A Arte De Praticar Boas Ideias
Ensaios: A Arte De Praticar Boas Ideias. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: bolinho • 30/10/2013 • 1.781 Palavras (8 Páginas) • 485 Visualizações
Disciplina: Gestão de Novos Negócios
Texto-base para o item 1.1 – A natureza da Iniciativa Empresarial
A ARTE DE PRATICAR BOAS IDEIAS
Identificação da demanda, projetos de P&D, design estratégico e comunicação com o mercado são algumas das novas ferramentas de competitividade à disposição da indústria.
A inovação estratégica ganha cada vez mais espaço na agenda das empresas. No entanto, a renovação do portfólio de produtos ou a adoção de novos processos que ampliem a competitividade demandam uma gestão eficiente que garanta o sucesso do empreendimento. Para tanto, a gestão da inovação é fator crítico para fertilizar boas ideias e consolidar novos negócios para a empresa.
A Sachê & Sachê, instalada na cidade de Ilhota, em Santa Catarina, é um exemplo. Em menos de um ano, a empresa passou de envasadora de açúcar e adoçantes em pó em embalagens individuais personalizadas à fabricante de adoçante, conquistando mercados e ampliando as vendas em 20%. Para cruzar essa fronteira que distingue as empresas brasileiras por critério de competitividade, a Sachê & Sachê lançou mão de uma estratégia infalível: inovação e uma boa gestão do empreendimento.
Essa trajetória começou em 2009 quando, por intermédio dos clientes, identificou demanda por adoçante de baixa caloria, com princípios ativos naturais e que não conferisse aos alimentos um sabor residual metálico, típico dos adoçantes elaborados à base de aspartame, ciclamato de sódio e sacarina. “Buscamos algo inovador e descobrimos a taumatina, extraída de uma planta africana e sintetizada por ingleses, seis vezes mais doce que o açúcar”, explica Marcelo Cordeiro, diretor da empresa.
“Quando contatamos o Senai de Itajaí (Santa Catarina) para fazer a gestão de qualidade, tomamos conhecimento do Edital Senai Sesi de Inovação e fomos desafiados a apresentar um projeto de pesquisa que nos permitisse desenvolver tam-bém o produto”, lembra Cordeiro. Junto com o Senai, a Sachê & Sachê refinou a formulação original até chegar a um composto batizado com o nome de Meu Gosto. “O nosso produto tem 1,3 calorias por sachê – a maioria dos adoçantes disponíveis no mercado tem 3 calorias, não tem lactose, sódio, fenilalanina ou aspartame. E é uma ótima opção para diabéticos”, ele detalha.
O segundo passo, também com o apoio do Senai, foi montar a infraestrutura de armazenamento e envasamento livres de riscos de contaminação: o adoçante é embalado num silo fechado, totalmente automatizado. “A aceitação foi grande. Já estamos preparados para lançar, em janeiro de 2011, caixas com 50 unidades de adoçantes”, adianta. O exemplo da Sachê & Sachê deixa claro que a gestão do novo empreendimento – que envolve desde a pesquisa até o marketing, passando pelo design – é crucial. “Foi assim que passamos da condição de envasadores para a de produtores de alimento”, enfatiza Cordeiro.
Os exemplos de sucesso se multiplicam em outros setores produtivos. Preocupado com a forte concorrência asiática, a Jolyful, fabricantes de malhas em Curitiba, decidiu inovar e percebeu que o diferencial para consolidar a marca no mercado era associar o produto à sustentabilidade, sem abrir mão da estética e da sofisticação. Adilson Filipaki, proprietário da empresa, buscou apoio da área de moda Senai-PR e do Edital de Inovação.
Depois de vários testes com matérias-primas orgânicas, entre eles, com seda e bambu e tencel, a Jolyful optou pelo algodão e tencel – fibra feita a partir da polpa da madeira, um recursos natural renovável. Mas o custo da roupa ainda era alto. “Resolvemos focar em clientes dispostos a pagar um pouco mais para consumir o que chamamos de moda eco-chic”, explica Filipaki.
O projeto Malha Eco Chic utiliza o conceito de sustentabilidade da matéria-prima até o ponto de venda. As peças de tricot, camisaria e Capa calças, de algodão orgânico, reciclado ou em tensel, são tingidas com corante vegetal, extraído de cascas, galhos frutos ou raízes de árvores como o pau-brasil, acácia, urucum, entre outros. A Jolyful também usa produtos auxiliares – como amaciantes – de origem animal. Tudo perfeitamente alinhado ao conceito de estilo de vida sustentável.
Um produto com essas características demandava ponto de venda também alinhado aos conceitos
de sustentabilidade. Em junho de 2009, a Jolyful inaugurou uma loja baseada no modelo de greenbuilding (construção verde). Trata-se de um espaço ‘ecológico’ do ponto de vista do material empregado e do design: piso de madeira certificada; cimento que possui até 70% de subproduto de fornos em sua composição; mobília confeccionada com madeira de demolição e ambiente com iluminação natural, entre outros requisitos. Além de roupas, a loja comercializa móveis, objetos, biojóias e acessórios de moda.
Com um bom projeto e uma boa gestão da inovação, a empresa entrou no mercado competindo, não com preço, “mas como valores intangíveis, como os da sustentabilidade”, assegura Annelise Vaine, gestora do projeto no Senai-PR. “A ideia é mostrar para outros segmentos que é possível trabalhar de
forma sustentável. E a inovação está na construção das parcerias necessárias para a sustentabilidade.”
“O Senai contribuiu desde a escolha do fio até a construção da loja. Colaborou no processo de pesquisa para identificar a demanda (foram entrevistadas 300 pessoas em Curitiba), na escolha da matéria-prima e na identificação de parceiros”, conta Adilson Filipaki. Segundo ele, com apenas um ano de mercado as malhas sustentáveis já representam 20% do faturamento da Jolyful. “A nossa perspectiva é de crescer entre 10% e 15% ao ano.”
A Sachê & Sachê e a Jolyful são exemplos do impacto positivo da inovação, sobretudo nos pequenos negócios. No Brasil, o percentual de empresas inovadoras – tanto no que diz respeito a produtos como a processos – é de 38,6%, de acordo com as estatísticas da Pesquisa Inovação Tecnológica (Pintec), divulgada em outubro de 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), tendo como referência 2008.
Em 2005 esse percentual era de 34,45%. Os indicadores de inovação evoluíram mais significativamente na indústria, de 33,5% para 38,1%, no mesmo período. “Ainda estamos longe de economias como a da Alemanha, mas a Pintec indicou que estamos no caminho certo”, comentou o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Luis Fernandes, por ocasião
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