Metodos De Pesquisa
Casos: Metodos De Pesquisa. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 12/11/2014 • 4.260 Palavras (18 Páginas) • 370 Visualizações
1. A PESQUISA COMO PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO
A ciência é uma atividade tipicamente humana de busca sistemática do conhecimento da natureza e dos seus fenômenos.
Observação
→
Descrição
→
Experimentação
→
Teorização
Dependendo do objeto de pesquisa, a experimentação (tentativa de reproduzir em laboratório, de modo controlado, os fenômenos) poderá não existir, sendo substituída por um modelo teórico explicativo dos fenômenos naturais ou sociais.
A experimentação pode ser mais ou menos rigorosa, dependendo dos recursos de que se dispõe, inclusive o conhecimento teórico preexistente.
A profissão de cientista, entendendo-se como a atividade regularmente remunerada por prestação de serviços de pesquisa científica e tecnológica, surge pela primeira vez na Alexandria, cerca de 330 anos a. C. Anteriormente, o conhecimento científico era gerado por filósofos, professores, sacerdotes, magos e por pessoas com outras profissões, mas que tinham em comum um grande espírito de curiosidade e certa disciplina.
Atualmente, muito se tem discutido sobre os métodos por meio dos quais se desenvolve a atividade científica, podendo-se dizer que todos eles têm validade tanto para a ciência quanto na busca de tecnologia. Esses métodos podem:
• priorizar a conduta abstrata e teórica e subestimar as sensações e o experimento;
• entender ser a comprovação experimental o procedimento fundamental.
1.1 Conceitos de tecnologia
A tecnologia é o estudo das técnicas, inclusive de sua evolução. É a busca do conhecimento de como produzir e desenvolver instrumentos de trabalho, equipamentos e processos, destinados a elevar a produção por esforço físico humano ou unidade de trabalho despendida e resolver problemas e, desta forma, melhorar a qualidade de vida.
Na sua origem, a tecnologia era uma atividade típica de artesãos, dedicados a uma arte diversa daquelas voltadas para despertar o prazer estético, como a pintura, a escultura etc.
O desenvolvimento destas artes práticas ou técnicas vem se dando desde o aparecimento do homem, mas a sistematização e a divulgação do conhecimento adquirido são manifestações recentes.
A tecnologia generaliza-se depois da descoberta da imprensa. Antes da publicação de tratados impressos, alguns copistas tentaram, por meio de manuscritos, sistematizar e preservar o conhecimento técnico disponível desde a Antiguidade.
• O conhecimento se transmitia de homem a homem, nas oficinas e nos laboratórios.
Até o século XVII, não se pode falar de relacionamento funcional entre a ciência e a tecnologia, ou de ciência e tecnologia conectadas, C&T. Esse relacionamento se dá com a Revolução Científica do século XVII, quando a necessidade de equipamentos mais complexos e mais precisos para as determinações e medições obrigou os cientistas a estabelecerem um contato mais próximo com os artesãos, o que propiciou um intercâmbio de idéias com sensíveis benefícios para as duas partes.
A tecnologia de hoje é a ciência de ontem, e a ciência de hoje é a tecnologia de amanhã.
1.2 Conceito de pesquisa
A pesquisa é o exercício ou a prática da busca pelo conhecimento, conduzido por meio do método científico escolhido. Convencionalmente, a pesquisa vem sendo classificada em:
• básica: objetiva a expansão do saber não necessariamente associada a um interesse imediato de utilização prática dos resultados;
• aplicada: conduzida com o propósito de gerar inovações para solucionar problemas.
É desejável que exista um certo equilíbrio no desenvolvimento desses dois tipos de pesquisa, porque, enquanto a pesquisa básica cria e dá legitimidade e fundamento a novas ideias, a pesquisa aplicada procura transformá-las em utilidades.
O papel da pesquisa aplicada não deve, contudo, levar à suposição de que exista uma relação direta e linear entre os seus resultados, de um lado, e o lançamento de novos produtos no mercado, dinamização da economia, criação de novos postos de trabalho, de outro. É necessário que ocorra, antes, o desenvolvimento do produto ou do processo e a mediação do empresário.
