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O Popular e a Massa

Por:   •  16/5/2018  •  Resenha  •  1.172 Palavras (5 Páginas)  •  181 Visualizações

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O popular e a massa

Na apresentação do tópico, Marilena Chaui, faz algumas críticas às expressões “cultura de massa” e “sociedade de massa”. O uso do termo “massa” originou-se nos Estados Unidos na década 50, historicamente no início da guerra fria, que visava acima de tudo impedir o avanço dos ideais socialistas no ocidente e principalmente no próprio país. Esse termo, segundo ela, destrói a ideia de classes sociais e, em consequência, a luta de classes. Assim, impedindo a difusão das ideias do maior pensador socialista, Karl Marx, que defendia que a luta de classes transformaria profundamente a sociedade. É muito comum falar que a palavra massa é sinônimo de popular, mas Marilena, mostra diversos motivos para que esse engano não seja repetido.

Segundo a autora, mesmo havendo relações entre as duas formas de expressão cultural (de massa e popular), não há como relacioná-las pelos seguintes pontos:

1°: A sociedade brasileira é autoritária, pois é hierarquizada, dividida em classes e, portanto, não há prática de igualdade. Ademais, o Estado enquanto integrador da cultura dominante, controla a comunicação de massa e utiliza isso para fins de propaganda e doutrinação da cultura dominada. Sendo assim, os meios de comunicação são concessões estatais a empresas privadas.

2°: A cultura popular mostra justamente aquilo que a cultura de massa, ideologia dominante, quer ocultar: as desigualdades e a segregação da sociedades em classes.

 3°: A noção de massa tem como contra-ponto político a noção de elite e existe, então, a divisão do social da massa cultural em duas camadas: a "baixa" massa , formada pelos indivíduos anônimos , ou seja , sem uma posição determinada , mas com poder dominador; E a "alta" massa, composta pelos detentores de poder e prestígio, os maiores e melhores. Por outro lado, a massa da cultura popular é formada por indivíduos desprovidos de saber, ignorantes, precisando ser educados (trabalho que seria feito pelos indivíduos anônimos já citados).

 4°: Essa última diferença fundamenta-se na estrutura da comunicação de massa de ambas.

Trata da forma de comunicação da sociedade em massa, que tem como pressuposto o fundamento de tudo pode ser dito e ouvido, ou de que tudo é mostrável e dizível, porém são impostos critérios que autorizam e apontam quem pode ou não mostrar e dizer, e quem pode ou não ver e ouvir.

        É criado com isso um estado social ‘sui generis’, como diz Claude Lefort, um estado social concreto, moldado através das diferenças, ou seja heterogêneo e aí substituído por um espaço homogêneo, transparente e aberto a todos, mas o qual não passa de uma ilusão (a de pertencer a uma comunidade), e essa suposta comunidade, a do “nós, telespectadores”, ou “nós, ouvintes” passa a ser a do “nós, brasileiros”, ou “nós, americanos”, surge, então, a comunicação do “entre nós”.

        No entanto, esse entre nós é invisível e constitui a estrutura da comunicação de massa: divisão entre o emissor autorizado e o receptor autorizado; em que o emissor é autorizado a falar a partir do conhecimento determinado, e o receptor é o que fala, contradiz, com direito a aceitar ou recusar, julgar e avaliar o que foi emitido, interpretando o que recebeu.  

        A estrutura do campo comunicativo é criada antes mesmo da prática da comunicação, porque ela regula, e controla a prática, ou seja, o espaço é anterior aos seus ocupantes, e eles não são recíprocos.

        A onipotência manipuladora não interessa mas é questionável:

  • 1982, reação carioca, quando a rede globo tentou fraudar eleições;
  • Paulistas em 1984, quando a globo escondeu informações sobre o “Diretas Já”. O que deixa dúvidas quanto aquela onipotência. Mas o que é discutido e interessa é o monopólio da comunicação, que é uma aparente “democratização” das pesquisas de opinião, que encobrem as revoltas populares e dos índices de audiência, que orientam a emissão e garantem o seu monopólio.

Portanto, a comunicação do “entre nós”, trata-se da diferença entre uma prática lógica e uma estrutura totalizante dotada de referenciais e de regras anteriores à prática. 

Marilena Chaui atribui a cultura de massa em um contexto de disciplina e vigilância, que se utiliza da comunicação para monopolizar o conhecimento e tendo a informação intimidadora, que define quem é apto para comunicar e quem deve apenas receber essa informação, além de praticamente isolar socialmente o indivíduo que não possui a informação. Já a cultura popular se insere em um contexto de resistência a essa disciplina, a esse controle. Sendo assim, as duas culturas não podem ser comparadas.

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