. Paul Singer, professor aposentado da Faculdade de Economia e Administração da USP e titular da Secretaria Nacional de Economia Solidária. Paulo de Salles Oliveira, professor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP, e autor de Cultura solidária em cooperativas. Projetos coletivos de mudança de vida, no dia 23 de setembro de 2007.
Economia solidária:
ENTREVISTA COM PAUL SINGER
O texto a seguir se trata de uma entrevista baseada na economia solidária, concedida por Paul Singer a Paulo de Salles Oliveira. Paul Singer é professor aposentado da Faculdade de Economia e Administração da USP e titular da Secretaria Nacional de Economia Solidária e Paulo de Salles Oliveira é professor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP, e autor de Cultura solidária em cooperativas. Projetos coletivos de mudança de vida, no dia 23 de setembro de 2007.
Paulo de Salles Oliveira começa questionando sobre o que é a economia solidária e Paul Singer responde que diferente de acreditar que a economia solidária é um modo de produção baseado na igualdade, ela na verdade é baseada na igualdade de direitos. A ideia central da economia solidária é que os meios de produção pertencem coletivamente aos que trabalham com eles. Tem como princípio a autogestão que significa que cada membro tem direito a um voto que vale como o de todos. Caso seja uma pequena cooperativa, não existem funções diferentes. Porém, quando se trata de algo maior, é necessário um presidente, tesoureiro, entre outras funções especializadas. Mas essas funções precisam fazer o que é necessário e da vontade do coletivo, e caso não façam, o coletivo as substituem.
Quando questionado sobre a maior importância da economia solidária para a sociedade brasileira, Paul Singer diz que a economia solidária prova que não é necessária a alienação do trabalho como uma empresa capitalista faz. Uma empresa capitalista lida com a ideia da meritocracia, onde quem decide é o dono, depois seus gerentes e a maioria dos trabalhadores não possuem nenhum poder. A lógica é que deve se ocupar os maiores cargos os que são mais capazes e já que se trata de livre mercado, todos podem participar da competição, desde que tenha capital para isso. Logo entendem que se a pessoa não tem capital, isso apenas mostra que ela não é capaz. Essas pessoas ocupam tarefas não tão importantes e que podem passar a vida toda nelas, não ajudando no seu desenvolvimento enquanto seres humanos. O trabalho deveria significar crescimento e amadurecimento, é isso o que a economia solidária oferece sem diferenças de classe. Uma forma dos trabalhadores das empresas capitalistas passarem para a economia solidária é quando uma empresa ou negócio falham e os trabalhadores, de forma coletiva, responsabilizam-se por ela no formato de cooperativas. O negócio então sai de um estado de irresponsabilidade para uma nova forma de gestão, a qual todos têm responsabilidades por ela porque caso esta não ganhe, eles também não ganham. Mesmo correndo o risco de falhar e de ter prejuízos, os trabalhadores preferem continuar com o estilo de autogestão na economia solidária do que trabalhar em uma empresa capitalista, pois aquela é uma experiência libertadora.
As cooperativas são marcantes na economia solidária, porém no Brasil existem cooperativas que são apenas de fachada. Sabendo disso Paul Singer responde sobre a diferença entre as cooperativas de economia solidária e as cooperativas de fachada. E ainda fala sobre a proporção em que elas existem no Brasil.
A chamada cooperativa de fachada é na verdade o que é conhecido por coopergatos, que tem em maior quantidade porque, de acordo com a legislação brasileira, cooperativas são grupos de trabalhadores autônomos que não necessitam se responsabilizar pelos ganhos, direitos sociais e direitos trabalhistas de seus próprios sócios e empregados. Porém existe o projeto de Lei n.7.009 de 2006 do presidente Lula, que garante todos os direitos aos sócios e trabalhadores das cooperativas, aguardando aprovação. Essas cooperativas se tratam de empreendimentos capitalistas que seduzem empresários a transformar seu negócio em pseudocooperativa e reduzir seus gastos de forma considerável. Assim, a empresa demite todos os seus trabalhadores pagando seus direitos e avisam que podem continuar na empresa ganhando o mesmo salário, só que estes não sabem que não vão continuar com seus direitos. Uma tendência triste das cooperativas formadas por trabalhadores sofrem com falta de capital e sem conseguir muito espaço nos mercados. É difícil saber a comparação de cooperativas de fachada e cooperativas de economia solidária, segundo o último mapeamento exposto na entrevista, foi levantado um número de 22 mil cooperativas de economia solidária.
Há também os chamados “Clubes de trocas” e sobre isso Paul explica o que é e como funciona, porque ele existe e qual sua importância.
“O clube de troca surgiu em situação de crise em vários lugares da América do Norte e Ilha de Vancouver, onde a população trabalhava nos lugares em que fecharam e ficaram todos sem trabalho. Foi quando um Inglês teve a ideia de fazer um grupo de trocas onde fazem o seu trabalho um para o outro a fim de garantir as necessidades de todos. E para fazer as trocas era preciso estipular preços e criar uma moeda específica para isso. Foi chamado de LETS. Porém foram os argentinos que criaram os clubes de trocas que é conhecido hoje, em 1990 quando estavam em crise. Como o neoliberalismo gera muita crise, desemprego e exclusão social, o clube de trocas ou LETS ganharam expansão em vários países, inclusive no Brasil. Eles se encontram uma vez por mês, expõe suas necessidades ou serviços e então entram em processo de troca. Para fazer a estipulação do valor e sobre as moedas seguem essas ‘regras’:
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