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Por:   •  18/10/2014  •  1.906 Palavras (8 Páginas)  •  592 Visualizações

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Observe a seguinte frase: “Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.”

Nela, o falante transmite duas informações de maneira explícita: primeiro que ele frequentou um curso superior; e depois, que ele aprendeu algumas coisas.

Ao ligar essas duas informações com um mas comunica também de modo implícito sua crítica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa a transmitir a ideia de que nas faculdades não se aprende nada.

Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos. Se ele não tiver essa habilidade, a de ler nas entrelinhas, passará por cima de significados importantes ou – o que é bem pior - concordará com ideias ou pontos de vista que rejeitaria se percebesse.

PRESSUPOSTOS: são aquelas ideias não expressas de maneira explícita, mas que o leitor pode perceber a partir do sentido certas palavras ou expressões contidas na frase.

Ex.: Pedro deixou de fumar.

Ideia explícita: agora, Pedro não fuma.

Ideia implícita ou pressuposto: antes, Pedro fumava (informação transmitida pelo verbo “deixar”).

A informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou não concordar com ela. Os pressupostos, no entanto, têm que ser verdadeiros ou pelo menos admitidos como verdadeiros, porque é a partir deles que se constroem as informações explícitas. Se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem cabimento. No exemplo acima, se Pedro não fumava antes, não tem cabimento afirmar que ele deixou de fumar.

Ao introduzir um conteúdo sob a forma de pressuposto, o falante transforma o ouvinte em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta em discussão, é apresentada como se fosse aceita por todos, e os argumentos explícitos só contribuem para confirmá-la. O pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de pensamento montado pelo falante.

Ex.: É preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de um ataque soviético.

Ideia explícita: - a necessidade da construção de mísseis;

- com a finalidade de defesa contra o ataque soviético.

Pressuposto: - os soviéticos pretendem atacar o Ocidente.

Argumentos contra:

- os mísseis não são eficientes para conter o ataque soviético;

- uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os soviéticos;

- a negociação com os soviéticos é o único meio de dissuadi-los de um ataque ao Ocidente.

Como se pode ver, os argumentos são contrários ao que está dito explicitamente, mas todos eles confirmam o pressuposto, isto é, todos os argumentos aceitam que os soviéticos pretendem atacar o Ocidente.

A aceitação do pressuposto é que permite levar adiante o debate. Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de vários indicadores como:

a) Certos advérbios: ainda, totalmente etc. “Os resultados da pesquisa ainda não chegaram”.

b) Certos verbos: tornar, continuar, vir a ser, ficar, passar a, deixar de, começar a, transformar-se, pretender, supor, alegar imaginar etc. “Renato continua doente”.

c) Orações adjetivas explicativas: “Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não pensam no povo.” (todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais)

d) Orações adjetivas restritivas: “Os candidatos a prefeito que só querem defender seus interesses não pensam no povo.” (nem todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais).

e) Adjetivos: “Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil.” (existem partidos radicais no Brasil).

f) Algumas conjunções: “Ela é muito inteligente apesar de ser mulher”. (existem mulheres que não são inteligentes).

SUBENTENDIDOS: são insinuações escondidas por trás de uma afirmação, ou seja, insinuações presentes numa frase ou num conjunto de frases e que não são marcadas linguisticamente.

Exemplos:

Você vai à casa de uma pessoa e uma das janelas da sala está aberta e por onde entra um vento terrível e você diz: “Que frio terrível!”

Você pode estar insinuando “Feche a janela”.

Mas, se o dono da casa alegar que não é higiênico ficar com todas as janelas fechadas.

Você pode dizer que concorda e que apenas constatou que o frio era muito intenso.

Uma pessoa com o cigarro na mão pergunta:

─ Você tem fogo?

Acharia estranho se você dissesse

─ Tenho e não lhe acendesse o cigarro

Atrás da pergunta ‘Você tem fogo?’ Fica subentendido: Acenda-me o cigarro por favor.

O Brasil continua sendo o melhor do mundo no futebol.

Existe o pressuposto de que o Brasil já era o melhor do mundo, compartilhado, pelo menos, com o interlocutor. Em propaganda, tanto o pressuposto como o subentendido acabam por ser poderosos instrumentos de persuasão, uma vez que inserem o interlocutor no enunciado publicitário ao chamá-lo para completar o efeito de sentido desejado.

Diferença entre pressuposto e subentendido: o pressuposto é um dado posto como indiscutível para o falante e para o ouvinte, não é para ser contestado; o subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender, esconde-se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava querendo falar o que o ouvinte entendeu. O subentendido diz sem dizer, sugere,

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