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A Antropologia e Arte

Por:   •  22/9/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.906 Palavras (8 Páginas)  •  175 Visualizações

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“The Starry Night” – Vincent Van Gogh

Catarina Lemos – Nº94092 | Licenciatura em Antropologia - Turma CI-ECSH 1 – UC de Antropologia e arte | Docente: Filipe Verde | 1 junho 2021 | Ano Letivo: 2020/2021

Introdução

Nos últimos anos a relação entre estética, arte e antropologia voltaram a ser assunto de debate. Aqui vou abordar essa relação, e como tem tido impacto na análise de obras de arte, analisando a obra de Vincent Van Gogh, “The Starry Night”, pintada em 1889, utilizando também o conceito de estética, e obra de arte de Heidegger, e o conceito de arte proposto pelos autores Howard Morphy e Henry Perkins.

For my part I know nothing with any certainty, but the sight of the stars makes me dream.

        Vincent Van Gogh

“The Starry Night” da autoria de Vincent Van Gogh, do ano 1889 é uma pintura de óleo sobre tela. Pertence ao movimento pós-impressionista e o local onde o autor a pintou foi Saint-Rémy-de-Provence, em França. Esta obra é atualmente considerada uma das maiores realizações artísticas de Van Gogh, e é também uma das mais reproduzidas no mundo artístico. É uma obra reconhecida mundialmente, e atualmente encontra-se no MoMA (Museum of Modern Art), em Nova Iorque.

Van Gogh criou “The Starry Night” em 1889, apenas alguns meses antes do seu falecimento. Ao longo da sua vida, ele lidou sempre com a depressão, e por vezes tinha surtos psicóticos e alucinações que o fizeram temer pela própria estabilidade mental. Num desses episódios, Van Gogh acabou mesmo por cortar parte da sua orelha esquerda. Foi passado uns anos que decidiu então internar-se num asilo psiquiátrico na pequena cidade de Saint-Rémy-de-Provence, em França, numa altura em que o seu comportamento era particularmente errático devido aos vários ataques e surtos que tinha. Acredita-se que a obra que aqui vou analisar representa a vista da janela do seu quarto no asilo. No entanto, esta não foi a única pintura com o tema da noite, pois existem outras antes feitas com esse tema.

“The Starry Night” foi a pintura que realizou o desejo de Van Gogh de pintar através da imaginação, e por isso foi também a pintura que melhor pode explicar o valor emocional desta obra em relação a outras. O céu noturno do artista está repleto de energia e contrasta bastante com a vila silenciosa em baixo. A cidade que está descrita na pintura é algo inventada e a torre da igreja lá representada evoca a terra natal de Van Gogh, a Holanda.

Nesta obra, “The Starry Night”, Van Gogh transmite o seu estado psicológico através do movimento das pinceladas e do dinamismo criado por elas, algo nunca antes feito. No entanto, há ainda quem pense que a pintura é um “grito” de rebelião. Mas olhando mais de perto e analisando ao detalhe, percebe-se que nada foi feito aleatoriamente, cada elemento da pintura tem o seu próprio significado.

As Espirais

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O aspeto que mais chama a atenção neste quadro são as enormes espirais no centro. Estas espirais pode ser interpretada de duas formas: por um lado, o pintor constrói um céu inquieto, onde as espirais evolvem a pintura como uma onda, “absorvendo” o espectador, deixando-o atordoado, oferecendo assim uma visão da mente fragilizada de Van Gogh. Por outro lado, ele era também um apaixonado por astronomia, e lia regularmente a revista “L’Astronomie”. Então, para representar a sua mente perturbada, o pintor imitou reproduções científicas de nebulosas (ou nébulas, que são nuvens compostas por hidrogénio, hélio e poeiras interestelares). Ou seja, Van Gogh utilizou a espiral como forma de representar os seus principais interesses.

A Lua e as Estrelas

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Segundo alguns astrofísicos que analisaram esta parte particular da pintura de Van Gogh, a lua e estrelas retratadas nesta obra correspondem às observações feitas em Saint-Rémy-de-Provence no dia 25 de maio de 1889. O céu estava particularmente brilhante quando Van Gogh pintou o céu naquele ano, e é por isso que nos aparece uma estrela bastante maior e mais luminosa que outras na pintura. A lua, assim como a estrela, produz igualmente uma enorme quantidade de luz, que é acentuada na pintura pelo uso de círculos. No entanto, toda esta luz presente no céu mantém-se no céu, não se espalhando para o resto da pintura, que permanece escura.

A Torre do Sino, igreja e a Aldeia

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De acordo com a planta do asilo em Saint-Rémy-de-Provence, Van Gogh só podia ver um pequeno pedaço de terreno a partir da janela do seu quarto. Por isso, à exceção das estrelas, não era possível observar nem a torre do sino, nem a aldeia, indicando assim que estes elementos surgiram da imaginação do pintor. Alguns críticos pensam que estes componentes possam ser lembranças nostálgicas da infância e juventude de Van Gogh na Holanda. Na pintura, a torre do sino e a igreja permitem ao pintor acentuar o poder místico e cósmico do céu.

Estes dois elementos imaginados pelo pintor foram manipulados de forma que se pareça que estão em movimento, enquanto as casas, umas com luz, e outras cercadas pela escuridão oferecem à pintura a mesma qualidade que um vitral. As luzes nas casas iluminadas relacionam-se também às estrelas no céu, criando assim um diálogo entre a humanidade e a grandeza da nossa galáxia, a Via Láctea.

O Cipreste[pic 9]

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O último detalhe da pintura é o cipreste, que é um componente algo comum nas obras de Van Gogh. Esta árvore é também frequentemente associada à morte em diversas culturas europeias, e passou a ser comum utilizá-la para decorar cemitérios. De acordo com o pintor, o cipreste é a única forma de conseguir uma vida além da morte. Para ele o cipreste tem ainda um caráter formal, além do valor simbólico. Van Gogh apreciava bastante a fluidez e a forma pouco comum desta árvore, elementos que estão representados nesta obra e que podem também ser interpretados como enormes chamas que “dançam” com o vento. Verifica-se ainda que a árvore é o único elemento que une as duas metades desta obra: o céu e a terra.

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