Os Interesses do Turismo

Joffre Dumazedier  apresentou as seguintes atividades relacionadas ao lazer: jogos (cultura popular nascida no lazer), ler livros, ir ao cinema (imaginário), ler jornais (informação desinteressada), ir a cafés (botecos), participar de organizações recreativas e educativas. Dumazedier ainda apresenta o conceito de Semilazeres, ou seja, atividades que trazem prazer ao individuo e têm uma certa obrigatoriedade ou um fim que não a atividade em si, como cuidar do jardim de casa, pequenos reparos. Sendo assim o autor classificou cinco conteúdos culturais das atividades de lazer, de acordo com o interesse que estimula as pessoas a procurarem tal prática, ou seja,  Dumazedier tentou explicar os interesses de lazer das pessoas classificando-os em:

-Interesses artísticos: estão associados às imagens, emoções e sentimentos. Exemplos: cinema, teatro, dança, etc.

-Interesses intelectuais: está ligado ao ato de raciocinar. Esse grupo de interesse pode intervir em outros interesses. Exemplo: jogo de xadrez,  palestras, cursos, etc.

-Interesses físico-esportivos: ligados a praticas esportivas em geral e atividades relacionadas com o movimento ou o exercício físico. Exemplo: caminhadas, corridas, etc.

-Interesses manuais: capacidade de manipulação de objetos e produto. Exemplo: artesanatos, culinária, hobbies em geral, etc.

-Interesses sociais: a motivação central é o de contato face a face, quando se procura o relacionamento. Está também presente em outros grupos de interesses. Exemplo: bailes, festas, etc.

Luiz Octavio de Lima Camargo, acrescentou e complementou a lista proposta por Dumazedier, classificando em seis as atividades de lazer, ou seja, propôs um novo conjunto de interesses culturais do lazer: -Interesses turísticos. Como características desse conjunto tem-se a volta a quebra na rotina temporal ou espacial, e o contato com novas situações e pessoas, viagens e passeios. Complementando esta classificação de Camargo, Giseli Mara Schwartz recentemente  chamou de Interesses Virtuais. As informações das atividades deste grupo é por meio da internet, por vias eletrônicas. Exemplo: MSN, jogos, e-mails, etc.

Ao se trabalhar com lazer leva-se em consideração os limites desta classificação, pois a escolha das pessoas nem sempre são explicitas totalmente e menos ainda modulado por um único interesse. Victor Andrade de Melo (2004, pg. 52) faz um alerta sobre isso quando dá um exemplo típico de alguém que resolve ir ao cinema. O individuo não o faz pensando que isso estará mobilizando um  único tipo de interesse, no caso o artístico, e nem descarta o fato desse ato pertencer a outros interesses. O autor considera  que a ação humana é complexa demais para caber em limites rígidos de categorias, mas não significa que a classificação seja ineficaz, deve-se usá-la como um guia para nossas intervenções.  Para Marcelino (1996), o que se pode perceber é uma restrição das pessoas em suas atividades de lazer a um único campo de interesse. Não por falta de opção, mas por não terem um conteúdo mais abrangente. Lee e Bhargava (2004) classificam o lazer em três categorias, as de lazer ativo, lazer passivo e atividades sociais. A primeira esta relacionada a atividades que exigem um esforço físico ou participação ativa do indivíduo, como praticar esporte, fotografar ou pescar.  Já o lazer passivo,  às atividades voltadas a recreação, que não exigem um esforço físico ou participação ativa do indivíduo – o principal exemplo desse tipo de atividade é assistir à TV.  Por fim, as atividades sociais englobam ir ao teatro e ao museu, freqüentar eventos esportivos, bem como freqüentar festas ou socializar em bares ou restaurantes. Percebe-se, assim, que este terceiro tipo de lazer envolve um contato social.  A classificação de seis categorias das atividades de lazer, faz compreender melhor a classificação de Lee e Bhargava (2004), entretanto, é importante considerar  o aspecto subjetivo relacionado à prática, por exemplo, levar o cachorro para passear pode ser atividade manual (cuidado com o animal), físico (é uma possibilidade de praticar uma caminhada) e/ou social (é uma fonte de contato com outras pessoas, que estejam levando seus animais para passear ou não). Sendo assim, há a necessidade de se conhecer  os limites desta classificação.