Tem-se proposto uma subclassificação da pesquisa emestratégica e fundamental, que se aplicaria conjuntamente às categorias básica e aplicada, de acordo com a dimensão temporal do potencial de aplicação dos seus resultados.
• A estratégica apresentaria um elevado potencial para interagir rapidamente com outras pesquisas, dando suporte para novos avanços.
• A fundamental teria um horizonte temporal impreciso de utilização dos resultados, seja para expansão do conhecimento, seja para resolver problemas.
1.3 Conceito de desenvolvimento experimental
Por desenvolvimento experimental entendem-se as diversas etapas de transformação de uma descoberta ou um invento em uma inovação, ou o aprimoramento de uma inovação tecnológica, seja esta um novo produto ou um novo processo produtivo.
O desenvolvimento experimental tem início em uma bancada de laboratório ou oficina, sendo progressivamente testado em escalas cada vez maiores (scale-up), até se chegar ao estágio de protótipo, no caso de produto, ou de uma nova rota de produção, no caso de processo.
Este conjunto de operações é definido como atividade de Pesquisa e Desenvolvimento, P&D (Research and Development,R&D).
A P&D pode-se dar por meio de cooperação entre laboratórios e oficinas de universidades e de empresas, ou pelo trabalho integrado de pesquisadores e engenheiros nos laboratórios e plantas-piloto de uma indústria, os quais reúnam tanto a capacitação científica quanto a técnica.
1.4 Conceito de estado do conhecimento ou “estado da arte”
Estado do conhecimento é a avaliação qualitativa e quantitativa do conhecimento em um determinado momento, seja ele referente a um campo da ciência ou a uma determinada técnica. É também denominado como ”estado da arte” (state of the arts).
• Os avanços de conhecimento na ciência são denominados descobertas ou invenções, já que houve intencionalidade de gerar utilidade.
• Os avanços de conhecimento na tecnologia são inventos e inovações.
A denominação de inovação está reservada àquela invenção que tem condições de ser absorvida pelo setor produtivo, transformando-se em uma mercadoria.
1.5 Processo de geração de conhecimento
A geração de conhecimento implica que a atividade nas áreas de C&T e de P&D tenha como resultado os produtos, as descobertas, invenções ou inovações.
• Na área científica, ocorre em laboratórios de universidades e centros de pesquisa.
• Na área tecnológica, tem lugar nos laboratórios, nas oficinas, nas plantas-piloto e nos parques tecnológicos ou incubadoras de empresas de universidades, de centros de pesquisa e também em instalações de pesquisa das indústrias.
A participação da indústria na geração de conhecimento na área tecnológica se dá porque as inovações interessam de perto ao setor produtivo.
O conhecimento gerado na área científica tem sido de grande utilidade para as pesquisas na área tecnológica. Esse conhecimento estabelece um fluxo de informações sobre novas descobertas e invenções de interesse para o desenvolvimento de um produto ou um processo produtivo.
Da mesma forma, o avanço do conhecimento na área tecnológica interessa às pesquisas na área científica, porque significa a possibilidade de se utilizar os resultados obtidos na produção de novos instrumentos e equipamentos para análises, mensurações e determinações, bem como para criação de condições especiais para observações. O desafio está em aumentar a colaboração e o relacionamento entre a área tecnológica e a científica.
Inovação
A inovação é a invenção que tem condições de ser absorvida pelo setor produtivo, transformando-se em uma mercadoria.
A inovação pode ser de produto ou de processo:
• a de processo se divide em melhoramento organizativo, de aquisição de conhecimento gerencial, inovação tecnológica propriamente dita ou aquela que tem o progresso técnico incorporado; pode-se afirmar que a sua introdução implica, necessariamente, economia de pelo menos um recurso;
• a inovação de produto compreende a criação de bens finais novos e qualitativamente diversos; não está voltada para poupar qualquer recurso, mas sim para incrementar a demanda de um determinado bem.
A inovação faz a ligação entre a ciência e o mercado.
As inovações podem:
• impactar o sistema produtivo (caso de um processo poupador de um determinado fator ou o caso de um recurso adicionalmente incorporado a um produto);
• tornar a vida mais ética (caso de um método de análise que auxilie a perícia criminal);
• ou tornar a vida mais humana (no sentido de evitar sofrimentos, prevenindo e curando enfermidades).
