A INFLUENCIA DA PRECIPITAÇÃO NA PROLIFERAÇÃO DA DENGUE E DA LEPTOSPIROSE EM FORTALEZA-CE
Por: Larissa Nunes de Assis • 31/8/2016 • Artigo • 4.667 Palavras (19 Páginas) • 395 Visualizações
A INFLUENCIA DA PRECIPITAÇÃO NA PROLIFERAÇÃO DA DENGUE E DA LEPTOSPIROSE EM FORTALEZA-CE
Gledson Bezerra Magalhães1
RESUMO
O clima torna-se de grande relevância em estudos que tratam da qualidade de vida da população, em particular, no que se refere à saúde, visto que há uma forte relação entre as características climáticas e a incidência de algumas doenças em ambientes tropicais, principalmente nos grandes centro urbanos, onde atrelado a outros fatores eminentemente urbanos causam o adensamento de determinadas doenças. Como exemplo tem-se a dengue que em Fortaleza apresenta a maior concentração do Estado, sendo o município onde há o maior numero de casos da doença, e onde há um maior investimento por parte do Governo no combate a mesma. A leptospirose é ouro exemplo, sendo registrado em Fortaleza a média de 50% de casos em relação a todo o Estado do Ceará, indicando uma forte relação entre incidência da doença com as condições climáticas locais. O presente estudo analisou as relações entre chuvas, casos de dengue, as inundações e casos de leptospirose, elaborando um estudo temporal da dengue entre os anos de 2001 a 2008 e espacio-temporal da leptospirose para o período de 2004 a 2007 para a cidade de Fortaleza. Os resultados indicam que o maior número de casos de leptospirose concentra-se no primeiro semestre do ano, principalmente na quadra chuvosa, evidenciando que a doença segue um padrão sazonal de ocorrência e que sua espacialização é influenciada pelas condições de moradia e de saneamento básico, tornando-se mais freqüentes nas áreas sujeitas as inundações.
Palavras-chave: saúde, precipitações, leptospirose, Fortaleza.
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1 Mestrando em Geografia da Universidade Federal do Ceará gl_magalhaes@hotmail.com
INTRODUÇÃO
No estudo das relações entre o clima e as enfermidades humanas em ambientes tropicais, tem-se as que estão relacionadas diretamente a tropicalidade climática, como as doenças parasitárias transmitidas por vetores (esquistossomose, febre amarela, malária, dengue, etc.), e as que estão relacionadas indiretamente com o clima (amebíase, cólera, micoses, leptospirose, etc.). Os fatores que favorecem a propagação destas se vinculam diretamente às questões de ordem socioambiental, como a precariedade das habitações, a falta de saneamento básico e a ocupação de áreas de risco sujeitas a inundações. Destaca-se que as conseqüências desses problemas sociais se tornam mais evidentes durante a ocorrência de eventos pluviométricos intensos.
As situações supracitadas se acentuam nos grandes centros urbanos, onde o inadequado planejamento urbano e a lógica econômica do capital potencializam os vários problemas socioambientais. A cidade de Fortaleza, assim como as outras metrópoles brasileiras, se enquadra nesse processo, sendo a dengue e a leptospirose doenças de freqüentemente verificadas na cidade.
A dengue apresenta-se como uma doença socialmente complexa, afetando seres humanos independente da sua classe social e constituindo-se, atualmente, dentre as mais importantes doenças transmissíveis do mundo, especialmente nos países tropicais, onde as condições ambientais, em particular as climáticas, associada à ineficácia das políticas públicas de saúde favorecem o desenvolvimento e proliferação de seus vetores (mosquitos do gênero Aedes aegypti e Aedes albopictus). A incidência da dengue tem mostrado uma tendência crescente no Ceará, a partir da introdução do vírus em 1986. Fortaleza, capital do Estado, é o município onde se concentra o maior numero de casos da doença, e onde há um maior investimento por parte do Governo no combate a mesma.
No caso da leptospirose, dados do Ministério da Saúde indicam que no período dos anos de 2004 a 2006 foram confirmados 10.981 casos em topo o país. Para a Região Nordeste, na mesma época, foram registrados 2.346 casos, o que representa 21.3% do total de casos nacionais. No estado do Ceará, para o mesmo período, foram registrados 268 casos, representando 11.4% do total de casos de sua Região, sendo que a cidade de
Fortaleza representa 50% do total de casos do Estado, com 134 casos registrados para o mesmo período.
Na tentativa de compreender o comportamento geográfico dessas doenças, o estudo analisou a relação das precipitações, com numero de casos das mesmas, assim como a evolução do número de casos, buscando um estudo temporal e espacial para Fortaleza.
O município de Fortaleza localiza-se na faixa central da zona litorânea do Estado do Ceará. Insere-se entre as coordenadas geográficas 3°45’47’’ S e 38° 37’35’’ W (figura 01), e possui uma área de 313,14 km², correspondendo a 0,21% do território do Estado do Ceará (IPECE, 2007, p. 5). O município é composto por 118 bairros divididos em 6 regiões administrativas e possui uma população de 2.505.552 habitantes, representando quase 30% da população do Estado. (IBGE, 2009).
A característica climática de Fortaleza é representada pela sazonalidade da precipitação e por elevadas temperaturas o ano todo. A sua localização territorial favorece uma intensa insolação o ano todo, proporcionando elevadas temperaturas. A atuação de diferentes sistemas atmosféricos estabelece a sazonalidade da precipitação. Ressalta-se que Fortaleza se encontra próximo ao oceano sofrendo influencia marítima e conseqüentemente temperaturas mais amenas do que outros municípios do interior do Estado.
Zanella (2005: 172) afirma que as chuvas se concentram, principalmente nos meses de fevereiro/março/abril/maio, denominado quadra chuvosa, quando o estado fica sob a influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema atmosférico causador de precipitação. Os Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (VCAS), as Linhas de Instabilidade, os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCMs), as Ondas de Leste, as Frentes de Brisa e as repercussões da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) muitas vezes associados a ZCIT, intensificam as chuvas na quadra chuvosa, e podem gerar precipitação nos demais meses.
As temperaturas de Fortaleza são elevadas durante o ano todo, apresentando uma média anual de 26,6°C. A média das máximas é de 29,9°C e a média das mínimas é de 23,5°C. Possui um alto índice de umidade relativa do ar, com mínima de 73% e
máxima de 82,5%, devido à influência marítima e alta taxa de evaporação (FORTALEZA, 2009: 23).
Figura 01 – Mapa de localização da área de estudo
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METODOLOGIA
A escolha temporal para analise da doença dengue - 2001 a 2008, e da leptospirose – 2004 a 2007 foi feita levando em consideração a maior probabilidade de registros de casos dessas doenças nos órgãos de saúde do município e do Estado.
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