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Cronica - Tempo

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Por:   •  3/5/2014  •  534 Palavras (3 Páginas)  •  212 Visualizações

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O relógio marcava meio dia em ponto quando eu e mais cinco amigos nos encaminhávamos para a faculdade de arquitetura e urbanismo da USP, conhecida simplesmente como FAU, na rua Maranhão do bairro do Higienópolis em São Paulo. Uma rua tranquila como a cara da FAU. Esta que me surpreende logo assim que entro, por suas belas flores e arvores. Aquelas do tipo que passam um sentimento de paz no nosso interior. Uma boa maneira de dar-nos boas-vindas.

Após atravessar aquele belo jardim de entrada, dou-me de cara com a sala principal. Ali num cantinho há um balcão, e um de meus colegas pergunta se podemos fazer uma visita; o homem nos dá permissão e logo sinto que esta seria uma bela experiência. Aquele ar de antigo da casa passava a certeza de que aquele lugar era cheio de histórias para contar. Os quadros enormes nas paredes da sala principal já indicavam isso também. Três quadros; dois deles retratando a indústria nacional no século XV, lembro-me bem. E o outro, uma espécie de anjo.

Dirijo-me para outra sala, uma sala grande e repleta de detalhes nas paredes, portas e maçanetas. Pequenos pedaços não reformados nas paredes e teto nos mostram sua verdadeira faceta. E eu fico lá, observando aqueles pequenos detalhes por alguns minutos. Outro quadro me chama a atenção pela sua moldura dourada, toda trabalhada nas curvas. Nele está o fundador da FAU, Anhaia Mello.

Vou subindo em passos leves a escada, e até ela é marcada pela sinuosidade. Subo passando as mãos na parede - encostada a escada - repleta de flores em relevo que dão um tom de leveza e ao mesmo tempo complexidade, característica do art nouveau. Uma luz me chama a atenção, sigo em sua direção e encontro uma varanda, um tanto quanto desgastada, devo dizer. Com mastros enferrujados e de aparência frágil. Porém, nada disso consegue tirar aquela sensação boa que era estar ali, olhando para as flores e limpando a mente de qualquer pensamento ruim.

Faço um esforço para sair dali e continuar com a visita, então o cheiro de madeira começa a se tornar mais intenso de repente e também começo a notar um odor diferente, semelhante ao cheiro de alguns livros que guardo na estante de meu quarto. Ando mais um pouco e encontro a biblioteca. Está aí a resposta que meu nariz procurava.

A riqueza dos detalhes da casa, seja nas portas – que mais parecem quadros, por suas molduras perfeitas -, nos espelhos, ou nas escadas me chamam muito a atenção. A casa inteira poderia muito bem se passar por um quadro. Não só pela imagem, e sim pela sensação de poder-se voltar no tempo. Uma nostalgia do que nunca se foi vivido, mas que passa a sensação do sim. Uma vontade de voltar no tempo. No tempo em que as famílias de Conde AntonioÁlvares Penteado e Antônio Prado Juniorainda moravam lá.

Entretanto, está na hora de irmos embora. Passo de novo por aquela sala principal, olhando o chão cheio de detalhes e delicadeza como todo o resto da casa. Dirijo-me a saída com um tremendo pesar, mas com uma certeza maior ainda de que aquele lugar é especial, e aquela visita não seria a última.

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