Do laboratório ao mercado
Independentemente de serem de processo ou de produto, as inovações podem ser classificadas em:
• radicais: provocam mudanças de forma pronta e imediata;
• incrementais: causam mudanças progressivas que levam a uma mudança equivalente à que seria produzida por uma inovação radical;
• genéricas: resultam da fusão das duas anteriores;
• pervagantes: do tipo genérico, mas com um amplo espectro de aplicações, sobre muitos setores.
1.6 O interesse pelo estudo do progresso técnico e seus efeitos na economia
As possibilidades oferecidas pelo progresso técnico para renovar e impulsionar os setores produtivos, tornando-os mais competitivos, e melhorar a qualidade de vida da população, começam a ser objeto de interesse das ciências sociais por ocasião das grandes transformações que ocorreram na sociedade quando o capitalismo mercantilista inicia a dissolução do sistema feudal. Conhecer a natureza do progresso técnico aplicado ao sistema produtivo vem constituindo preocupação das várias correntes do pensamento econômico.
1.6.1 O enfoque dos economistas clássicos
Para os economistas clássicos, o progresso técnico traria prosperidade e bem-estar, e quaisquer inconvenientes que resultassem de sua aplicação seriam amplamente compensados pelos benefícios acarretados pela sua introdução.
Os economistas clássicos (Smith, Ricardo e Mill) foram os primeiros a reconhecer o papel do progresso técnico no crescimento econômico. Para Ricardo, o progresso técnico – além de poder reverter a tendência da economia em direção ao “estado estacionário” – seria uma poderosa arma para a concorrência:
• os países que mais avançassem no uso das novas técnicas poderiam beneficiar-se nas relações de comércio internacional;
• a inovação tecnológica consolidaria e ampliaria as vantagens comparativas de uma nação nas trocas comerciais.
1.6.2 A visão marxista do progresso técnico
Marx foi o primeiro economista a seguir os efeitos do progresso técnico no sistema econômico em sua totalidade. Marx não dissociava a possibilidade de expansão capitalista da utilização crescente do progresso técnico, uma vez que este era a principal arma da concorrência capitalista, portanto, da concentração e da centralização dos capitais.
Os impactos negativos da grande indústria – que era o vetor da modernização da produção capitalista –, entre eles a destruição de formas antigas de produção familiar, a alienação do trabalhador, o aumento da exploração capitalista através do incremento da mais-valia relativa e a formação de um “exército” de desempregados, explicavam-se pela formação social em que ela se inseria. Superado o capitalismo como formação social, a grande indústria seria expropriada e os benefícios do progresso técnico se voltariam
para os trabalhadores.
1.6.3 A visão do pensamento neoclássico convencional
Os neoclássicos convencionais defendem que não se deve atribuir qualquer sentido valorativo em relação à adoção ou não do progresso técnico.
• A inovação tecnológica dependeria do avanço do conhecimento científico e das artes técnicas, o que estaria permanentemente acontecendo fora do sistema produtivo.
• A possibilidade de mudança técnica seria algo que aconteceria a depender do preço relativo dos fatores de produção.
Uma técnica avançada, embutida em uma máquina ou em um processo de produção disponíveis no mercado, seria utilizada quando os preços destes bens que a incorporassem pudessem ser comparativamente vantajosos em relação ao preço dos
fatores que seriam substituídos. Só o mercado deve orientar uma mudança técnica, e um valor afirmativo deve ser dado ao equilíbrio que por meio dela se venha obter, sendo uma questão menos relevante o rumo e a velocidade com que o progresso técnico é incorporado pelo sistema produtivo.
1.6.4 A visão contemporânea
A visão contemporânea ressalta o impacto econômico das políticas públicas de ciência e tecnologia e das instituições integrantes do sistema nacional de inovações tecnológicas.
Tão ou mais importante que os preços relativos para a decisão empresarial de introduzir uma inovação, visando à maior competitividade, é o funcionamento do sistema de geração de tecnologias e os mecanismos de endogenização da demanda pela pesquisa e desenvolvimento (P&D).
