A ESCOLA COMO AMBIENTE FACILITADOR DO AMADURECIMENTO EMOCIONAL
Por: Maria Aparecida Carvalho • 26/1/2020 • Pesquisas Acadêmicas • 857 Palavras (4 Páginas) • 255 Visualizações
A escola como ambiente facilitador do amadurecimento emocional
Na concepção de Winnicott, em todo trabalho que envolve cuidados de seres humanos, são necessários pessoas qualificadas, “dotadas de originalidades e de um senso agudo de responsabilidade”. Quando esses seres humanos são crianças que carecem de um ambiente especificamente adaptado às suas necessidades individuais e a pessoa envolvida em seus cuidados tem preferência por seguir um plano rígido, esta pessoa não é adequada à tarefa. Principalmente, considerando que na atualidade as crianças estão cada vez mais cedo ficando aos cuidados de terceiros no momento que ainda estão vivenciando seu período de dependência relativa dentro da linha da maturidade.
Na sociedade contemporânea, nossas crianças cada vez mais cedo estão ingressando nas instituições de educação infantil. É de consenso cultural, que a escola é um espaço privilegiado para que a pessoa possa se desenvolver intelectualmente. Todavia não se pode perder o foco de que a criança nesta fase necessita ainda de um ambiente suficientemente bom, que apresente uma semelhança com as experiências do lar primário ou seja, adaptados as suas necessidades, para dar continuidade ao seu amadurecimento emocional. Pois, “sem alguém especificamente orientado para as suas necessidades, a criança não pode encontrar uma relação operacional com a realidade externa” (Winnicott, 1945/2007, p. 63).
Se o ambiente primário, constituído pela família, proporcionou a criança um desenvolvimento emocional saudável, esta irá usufruir do espaço escolar conservando seu desenvolvimento anterior e continuar no processo de amadurecimento em direção a sua independência. Caso contrário, se os cuidados essenciais nos primeiros meses/anos de vida não foram satisfatório ou seja, não adaptativo a criança, esta recebe como falha de confiabilidade e passa a reagir.
A reação as falhas no processo de cuidados, segundo Winnicott, constitui-se em trauma a criança e cada reação passa ser uma interrupção do no “vir-a-ser” e uma ruptura no self da mesma(1965b,91), mas que pode ser revertido posteriormente ao recuperar a confiabilidade no ambiente. Portanto, os ambientes que seguem o ambiente “mãe” e o familiar, inclusive o da instituição escola, é importante para dar sustentação ao ego da criança e consequentemente a continuidade ao desenvolvimento emocional da mesma ou reverter ruptura em relação as falhas anterior.
A presença do aspecto humano, empático e de mente aberta, para trabalhar no ambiente escolar é essencial. Para Winnicott, qualquer plano amplo que envolva cuidados para com crianças privadas de um ambiente familiar adequada deve, por conseguinte, permitir e facilitar ao máximo a adaptação dessa ao local. Assim, à medida que o ambiente escolar, proporciona uma sustentação de modo suficiente a criança, favorece a adaptação dessa com mais confiança. Entretanto, se ao chegar à escola o ambiente não proporcionar uma adaptação que ofereça o manejo coerente as necessidades da criança, as dificuldades irão surgir e constituir-se um entrave para continuidade do desenvolvimento e amadurecimento emocional da mesma.
Segundo Winnicott, existem dois grupos de crianças antagônicas, ou seja, as que tiveram lares satisfatórios e que naturalmente usufrui dos mesmos para o desenvolvimento emocional e as que não tiveram lares satisfatórios. As primeiras, chegam a escola com maior capacidade de continuar seu desenvolvimento e enriquecer-se com o aprendizado que adquirem.
Entretanto, conforme Winnicott, aquelas crianças que tiveram lares insatisfatórios e foram privada de cuidados essenciais
(...) “vão para a escola com outros propósitos. Frequentam-na com a ideia de que a escola talvez lhe forneça o que o lar não logrou proporcionar. Não vão à escola para aprender, mas para encontrar um lar fora do lar”. Isso significa que procuram uma situação emocional, um grupo de que gradativamente possam fazer parte, um grupo que possa ser testado por sua capacidade para enfrentar a agressão e tolerar as ideias agressivas (Winnicott,1946ª/1985, p.234).
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