Arcadismo

> Contexto Sócio Histórico

O arcadismo que emergiu com o movimento de reação ao exagero e ao estilo rebuscado do barroco, chega a Portugal e ao Brasil no século XVIII conhecido também como o “Século das Luzes”. Esse período foi marcado pelo iluminismo dos filósofos Franceses como: Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Buffon, entre outros, que colaboraram com o enciclopedismo (feito por Denis Diderot e D’Alembert), e pelo empirismo cientifico de John Locke, David Hume, Aristóteles, Francis Bacon, entre outros. Foi uma época em que tanto a Europa quanto a América, passavam por profundas transformações culturais, políticas e sócias. Na França ocorreu o fortalecimento da burguesia e consequentemente o enfraquecimento do absolutismo monárquico, processo esse que intensificou com a Revolução Francesa. Em Portugal aconteceu conflitos entre o estado e a igreja. O regime desportivo esclarecido era lutado pelo Marques de Pombal é fortemente caracterizado pelo anticlericalismo e pela expulsão dos jesuítas de todo território português, inclusive no Brasil, já que era colônia de Portugal. Na América, ocorreu ainda no século XVIII a independência dos Estados Unidos (EUA) e no Brasil a inconfidência mineira, com o apoio de vários escritores da literatura árcade, dentre eles: Claudio Paulo Manuel da Costa, Tomas Antonio Gonzaga e Freire Santa Rita Durão.

> Características do Arcadismo

O Arcadismo no Brasil aconteceu na segunda metade do século XVIII, entre 1768 até 1836. No momento do auge do ciclo do ouro na região de Minas Gerais. E também a difusão do pensamento iluminista, principalmente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais.

As principais características do arcadismo brasileiro são: idealização da vida no campo, idealização da mulher amada, a cidade era vista como um local de sofrimento, linguagem simples, abordagem de temas épicos.

> Autores Principais

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) – Produziu poemas com temática pastoril, com estrutura perfeita de soneto, além de trazer reflexões sobre a vida, sobre a moral e sobre o amor. Sua principal obra foi Vila Rica.

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) – Considerado um dos mais destacados entre os poetas árcades. Na obra Marília de Dirceu pode-se perceber a presença da expressão sentimental, conjunto de frases feitas sobre os encantos da amada, qualidades do pastor.

Brasílio da Gama (1741-1795) – Celebre por seu poema épico O Uraguai, sendo um marco no nacionalismo literário brasileiro por ser precursor na utilização do índio como personagem ficcional principal.

Frei José de Santa Rita Durão (1722-1784) – A única obra dele foi o Caramuru que foi essencial para o estudo da literatura brasileira árcade.

> Análise de um Poema do Arcadismo brasileiro

Soneto

LXII

Torno a ver-vos, ó montes; o destino

Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;

Onde um tempo os gabões deixei grosseiros

Pelo traje da Côrte rico, e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,

Os meus fiéis, meus doces companheiros,

Vendo correr os míseros vaqueiros

Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,

Que chega a ter mais preço, e mais valia,

Que da cidade o lisonjeiro encanto;

Aqui descanse a louca fantasia;

E o que té agora se tornava em pranto,

Se converta em afetos de alegria.

Claudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p.78-9.

Esse poema de Claudio Manoel da Costa é um soneto e um soneto é um poema de forma fixa. Sempre apresentará a mesma estrutura,