O arcabouço institucional da ciência e da tecnologia, ou a maneira como se organiza e funciona a pesquisa básica e a aplicada e os mecanismos de difusão em um determinado país ou região, é um fator decisivo nos processos de indução e absorção de inovações tecnológicas.
1.7 O papel da C&T na afirmação da soberania nacional
A afirmação de uma nação, a continuidade de sua independência, a soberania e as relações comerciais mais equilibradas que estabelece com o resto do mundo são progressivamente dependentes da ciência e da tecnologia.
Ciência e tecnologia não são somente elementos da cultura de um povo, de uma sociedade, mas são também elementos delimitadores de um perfil moderno de qualquer Estado ou nação. Sem uma ciência e uma tecnologia nacionais não se consegue promover o desenvolvimento econômico, valorizar devidamente os produtos de exportação e também não se tem sucesso em educar, nutrir e tornar saudáveis os cidadãos de um país.
No Brasil:
• há necessidade de que certos conhecimentos sejam adaptados à realidade brasileira;
• há necessidade de sermos menos dependentes de produtos importados e mais eficientes na exportação de produtos novos.
Estas necessidades nos obrigam a sermos eficientes na geração autóctone do conhecimento, aquela que se dá no próprio local em que se faz necessária.
1.7.1 Por que a tecnologia importada não substitui a geração autóctone
A importância de uma produção autônoma em ciência e tecnologia que leve a uma menor dependência da importação de conhecimentos se justifica porque a transferência de tecnologia não esgota o elenco da diversidade das necessidades de inovações e não apresenta um grau variável de adaptabilidade ao ambiente e às particularidades de mercados nacionais com especificidades culturais inquestionáveis.
A efetividade da transferência de tecnologia, que deve ser medida pela capacidade de ir além de soluções tópicas e localizadas de problemas, somente se verifica quando acompanhada da possibilidade de se produzir conhecimento autóctone, que é aquele nacionalmente localizado.
Somente por esta via é que serão geradas oportunidades de investimentos que ajudam a superar o modelo de economia complementar e a reduzir os eventuais desequilíbrios econômicos entre as nações.
É por meio da produção nacional do conhecimento científico-tecnológico que surgem as possibilidades de explorar as vantagens de comércio internacional, obtendo lucros extraordinários, mediante a incorporação em “primeira mão”, de inovações de processos e produtos, o que não é possível pela via da importação de tecnologia.
A dependência tecnológica como fator de retardamento do desenvolvimento econômico tem sido salientada por vários estudiosos. Da mesma forma que é uma utopia pensar-se em autossuficiência em termos de conhecimento, é, por outro lado, altamente desejável depender menos da pesquisa realizada fora das fronteiras do Brasil.
Renunciar à geração autóctone do conhecimento e a uma presença em temas avançados de pesquisa significa manter um elevado grau de vulnerabilidade da economia e colocar questões essenciais, como a segurança alimentar e a saúde da população, fora do controle das decisões nacionais. A cooperação internacional em ciência e tecnologia, bem como nos demais setores, faz parte do convívio das nações. Entretanto, ela se deve dar em condições de trocas iguais.
O Brasil tem forte potencial para a geração de conhecimento, mas ainda carece de um mecanismo que faça com que este conhecimento alcance o setor produtivo.
Comparando-se o Brasil com a Coreia, observa-se que a produção acadêmica dos dois países é semelhante. Porém, a quantidade de trabalhos acadêmicos transformada em pedidos de patentes na Coreia é mais de trinta vezes maior que no Brasil.
No Brasil, há ainda incongruência entre o volume de produção científica e a escassez de inovações. A expansão do conhecimento não é proporcional ao aproveitamento econômico desse conhecimento. Alguns problemas foram detectados por pesquisadores:
cultura de propriedade intelectual incipiente: o conhecimento como fonte de geração de inovação e de riqueza precisa, antes de qualquer coisa, estar protegido (situação que vem sendo alterada);
• a reputação / notoriedade do pesquisador parece ser mais importante que o benefício social da exploração comercial do objeto da patente;
• há pouco incentivo e cultura para a fixação de doutores em empresas (expectativa de mudança com a Lei de Inovação).
