Ideias
Pesquisas Acadêmicas: Ideias. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: berguinhoo • 14/3/2015 • 2.060 Palavras (9 Páginas) • 228 Visualizações
Questões Sobre a Organização do Trabalho na Escola
O objetivo desta discussão é contribuir com supervisores de ensino, diretores de escola e
professores na importante e urgente tarefa de construir um novo fazer da ação
supervisora. Entendemos que este "novo" se volta no sentido de que a Escola Pública se
qualifique cada vez mais na construção coletiva de seu projeto político-pedagógico, cuja
finalidade é formar no aluno o "novo cidadão".
O texto parte do entendimento de que os sistemas de ensino existem como instrumentos
que garantem a continuidade da ação educativa sistematizada e de que, por isso, todas as
suas ações têm como meta possibilitar que as escolas cumpram suas finalidades.
Iniciamos este trabalho explicitando o entendimento que temos de "novo cidadão" e como a
Escola se coloca diante da exigência de formá-lo. Destacamos, a seguir, algumas questões
sobre a organização do trabalho no seu interior, tais como o projeto político-pedagógico, o
trabalho coletivo, o conhecimento e as competências pedagógicas.
Por fim, discutimos algumas dificuldades e' entraves a serem considerados.
Finalidade da Educação Escolar - O "Novo Cidadão"
Formar o novo cidadão (o cidadão necessário) no aluno significa formá-lo com capacidade
para ter uma inserção social crítica/transformadora na sociedade em que vive. Ou seja, a
sociedade civilizada, fruto e obra do trabalho humano, cujo elevado progresso evidencia as
riquezas que a condição humana pode desfrutar, revela-se também uma sociedade
1 Professora/Pesquisadora na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - FEUSP.
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contraditória, em que grande parte dos seres humanos está à margem dessa riqueza, dos
benefícios do progresso, da humanização, enfim. Assim, educar na Escola significa ao
mesmo tempo preparar as crianças e os jovens para se elevarem ao nível da civilização
atual - da sua riqueza e dos seus problemas - para aí atuarem. Isto requer uma
preparação científica, técnica e social.
Por isso, a finalidade da Escola é possibilitar que os alunos adquiram os conhecimentos da
ciência e da tecnologia, desenvolvam as habilidades para operá-los, revê-los,
transformá-los e redirecioná-los em sociedade e as atitudes sociais - cooperação,
solidariedade, ética -, tendo sempre como horizonte colocar os avanços da civilização a
serviço da humanização da sociedade.
Tarefa ampla, complexa e nova!, que requer que as escolas, os sistemas de ensino se
direcionem, se organizem, se equipem para isso; revejam sua organização e se organizem
de um modo novo. Esse novo precisa ser construído a partir do já existente, pelos atores
da Educação - os profissionais, os alunos, as famílias.
Para chegar à explicitação da nova organização é necessário que a Escola traduza para si,
especifique e detalhe os avanços e os problemas da civilização atual - a riqueza e a
miséria: a fome, a falta de moradia, de trabalho, a violência, a acumulação, a barbárie etc.
Quais desafios a problemática da civilização coloca para a Escola, a fim de que esta forme
o novo cidadão? Como a Escola vai traduzir no seu e pelo seu trabalho essa problemática?
Estas são as questões fundamentais da nova organização do trabalho na Escola.
As escolas, partícipes da mesma problemática civilizatória, não são, entretanto, iguais. Por
isso, não se trata de encontrar uma única forma nova de organizar o trabalho nela. É
importante não nos embrenharmos por esse risco apriorístico essencialista de chegar-se a
um modelo universal. Isto não dá conta dos novos problemas atuais. A história da
Pedagogia já o demonstrou. No entanto, a história recente também nos mostra que é
possível definirem-se alguns princípios norteadores para essa organização nova, sobre os
quais já há certo consenso entre os educadores estudiosos do tema. São eles: o projeto
político-pedagógico, o trabalho coletivo e o conhecimento da ciência pedagógica.
O Projeto Político-Pedagógico
O projeto político-pedagógico resulta da construção coletiva dos atores da Educação
Escolar. Ele é a tradução que a Escola faz de suas finalidades, a partir das necessidades
que lhe estão colocadas, com o pessoal - professores/alunos/equipe pedagógica/pais - e
com os recursos de que dispõe.
Esses elementos todos são mutáveis, modificam-se de ano para ano, no mesmo ano; de
Escola para Escola, na mesma Escola.
Por isso, o projeto não está pronto, mas em construção. Nele, a equipe vai depurando,
explicitando, detalhando a inserção dessa Escola na transformação social.
O projeto político-pedagógico ganha consistência e solidez à medida que vai captando
sistematicamente
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