TRABALHO SOCIOLOGIA SOBRE O FILME EDUKATORS
Por: abernardo96 • 17/8/2015 • Dissertação • 1.049 Palavras (5 Páginas) • 752 Visualizações
Ganhando bem, que mal tem?
Jan e Peter acreditam que podem mudar o mundo, eles são “rebeldes contemporâneos”, que expressam sua revolta de uma forma não violenta. Eles invadem mansões, trocam móveis e objetos de lugar, não roubam nada, mas criam a sensação de insegurança naqueles que se consideram inatingíveis e espalham mensagens de protesto. No momento em que Jule e Jan se aproximam, quando estão pintando o apartamento alugado que ela tem que devolver, Jan faz Jule perceber que ela não podia ficar conformada com aquela situação, então escrevem na parede do apartamento: “Todo coração é uma célula revolucionária.” Durante o sequestro, há grandes diálogos entre o homem rico e os três jovens, como, por exemplo, um embate entre anarquismo e capitalismo, além da motivação dos capitalistas, de viver em função da carreira e do lucro. Hoje em dia as pessoas deixam de buscar a felicidade, para as pessoas nesse mundo capitalista a felicidade é o dinheiro. Para os jovens "edukadores", a mídia é um meio de alienar mais ainda a todos, com programações românticas, assim como no Brasil, por exemplo as novelas globais e o BBB, que buscam tirar as pessoas da realidade para se sentirem "bem" e não terem nenhuma vontade de mudar a realidade, criando assim um sentimento conformista geral. A questão é como transformar esses “zumbis” em frente à novela ou ao BBB em células revolucionárias? Jan diz que uma hora a maioria iria cansar de assistir horas e horas de TV de lavagem cerebral pró-consumo e que “uma hora os antidepressivos não vão mais funcionar”. Hardenberg afirma que não acha certo o que fizeram com ele, mas respeitava o idealismo dos jovens, já que ele foi um idealista quando estudante, mas que foi comprado pelo capitalismo. O filme faz um reflexão sobre a questão do acumulo e concentração de bens de alguns, enquanto há outros que não têm nada. Trabalhar é uma maneira de legitimar a constante aquisição de bens mesmo que nem sejam utilizados com tanta frequência? Quantas vezes Hardenberg e os reais Hardenberg’s por aí usam o iate? 1,2,3 ou 4 vezes por ano? Um simples prazer que quase deixa o iate empoeirando em vez de ajudar em questões humanitárias e sociais que realmente importam? E a diferença de alguém ter muito e o outro não ter nada é um resultado apenas do sistema? E o que diferencia alguém ganhar milhões de vezes mais do que outro com mesma carga horária? Trabalho? Talento? Sorte? Herança? Por que Hardenberg exigiu o pagamento do carro para Jules, sabendo que ela trabalharia anos para recuperar o dinheiro, se em apenas um salário ele consegue recuperar o carro e ainda sobrando uma grande quantia? Para ela, a dívida a impede de pagar o aluguel da casa em que mora, de se divertir, ou de realizar o sonho de ser professora. Pelas regras do jogo, Jule deve transferir dinheiro sacrificando seu essencial para garantir o bem-estar de sua “vítima”. O empresário tem a Lei a seu favor, ele apenas “joga o jogo” ele faz parte da elite dirigente, só a minoria pode governar, mas para ele essa defesa se justifica através de: Todos têm as mesmas oportunidades; Alguns aproveitam essas oportunidades melhor do que outros, aproveitando sua inteligência, capacidade de trabalho e senso de oportunidade; Esse uso “diferenciado” de oportunidades iguais gera a desigualdade em favor dos mais talentosos; Mas também beneficia os outros, porque é recompensando os mais talentosos que se os mantêm motivados a criarem coisas, como tecnologia, medicamentos ou automóveis Mercedes; Os mais pobres são vítimas de si mesmos, por não serem competitivos à altura do jogo capitalista; Não há culpados nem inocentes, apenas ganhadores e perdedores, como em qualquer outro jogo. Hardenberg diz que essa busca por dinheiro se deve a natureza humana que faz querer ser mais que os demais, sempre tentando se mostrar superior ao outro, tanto numa profissão quanto na vida. Hardenberg tenta se desviar da culpa dizendo que é apenas um jogador e que não criou as regras do jogo. Mas Peter, rapidamente, diz “Não importa quem inventou a arma, só quem puxa o gatilho.” Contudo, matar o rico provocaria algum abalo ao sistema? Não. Eles era apenas um peão naquele tabuleiro, o sistema se mantém intacto se forem mortos Bill Gates, Barack Obama ou Eike Batista. No capitalismo, o poder não está concentrado na mão de um líder, é apenas derrubar um líder e logo o sistema se refaz. As mudanças no sistema só podem ser conservadoras e nunca radicais.
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