A situação é ainda mais grave quando se compara o Brasil com países como a Inglaterra, a França e a Alemanha. O Brasil precisa capitalizar mais sua cultura científica.
2. TIPOS DE PESQUISA
A pesquisa compreende qualquer atividade criativa e sistemática realizada com o fim de incrementar o acervo do conhecimento científico e o uso desse acervo de conhecimentos para conceber novas aplicações.
Para realizar uma pesquisa de cunho científico, é de fundamental importância que o pesquisador tenha uma clara distinção dos diversos tipos de conhecimento e uma sólida fundamentação epistemológica.
2.1 Quanto à natureza
2.1.1 Pesquisa básica
Tem como objetivo principal a busca do saber.
2.1.2 Pesquisa teórica
Trata-se da pesquisa que é dedicada a reconstruir teoria, conceitos, ideias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos, aprimorar fundamentos teóricos.
Esse tipo de pesquisa é orientado no sentido de reconstruirteorias, quadros de referência, condições explicativas da realidade, polêmicas e discussões pertinentes.
A pesquisa teórica não implica imediata intervenção na realidade, mas nem por isso deixa de ser importante, pois seu papel é decisivo na criação de condições para a intervenção.
O conhecimento teórico adequado acarreta rigor conceitual, análise acurada, desempenho lógico, argumentação diversificada, capacidade explicativa.
2.1.3 Pesquisa empírica
É a pesquisa dedicada ao tratamento da face empírica e factual da realidade; produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e factual.
A valorização desse tipo de pesquisa está na possibilidade que oferece maior concretude às argumentações, por mais tênue que possa ser a base factual.
O significado dos dados empíricos depende do referencial teórico, mas esses dados agregam impacto pertinente, sobretudo no sentido de facilitarem a aproximação prática.
2.1.4 Pesquisa aplicada
Busca de solução para problemas concretos e imediatos.
Muitas vezes, pesquisas básicas possuem grande importânciaem nossa vida. É o caso da eletricidade. Quando os primeiros cientistas começaram a pesquisá-la, o único objetivo era a curiosidade.
Ligada à práxis, ou seja, à prática histórica em termos de conhecimento científico para fins explícitos de intervenção; não esconde a ideologia, mas sem perder o rigor
metodológico.
2.2 Quanto aos objetivos
2.2.1 A pesquisa exploratória
Na primeira aproximação com o tema, pode buscar descobrir teorias e práticas que modificarão as existentes, recuperar as informações disponíveis para criar maior familiaridade com os fenômenos, descobrir os pesquisadores ou buscar informações para a obtenção de inovações tecnológicas. É feita por meio de:
• levantamentos bibliográficos;
• entrevistas com profissionais da área;
• visitas a instituições, empresas etc.;
• websites etc.
2.2.2 A pesquisa descritiva
Observa, registra e analisa os fenômenos, sem manipulá-los, e é muito utilizada em pesquisas sociais. Procura descobrir a frequência com que o fenômeno ocorre, sua natureza, suas características, sua relação com outros fenômenos.
Em geral, é executada após a pesquisa exploratória e implica a realização de observação sistemática e não participante com o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados (questionário e observação sistemática).
2.2.3 A pesquisa explicativa
Visa ampliar generalizações, definir leis, estruturar e definir modelos, relacionar hipóteses existentes e gerar novas, via dedução. Exige maior investimento na síntese, na teorização e na reflexão sobre o objeto. Busca explicar os porquês e exige aplicação de métodos de modelagem e simulação para reproduzir fenômenos e aprofundar o conhecimento da realidade.
2.3 Quanto aos procedimentos
Uma vez entendida a natureza da pesquisa e determinados seus objetivos, deve-se escolher o procedimento para sua execução.
2.3.1 Pesquisa experimental
Manipula diretamente as variáveis relacionadas ao objeto de estudo. Busca as causas e os efeitos, como o evento ocorre. O cientista cria situações de controle para evitar interferências (o placebo, por exemplo).
A pesquisa experimental viabiliza novas descobertas: materiais, componentes, métodos, técnicas e é muito utilizada para obter novos conhecimentos e para a construção de protótipos. Este tipo de pesquisa requer manipulação e coleta de dados imparcial.
