A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA EM EDUCAÇÃO INFANTIL

FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA EM EDUCAÇÃO INFANTIL

Como é concebida e como estão sendo realizadas as formações na Rede Municipal de Educação, num município médio da região central paulista.

Julia Pimenta

Em decorrência da nova identidade que a Educação Infantil vem procurando construir, especialmente após os avanços legais, uma série de exigências e desafios se impõem no que se refere à formação, colocando os profissionais em uma posição bastante diferenciada daquela ocupada até alguns anos atrás, ou ainda dominante em várias instituições.

Em um município médio paulista um dos principais objetivos da formação continuada na Educação Infantil é a criação de um espaço de reflexão dos educadores com vista a mudanças paulatinas na prática e o apoio para o desenvolvimento de um projeto coletivo da instituição, e ainda na efetivação da integração entre creche e pré-escola e entre o cuidar e o educar.

A formação em serviço, mais do que a inicial, depende de questões institucionais, de modificações estruturais que possibilitem a construção coletiva e o desenvolvimento de um projeto compartilhado entre todos os profissionais da instituição. Questões de gerenciamento, estruturação da rotina, possibilidade de horas para reuniões, suficiência de materiais necessários à formação constituem elementos importantes que podem limitar o trabalho.

A formação continuada precisa estar articulada com o desempenho profissional dos professores, tornando as escolas lugares de referência. Trata-se de um objetivo que só adquire credibilidade se o programa de formação se estruturar em torno de problemas e de projetos de ação e não em torno de conteúdos acadêmicos. Reforçamos o que Nóvoa (1992) já dizia, isto é, a separação entre pesquisadores que oferecem sua produção e professores na condição de consumidores, pouco ou nada acrescentam na reflexão ou proposição de novas práticas de ensino. Existe um espaço fundamental de negociação, de conversa, de diálogo que, na verdade, estaria construindo os elos de significação pretendidos.

Também Candau (2007) se pronuncia a favor dos processos coletivos de reflexão e intervenção na prática pedagógica concreta, reforçando espaços e tempos já institucionalizados nessa perspectiva. Fala, ainda, sobre as possibilidades de motivação que os processos de sistematização de práticas pedagógicas dos educadores promovem.

Acreditamos que a formação continuada tem uma característica fundamental que não pode ser esquecida, quando se imagina um modelo de trabalho, porque ela se caracteriza:
- Pela superação dos limites do repasse de informações desvinculadas do contexto,
- No caso dos professores, porque é uma formação que se dá após a formação inicial, então, com sujeitos que são trabalhadores em exercício,
- Numa dada realidade, podendo garantir unidade entre o cognitivo, o afetivo e o motivacional, ampliando os alcances na construção de uma cultura docente diferenciada.

A formação continuada não pode ser concebida apenas como um meio de acumulação de cursos, palestras, seminários, de conhecimentos ou técnicas, mas um trabalho de reflexibilidade crítica sobre as práticas e de construção permanente de uma identidade pessoal e profissional em interação mútua.

FORMAÇÃO INICIAL GERAL:

CONCEITOS BÁSICOS TRABALHADOS EM FORMAÇÃO INICIAL, TANTO DOS EDUCADORES DE CRECHE COMO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL:

A Rede Municipal de Educação Infantil de um município médio paulista, atende crianças de 0 a 5 anos num mesmo equipamento físico denominado CER – Centro de Educação e Recreação, neste equipamento atende-se crianças de período integral e parcial, compondo um mesmo tipo de atendimento regido por conceitos básicos, que são:

• - Criança como sujeito de direitos;
• - Ação educativa na Educação Infantil –

- Reforçar, enriquecer e ampliar competências;

- Vivenciar, proporcionar e integrar experiências pessoais;

- Reconhecer e respeitar o potencial individual;

- Contemplar e respeitar as necessidades de educação e cuidado com crianças de 0 a 5 anos;

• - Conhecer as características do desenvolvimento infantil e relaciona-las ao momento sócio-histórico;
• - Reconhecer as brincadeiras como fonte de conhecimento e característica fundamental para o processo de desenvolvimento;
• - Reconhecer o contexto cultural e social em que à criança está inserida, valorizando-a e respeitando-a;
• - Propor situações para experenciar e vivenciar, explorando o meio e as relações.

FORMAÇÃO INICIAL DAS DIFERENTES ORGANIZAÇÕES DE ATENDIMENTO:

• EDUCADORES DE CRECHE – AGENTES EDUCACIONAIS DE BERÇÁRIO (CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS):

CONTEÚDOS DA FORMAÇÃO:

1 – Concepção de criança;

2 – Concepção de educação infantil – contextualização;

3 – Concepção de creche- contextualização e legislação

  3.1 – ECA – direitos das crianças;

4 – Parâmetros de qualidade:

        - Organização do espaço;

        - Proporção adulto x criança;

- Adulto-educador referencial fixo (porto - seguro);

        5 – Práticas educativas- rotinas;

          5.1 – Cuidar-educar: concepção ampla;

          5.2 – Cuidar-educar nas rotinas;

        6 – Desenvolvimento infantil: momentos decisivos;

        7 – Manual de Procedimentos;

8 - Projeto Curricular;

9 - Textos afins

• PROFESSORES DE PRÉ-ESCOLA (CRIANÇAS DE 2^[1] A 5 ANOS)

CONTEÚDOS DA FORMAÇÃO:

1. Questões legais que embasam o trabalho da Educação Infantil;
2. Finalidade da Educação Infantil:
3. Dimensão da Rede Municipal de Educação Infantil;
4. Conceitos básicos de uma educação infantil de qualidade;
5. Cuidar e Educar: Dimensões intercomplementares e indissociáveis na Educação Infantil;
6. Afetividade: respeito pelo ser humano em desenvolvimento.
7. Brincar: Mais do que atividade, a linguagem mais importante da infância;
8. Movimento e organização do espaço;
9. Organizadores da ação educativa:

• Rodízio x rotinas;
• Eixos Fundamentais;
• Roda de conversa;
• Música
• Histórias;
• Desenho /arte;
• Brincadeiras e jogos;
• Atividades de vida diária.

1.  Áreas Curriculares;

• Descoberta de si mesmo;
• Descoberta do meio natural e social;
• Diferentes linguagens;

• Linguagem Oral e escrita;
• Matemática;
• Ciências:
• Movimento/ brincar;
• Artes.

1. Projetos: Concepção e postura pedagógica.

FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO

As formações ocorrem periodicamente em quatro etapas anuais, com todos os educadores das diferentes modalidades, com temas que surgem da análise de necessidades^[2] do grupo, bem como das propostas de discussões. Podem ser com o grupo efetivo de Coordenadores Técnicos da Secretaria Municipal da Educação - SME, com outros profissionais de experiência comprovada ou ainda nos próprios CERs, com textos, temas ou instigadores encaminhados para serem discutidos nas Unidades escolares – CERs, nos momentos de Propostas Pedagógicas. Essas etapas são flexíveis e respeitam os momentos das escolas e da própria SME.