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A DEPRESSÃO NA TERCEIRA IDADE

Por:   •  19/7/2020  •  Artigo  •  5.778 Palavras (24 Páginas)  •  144 Visualizações

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DEPRESSÃO NA TERCEIRA IDADE

Elizangela Carniel * 

Dagmar Bittencourt Mena Barreto[1]**

RESUMO

O levantamento estático de órgãos competentes tem demonstrado que o número de idosos tem aumentado muito ao longo do tempo em especial em países em desenvolvimento. Com o aumento da população idosa é necessário ampliar o conhecimento por meio de pesquisas que possam identificar as condições de saúde desta população.  O presente artigo tem como objetivo avaliar o nível de depressão na terceira idade. A amostra foi composta de forma intencional por 21 idosos que frequentam o grupo de idosos do município de Ibicaré-SC. Como instrumento de coleta de dados foram utilizadas as escalas PHQ-9 e a escala de depressão geriátrica – GDS. Os resultados indicam que na Escala de depressão Geriátrica (GDS-15), 4 (quatro) idosos apresentaram tendência à depressão, indicando que este é um problema está presente em 19% da amostra. Na escala PHQ-9 observa-se que 38% idosos apresentaram um resultado moderado em relação a depressão e 10% idosos apresentaram resultado mediana que indica um nível de depressão maior comparado com os outros resultados, num total de 48% de sujeitos com algum índice de depressão.  Os resultados da pesquisa sugerem que medidas de prevenção à saúde mental dos idosos devam ser realizadas por meio de ações de familiares profissionais de saúde e entidades públicas. Os profissionais de saúde que atuam junto a população idosa precisam estar atentos aos sinais e sintomas da depressão, além de estarem constantemente capacitando-se para atender as demandas por meio de uma assistência eficaz e de qualidade.

Palavras-chave: Idosos. Depressão. Saúde Mental. Envelhecimento Psicologia

1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno de abrangência mundial, sendo mais expressivo e impactante nos países em desenvolvimento (BATISTA ET AL., 2008). No Brasil, o crescimento acentuado da população idosa resulta da combinação de variáveis demográficas com as profundas alterações sociais e culturais ocorridas, que simultaneamente configuram-se como causa e consequência (CRUZ; CAETANO; LEITE, 2010).  Em 2011, dos estimados 195,2 milhões de habitantes do País, 12,1% eram de pessoas com 60 anos ou mais de idade (IBGE, 2012). Projeções apontam que em 2050 esse contingente atingirá 38 milhões de idosos, superando a proporção de jovens na população (BRASIL, 2012).

A instabilidade econômica e o agravamento das condições de saúde geralmente trazem o idoso para mais perto de seus familiares, que nem sempre aceitam ou estão aptos à função de cuidadores, aumentando a demanda por instituições de longa permanência para idosos (GALHARDO; MARIOSA; TAKATA, 2010).  A depressão caracteriza-se como um distúrbio de natureza multifatorial da área afetiva ou do humor, que exerce forte impacto funcional e envolve inúmeros aspectos de ordem biológica, psicológica e social, tendo como principais sintomas o humor deprimido e a perda de interesse ou prazer em quase todas as atividades (CARREIRA ET AL., 2011).  É apontada como o quarto maior agente incapacitante das funções sociais e de outras atividades da vida cotidiana, sendo responsável por cerca de 850 mil mortes a cada ano (GIAVONI ET AL., 2008). 

        Segundo o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001), a depressão se situa em quarto lugar entre as principais causas de ônus entre todas as patologias, e as perspectivas são ainda mais alarmantes. Se persistir a incidência da depressão, até 2020 ela estará em segundo lugar. No mundo todo, apenas a doença isquêmica cardíaca a superará. Na população idosa, essa é uma doença comum, recorrente e frequentemente diagnosticada e tratada, principalmente em nível de cuidados de saúde primários (MEDEIROS, 2010). Estima-se que aproximadamente 15% dos idosos apresentam sintomas de depressão, sendo essa prevalência maior nas populações institucionalizadas (SANTANA; BARBOZA FILHO, 2007PÓVOA ET AL., 2009SIQUEIRA ET AL., 2009). 

Nesta fase da vida, a sintomatologia depressiva é permeada por elementos que dizem respeito não apenas à doença, mas às oscilações sentimentais próprias do envelhecimento (HARTMANN JUNIOR; SILVA; BASTOS, 2009). É também no indivíduo idoso que a depressão tem pior prognóstico e maior incidência de suicídios, podendo, quando duradouros, interferir na sua capacidade funcional, de autocuidado e nas suas relações sociais (FERNANDES; NASCIMENTO; COSTA, 2010). Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo identificar os índices de depressão em idosos. 

2. REVISÃO DA LITERATURA

         Segundo Rabello e Passos (2007), a teoria do desenvolvimento psicossocial desenvolvida por Erik Erikson propõe uma concepção de desenvolvimento em oito estágios psicossociais, perspectivados por sua vez em oito idades que decorrem desde o nascimento até a morte. O último estágio chamado de Integridade X Desesperança, ocorre na velhice e segundo Erikson, se o envelhecimento ocorre com sentimento de produtividade e valorização do que foi vivido, sem arrependimentos e lamentações sobre oportunidades perdidas ou erros cometidos haverá integridade e ganhos, contrário, um sentimento de tempo perdido e a impossibilidade de começar de novo trará tristeza e desesperança.  

        O envelhecimento é um processo natural e se dá por mudanças físicas, psicológicas e sociais. É uma fase em que após uma análise, normalmente o indivíduo idoso conclui que alcançou muitos objetivos, mas também sofreu muitas perdas, das quais se destaca a saúde com um dos aspectos mais afetados. (MENDES et al., 2005).  O envelhecimento bem-sucedido é visto como uma competência adaptativa do indivíduo, ou seja, a capacidade generalizada para responder com flexibilidade os desafios resultantes do corpo, da mente e do ambiente. Esses desafios podem ser biológicos, mentais, auto conceituais, interpessoais ou socioeconômico. Essa competência adaptativa é multidimensional, é emocional, no sentido de estratégias e habilidades do indivíduo, para lidar com os fatores estressores, cognitiva, em relação à capacidade para a resolução de problemas, e comportamental, no sentido de desempenho e da competência social (NERI, 2004). A velhice é o último período da evolução da vida. É natural, indiscutível e inevitável. Implica um conjunto de mudanças biológicas, fisiológicas, psicológicas, sociais, econômicas e políticas que compõem o cotidiano das pessoas que vivem nessa fase em que os idosos avaliam como foi sua vida, bem como suas perdas e ganhos. (BEZERRA et al, 2010).  Neste momento da vida o indivíduo começa a rever a sua vida, fazendo uma reflexão de tudo o que fez ou deixou de fazer. Pensa nas suas realizações e seus significados. Cada um vivencia essa fase de forma diferente.

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