Experimentar significa:
• elaborar e formular novos elementos;
• testar materiais e componentes;
• simular eventos;
• inferir e introduzir variáveis;
• realizar modelagens.
Em uma pesquisa experimental, o pesquisador manipula algumas variáveis e então mede os efeitos dessa manipulação em outras variáveis.
2.3.1.1 O que são variáveis?
Variáveis são características que são medidas, controladas ou manipuladas em uma pesquisa. Diferem em muitos aspectos, principalmente no papel que a elas é dado em uma pesquisa e na forma como podem ser medidas. Há variáveis dependentes e variáveis independentes.
Variáveis independentes são aquelas que são manipuladas, enquanto variáveis dependentes são apenas medidas ou registradas.
2.3.2 Pesquisa de laboratório
Artificializa a produção do fato ou da sua leitura.
É caracterizada por:
• interferir artificialmente na produção do fato/ fenômeno/ processo;
• artificializar o ambiente ou os mecanismos de percepção para que o fato/fenômeno/processo seja produzido/ percebido adequadamente.
Permite:
• estabelecer padrão desejável de observação;
• captar dados para descrição e análise;
• controlar o fato/fenômeno/processo;
• coletar dados em um espaço curto, obtendo um snapshot do fenômeno.
2.3.3 Pesquisa operacional
É a investigação sistemática dos processos de produção. Utiliza ferramentas estatísticas e métodos matemáticos e visa selecionar os meios para produção, comparando custos, eficiência e valores.
Aplicações:
• controle e produção de estoques;
• processos e operações de manufatura;
• projeto e desenvolvimento de produtos;
• engenharia e manutenção de fábricas;
• administração de RH;
• gestão e vendas.
PESQUISA
Exemplo
Uma empresa de comida para cães produz dois tipos de ração, A e B. Para fabricar as rações, são utilizados carnes e cereais. As rações A e B são vendidas em sacos
de 7,5 kg.
A ração A utiliza 6 kg de cereais e 1,5 kg de carne.
A ração B utiliza 5 kg de carne e 2,5 kg de cereais.
O quilo de carne custa R$ 4,00.
O quilo de cereais custa R$ 1,00.
A empresa compra por mês 10.000 kg de carne e 30.000 kg de cereais.
Deseja-se saber qual quantidade de cada ração a empresa deve produzir de modo a maximizar o lucro.
2.3.4 Pesquisa Ex-post-facto (a partir de depois do fato)
É uma investigação sistemática e empírica em que o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independentes, porque os fatos pesquisados e suas manifestações já ocorreram. São intrinsecamente não manipuláveis. Nesse tipo de pesquisa, são feitas inferências sobre as relações entre variáveis em observação direta, a partir da variação concomitante entre as variáveis independentes e dependentes.
2.3.5 Levantamento
Caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas, cuja opinião se quer conhecer, e por ser um procedimento útil para pesquisas exploratórias e descritivas. Permite o conhecimento direto da realidade, a quantificação, economia e rapidez.
Etapas:
• seleção da amostra;
• aplicação de questionários, formulários ou entrevista;
• tabulação dos dados;
• análise com auxílio de ferramentas estatísticas.
2.3.6 Pesquisa de campo
Observa o lugar natural em que ocorrem os fenômenos e utiliza diversos procedimentos de coleta, como observações e entrevistas. É realizada onde acontece o fato / fenômeno / processo e coleta de dados pela observação do fato / fenômenos / processo in natura.
2.3.7 Estudo de caso
Estudo aprofundado e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado.
É adequado para explorar situações da vida real, descrever a situação em que está sendo feita determinada investigação e explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas.
Limitações:
• falta de rigor metodológico;
• dificuldade de generalização;
• tempo destinado à pesquisa.
Um caso pode ser...
• uma decisão,
• um programa,
• um processo de implantação
2.3.8 Pesquisa-ação
É um tipo de pesquisa social com base empírica, concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
Esse tipo de pesquisa é indicado quando há interesse coletivo na resolução de um problema ou suprimento de uma necessidade. Há envolvimento participativo ou cooperativo dos pesquisadores e demais participantes no trabalho de pesquisa.
