Lygia Pape e a Contribuição de Sua Obra para o Estudo da Matemática

Lygia Pape e a contribuição de sua obra para o estudo da matemática

Lygia Pape é uma das artistas mais importantes do Brasil e pode ser considerada uma das fundadoras da arte contemporânea nacional.

Nasceu em Nova Friburgo em 1927 e faleceu em 2004. Trabalhou com várias linguagens artísticas pois foi gravadora, escultora, pintora, professora, artista e multimídia. Pode-se afirmar que ela representava o neoconcretismo. Explorou diversos materiais dentre eles o ferro, madeira e papel.

Seus trabalhos são fortemente ligados à geometria, em imagens associadas ao “abstracionismo geométrico”.

Uma das suas obras mais importantes do início da carreira é “Noite e Dia”. Trata-se de um “livro-objeto”, pois não é um tradicional livro formado por uma coleção de folhas de papel. A obra “Noite e Dia”,  também conhecida como “Livro da Luz”, é um série de 365 peças de madeira, pintadas em tons que variam do preto ao branco, passando por incontáveis tons de cinza. Foi uma obra pensada em 1963 mas executada somente 40 anos depois.

Projetos detalhados, também são uma característica da Lygia. Várias são suas obras que levaram décadas para tornarem realidade e algumas delas somente foram montadas depois de sua morte.

Veja abaixo uma foto de uma exposição do “Livro da Luz”, feita em São Paulo em 2003 em uma exposição comemorativa dos 50 anos de carreira da artista:

Exemplo 1 – Noite e Dia, 1963.

[pic 1]          [pic 2][pic 3]

Outro exemplo do trabalho da Lygia Pape com uso de elementos geométricos são os “Amazoninos vermelhos”, 1989:

Por fazer parte do movimento Neoconcreto e ser uma professora da Escola de Arquitetura, um dos grandes legados da obra da Lygia Pape é sua metodologia de trabalho. Os processos de criação e experimentação eram bastante valorizados, especialmente para vencer os limites normativos e inventar coisas novas. Com grande afinidade pela geometria, desde os seus primeiros trabalhos e certamente em grandes projetos de obras (executadas ou não), a observação e o estudo da geometria é amplamente executado, facilitado, provocado.

Note abaixo alguns projetos do início da carreira da Lygia Pape em que é possível identificar inúmeros conceitos de geometria, tais como: estudo de linhas paralelas, formas geométricas planas e sólidas, semelhança de triângulos, estudo de ângulos opostos, entre outros.

Escolhi 4 diferentes obras da primeira década do seu trabalho, 1950, para mostrar que Lygia já fazia a transposição do bidimensional para o tridimensional e explorou a geometria plana (exemplos 3 e 4) e as formas sólidas (exemplos 5 e 6) sendo que no último exemplo trata-se de uma obra em movimento, um balé. Este balé era uma coreografia de 8 sólidos geométricos de cores diferentes cujos movimentos de aproximação ou distanciamento do fundo preto provocavam diferentes percepções no público de modo a criar ou desaparecer com seus volumes. Os bailarinos não eram perceptíveis; ficam dentro dos sólidos e funcionavam como motores das peças geométricas; estas sim eram os objetos de observação.

Exemplo 3 – Desenhos, 1957

Exemplo 4 – Pintura em vermelho e preto, 1954 – 1956

Exemplo 5 – Relevo em vermelho e azul, 1955 – 1956

Exemplo 6 – Balé Neo Concreto #1, 1958

     [pic 4]      [pic 5]         [pic 6]        [pic 7]

Grupo Frente | Pintura em vermelho e preto

As formas geométricas trabalhadas por Lygia Pape eram deslocadas de seus fundos por meios de artifícios de alteração de ângulos, quebras e recortes. No exemplo 1 podemos ver os quadrados e retângulos “saindo” das telas pelo simples fato de terem sido desenhados com uma orientação diferente do fundo do quadro. É quase uma ilusão de ótica. Ao observar de longe, parece uma colagem; mas ao observar de perto, percebe-se que foi a criação de um ângulo de quebra que criou uma relação diagonal entre os elementos e esta ilusão. Assim,

...