Resenha Vidas Secas
Por: Amanda Santos • 12/5/2021 • Resenha • 522 Palavras (3 Páginas) • 731 Visualizações
Resenha[pic 1]
Vidas Secas
Graciliano Ramos .
“Vidas Secas” é um romance publicado em 1938 pelo jornalista alagoano Graciliano Ramos. A obra marca a segunda fase do modernismo (geração de 1930). A busca por uma literatura nacional levou os autores a procurar em suas regiões matéria-prima para as suas obras. No caso de Graciliano Ramos, a fonte foi o sertão. O livro é cheio de termos regionais e a escrita se aproxima mais da fala. Os temas sociais voltam para a literatura que agora também tem o papel de denunciar a miséria e a exploração. A obra já é considerada uma das mais bem-sucedidas criações da época.
A história narra a trajetória de uma família de retirantes no sertão nordestino que, na época da seca, precisa migrar na esperança de encontrar melhores condições para sobreviver. A estrutura familiar é absolutamente patriarcal, Fabiano comando o grupo, o Menino mais velho queria aprender a ler para descobrir o significado da palavra Inferno. Já o Menino mais novo quer ser vaqueiro como o pai, e Sinhá Vitória, mulata esperta que sabia fazer contas com os grãos, porta uma saia de ramos que contrasta com a seca que a rodeia.
O livro consegue desde o título mostrar a desumanização que a seca promove nas personagens, cuja expressão verbal é tão estéril quanto o solo castigado da região. A miséria causada pela seca, como elemento natural, soma-se à miséria imposta pela influência social, representada pela exploração dos ricos proprietários da região. Há uma ausência de diálogos entre os personagens, e a seca habita o próprio homem.
A proposital falta de linearidade, ou seja, de capítulos que se ligam temporalmente, por relações de causa e de consequência, dá aos 13 capítulos de Vidas Secas uma autonomia que permite, até mesmo, a leitura de cada um de forma independente.
O foco da obra não são os personagens, a forma como o autor trabalha as palavras com discurso indireto livre (forma híbrida em que as falas dos personagens se mesclam ao discurso do narrador em terceira pessoa), construído em frases curtas, incisivas, enxutas, quase sempre em períodos simples e a narrativa não linear, demonstram desumanização que a seca promove nos personagens. E é esta seca que interfere nas falas e nas expressões dos personagens, cuja exteriorização verbal é tão estéril quanto o solo castigado da região.[pic 2]
Através de Vidas Secas, Graciliano Ramos traz uma forte crítica social, direcionada ao governo, aos ricos fazendeiros e aos militares etc. O que pode ser percebido diante dos acontecimentos vivenciados por Fabiano e sua família em diversas passagens do livro. Um romance de pequena extensão, mas que expõe como nenhum outro o analfabetismo, a pobreza e a estrutura social e fundiária excludente pouco visíveis ao restante do país que enxerga o Nordeste apenas como a Região das Secas. Indo além da seca que dá nome ao romance esta é uma obra que fala da Vida, vidas que secam e se perdem na poeira da estrada. É, pois, uma denúncia das condições degradantes de miséria a que são submetidos os trabalhadores do campo, forçados a migrarem em busca de trabalho e melhores condições de sobrevivência.
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