2.4 Quanto à natureza da informação
2.4.1 Pesquisa quantitativa
Considera que tudo pode ser quantificável, o que significatraduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente
de correlação, análise de regressão etc.).
Apesar de criticada, por reduzir as relações humanas a números exatos, é utilizada para estudar o homem e a sociedadequando é possível utilizar a mesma metodologia e o mesmo instrumental das ciências naturais.
Exemplo
As pessoas gostam mais de sorvete de chocolate ou de morango?
• 55% das pessoas gostam de chocolate
• 40% preferem morango.
• 5% não gostam de sorvete.
2.4.1.1 Técnicas quantitativas
2.4.1.1.1 Observação sistemática
O observador, munido de uma listagem de comportamentos, registra a ocorrência dos comportamentos durante um período de tempo.
Para evitar interferências, é comum utilizarem-se câmeras na observação sistemática.
2.4.1.1.2 Questionário
É um instrumento ou programa de coleta de dados em que o pesquisador deve saber exatamente o que procura, o objetivo de cada questão. O informante deve compreender perfeitamente as questões, portanto, deve-se conhecer e ter cuidado com o
repertório do informante.
O questionário deve seguir uma estrutura lógica, do mais simples ao mais complexo. Deve apresentar uma questão por vez e ter linguagem clara.
Características:
• confeccionado pelo pesquisador e preenchido pelo informante;
• linguagem simples e direta;
• deve-se considerar um limite máximo de 30 minutos para respostas;
• devem-se determinar as questões mais relevantes e como se relacionam ao item de pesquisa.
Os questionários devem ser acompanhados de uma carta de apresentação detalhando:
• a finalidade do estudo;
• como preencher o questionário;s
• se é preciso identificação pessoal;
• como devolver o questionário.
2.4.1.1.3 Entrevistas
Partem do encontro entre o pesquisador e o objeto de estudo e servem para coleta de dados não documentados. Possibilitam análises qualitativas e quantitativas. O número de entrevistados depende da variabilidade da informação a obter. O roteiro da entrevista deve considerar a distribuição do tempo por assunto e a formulação de perguntas com respostas descritivas.
Tipos de entrevistas
2.4.2 Pesquisa qualitativa
Considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
2.4.2.1 Técnicas qualitativas
2.4.2.1.1 Observação participante
Ocorre por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado.
2.5 Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica deve anteceder todos os tipos de pesquisas, pois coloca o pesquisador em contato com o que existe sobre o seu tema. É feita a partir de documentos (livros, livros virtuais, cd-ROM, Internet, revistas, jornais...) e compreende
várias etapas:
• identificação e localização das fontes;
• consulta aos catálogos das bibliotecas;
• exame de índices de periódicos;
• consultas aos abstracts.
Há três tipos de fontes de informação:
A busca da literatura deverá ser completa, ampla e profunda. A pesquisa bibliográfica possibilita a determinação dos objetivos, a construção das hipóteses e oferece elementos para fundamentar a justificativa ou motivação do tema.
Com a revisão bibliográfica, o pesquisador obtém os subsídios necessários para elaborar um histórico da questão, avaliar os trabalhos publicados sobre o tema, avaliar métodos apropriados para coletar e analisar dados e evitar duplicações desnecessárias
de estudos já desenvolvidos.
Poucas horas gastas nas bibliotecas das grandes universidades poderão economizar muitas horas do pesquisador em laboratórios ou no campo.
2.5.1 Pesquisa documental
Assemelha-se à pesquisa bibliográfica; todavia, as fontes quea constituem são documentos e não apenas livros publicados e artigos científicos divulgados, como é o caso da pesquisa bibliográfica.
A pesquisa documental é realizada em documentos conservados em órgãos públicos e privados de qualquer natureza, com pessoas, anais, regulamentos, ofícios, memorandos, balancetes, diários, cartas pessoais e outros.
Documento
“Qualquer suporte que contenha informação registrada, formando uma unidade, que possa servir para consulta, estudo ou prova. Inclui impressos, manuscritos, registros audiovisuais e sonoros, imagens, sem modificações, independentemente do período decorrido desde a primeira publicação”.
(Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023, 2000
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