A História da Rádio Patrulha na Polícia Militar do Pará
Por: Adriano Souza • 25/11/2018 • Trabalho acadêmico • 3.169 Palavras (13 Páginas) • 649 Visualizações
HISTÓRICO
A então Companhia de Vigilância de Rádio Patrulha da Polícia Militar de Pernambuco foi a primeira Organização Policial Militar do Brasil criada com características de serviço de Rádio Patrulha, em 25 de agosto de 1951, conforme Souza (2014, p.10). Dotada de veículos equipados com rádio transmissores, teve como um dos principais responsáveis pela sua criação o então Cel. do Exército Brasileiro Roberto Pessoa, também conhecido por ser o primeiro paraquedista militar do Brasil.
Em 1974, a Companhia de Vigilância passou a denominar-se Batalhão de Polícia de Radiopatrulha – BPRp, sendo até hoje uma das mais tradicionais Unidades da Policia Militar Pernambucana. Conforme Aldo Pereira de Souza retrata, a missão desta nobre Organização Policial Militar “visa o caráter preventivo e repressivo contra ações delituosas, atendendo ocorrências, em especial às que o policiamento comum não teria condições de fazê-la”.
O Batalhão Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) da Polícia Militar do Estado de São Paulo recebe relevante destaque na modalidade de policiamento de Rádio Patrulha. Entretanto, somente a partir do ano de 1970, por ocasião dos enfrentamentos a grupos de Guerrilha Rural como a Vanguarda Popular Revolucionária atuante no Vale do Ribeira bem como o desmantelamento de seus centros, que eram liderados por guerrilheiros como Carlos Lamarca e Yoshitane Fujimori, a ROTA adquiriu o formato atual pautado na mobilidade e eficácia, aos moldes do Radio Patrulhamento.
No estado do Pará, a conjugação de rádios comunicadores e veículos motorizados começou a ser realizado em 1960, garantindo a comunicação das viaturas entre si e com uma central de rádio instalada inicialmente no quartel. Segundo Charlet (2016), o serviço de radiopatrulhamento surgiu por conta da necessidade de disponibilizar à população um acionamento rápido da Polícia Militar, surgindo assim a Companhia Independente de Rádio Patrulha (CIRP), sendo extinta em meados dos anos 1999/2000, deixando vestígios ainda utilizados por policiais destas Organizações Especializadas nos dias atuais, como o braçal e manicaca. [pic 1][pic 2]
RÁDIO PATRULHAMENTO
O policiamento de radiopatrulha ou rádio patrulhamento nos remete quase que imediatamente a um modo de se fazer o policiamento com o apoio/suporte de um aparelho receptor e transmissor de sinais radiofônicos, qual seja o rádio.
Infelizmente ainda em 2018 temos no meio policial um reduzido costume de escrever sobre as modalidades, tipos e especificidades do policiamento e trabalho policial, o que prejudica, por exemplo, uma busca de fontes doutrinárias e conceitos por exemplo.
A respeito daquilo que seria propriamente o conceito de rádio patrulhamento, podemos citar um singelo entendimento da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG 2018) que o apresenta como “policiamento ostensivo com utilização de viaturas, onde os Policiais Militares realizam patrulhas preventivas, Pontos Bases em locais críticos da cidade, abordagens e atendimentos de ocorrências”.
Ainda no que tange a conceituação, em apostila do Sr. Cel. Sidney Profeta da Polícia Militar do Estado do Pará (Profeta 2018), é apresentado conceito bem mais amplo a respeito de tal modalidade:
“Modalidade de policiamento caracterizado pelo emprego de viatura de 05 (cinco) portas; Guarnição composta por 04 (quatro) policiais utilizando rádios de comunicação ligados ao Centro Integrado de Operações (CIOP); (...) Em rondas observa-se o binômio do patrulhamento motorizado, sendo BAIXA VELOCIDADE (até 40 km/h) e ATITUDE EXPECTANTE DOS PATRULHEIROS”.
Diante disso, podemos dizer que tal modalidade apresenta por sua vez um grande potencial de policiamento, tanto na forma preventiva como na sua forma repressiva, tanto é assim que na supracitada apostila acima identificada, tal modalidade é apresentada tendo como características a mobilidade, flexibilidade, presença é maior raio de ação.
Não há como negar que com o desenvolvimento das grandes cidades o uso de veículos bem como a utilização de tecnologias como o rádio se tornou algo vital, vez que o policial, por exemplo, a pé, não mais permite cobrir a área de um bairro ou até uma avenida a depender da sua extensão.
A MÍSTICA DO RÁDIO PATRULHAMENTO
No meio militar, os símbolos, os rituais e as místicas servem como estímulo e reforço no alinhamento de condutas individuais e de grupo, visando uma homogeneidade nas ações e pensamentos da tropa como um todo.
De acordo com HOBSBAWM e RANGER (1997, p.12-14 apud MACHADO, 2016, p. 28).), “o segundo traço da ‘tradição’ é o fato dela possuir uma ‘função simbólica e ritualística’. O intuito é ‘formalizar e ritualizar o passado’”. Ainda segundo os autores, citados por MACHADO (2016), as tradições funcionam como um “cimento” de coesão social, usando a história como legitimadora das ações.
MACHADO (2016, p.28) traz à baila a fala do General francês Bouchacourt que participou da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), onde fala sobre a importância das tradições, referindo-se à legião estrangeira dizendo:
É necessário encontrar e explorar, ou então criar tradições, particularidades de apresentação, de denominação, de conduta. O essencial é que ela se distinga e que qualquer um, vendo-a, diga com segurança: Estes que avançam são legionários! (BOUCHACOURT, 1951, p.26)
A tropa de Radio Patrulhamento é um exemplo merecem destaque por terem sido precursores não só na criação de determinadas tradições, como por terem modificado completamente a forma de atuação da Polícia Militar como um todo. Dentro dos símbolos e místicas do radio patrulhamento, SOUZA nos traz algumas que podemos considerar como universais não só às tropas de Radio Patrulha, mas também herdada por muitas tropas de policiamento tático. Senão vejamos:
São diferenciais os símbolos específicos do Batalhão, como por exemplo a viatura preta e o braçal, que traz exposto as letra RP inseridas em um losango e cortadas por um raio, símbolo da força, rapidez e energia do radiopatrulhamento. O orgulho do homem integrante do Batalhão de Polícia de Radiopatrulha vai além do uniforme, denotado na jornada diária, desde o surgimento até nossos dias por entre esta guerra diária nas ruas de nossa cidade, em qualquer circunstância, em qualquer situação, onde matar ou morrer se preciso for, no cumprimento legítimo e legal do dever. (SOUZA, 2014)
...