A Poluição Sonora
Por: Mônica Santos • 30/10/2018 • Projeto de pesquisa • 3.072 Palavras (13 Páginas) • 160 Visualizações
POLUIÇÃO SONORA
1. APRESENTAÇÃO
A natureza possui um poderoso complexo de interações entre os seres vivos e a abiota, formando assim o equilíbrio ecológico. Esse equilíbrio depende da interação entre as diversas cadeias tróficas, pois uma depende da outra para sua existência. A poluição é qualquer alteração nesse equilíbrio, que ocorre quando a geração de resíduos é maior que a capacidade de resiliência, isto é, de regeneração do meio ambiente.
Dentre os poluentes ambientais, o ruído é talvez o mais incômodo de todos para o indivíduo comum. O mesmo passa a ter uma conotação de poluição quando produz efeitos fisiológicos ou psicológicos indesejáveis em uma pessoa ou grupo de pessoas, interferindo nas suas atividades como comunicações, trabalho, descanso e sono. Dessa forma, o problema de quantificar o quanto o ruído é desagradável não depende somente de fenômeno físico, mas também das diferentes formas que as pessoas percebem os sons, ou seja, o que pode ser considerado ruído para uma determinada pessoa; pode não ser considerada para outra (Freitas, 1991).
Portanto, entre as diversas formas de poluição, a poluição sonora destaca-se pois tem assumido grandes dimensões, principalmente nas grandes cidades, por estar diretamente ligada ao processo de urbanização acelerado. De acordo com a CETESB (1992), o tráfego de veículos motorizados é uma das fontes sonoras mais poluentes, no entanto outras fontes como os tráfegos aéreo e ferroviário, o funcionamento de equipamentos industriais e domésticos e o ruído da vizinhança têm tendência a desenvolver-se e a multiplicar-se. Assim, as fontes de poluição sonora, no meio urbano são múltiplas, variando no grau de complexidade de avaliação e controle de suas emissões.
Se a poluição sonora é restrita a uma determinada região ou área, o problema pode ser considerado localizado e, às vezes, de pequena proporção, mas quando atinge grande parte da cidade, como no caso de trânsito intenso e corredor de tráfego, a questão passa a ser mais ampla e generalizada. Pois, além de ofender aos moradores próximos às vias públicas barulhentas, atinge também os que por ela passam, tornando-se assim um problema de saúde pública (Oliveira, 2002).
Os impactos do ruído na saúde podem se manifestar através de efeitos auditivos e extra-auditivos. As perdas da função auditiva podem ser temporárias ou permanentes, na dependência de fatores como intensidade de ruído, tempo de exposição e susceptibilidade individual (ASTETE, 1995). Segundo Rocco (2004), a poluição sonora é altamente prejudicial ao bem-estar e à saúde da população circunvizinha, provocando inúmeros distúrbios, tais como insônia, estresse e problemas auditivos, os quais vão gradativamente atingindo o corpo humano em prejuízo da saúde física mental e psicológica. Outros efeitos do ruído, além da perda auditiva, são a interferência na comunicação verbal, interferência no sono, incômodo, perda da eficiência no desempenho das tarefas e stress (CETESB, 1992).
Segundo Rocco (2004), a poluição sonora ostenta uma particularidade, ela cessa no momento em que é desativada a fonte produtora do ruído. Dessa forma, diferentemente de outros tipos de poluição, não fica registrada, não deixa elementos que possibilitem sua constatação num momento posterior, como por exemplo, o desmatamento e a poluição hídrica. Por essa razão a poluição sonora é chamada de “poluição limpa” e deve ser necessariamente aferida no momento de sua prática, o que dificulta sua repressão.
Segundo Cohn e McVoy (1982), caracterizam o ruído de tráfego pelos seguintes componentes: a intensidade expressa em decibéis (dB); a freqüência expressa em Hertz (Hz); o componente temporal que descreve as flutuações diárias, semanais, mensais e anuais do impacto. Outro componente implícito é o tempo de variação, que descreve e quantifica o comportamento esporádico e aleatório do ruído de tráfego no meio ambiente.
Dado que os níveis de ruído podem variar de maneira aleatória, utiliza-se, para medi-los, o nível de pressão sonora equivalente (Leq), que é expresso em decibel (dB). E, para obter esses níveis de pressão sonora, utiliza-se aparelhos dotados de filtros de ponderação para aproximarem as medições das características de respostas do ouvido humano. Existem quatro tipos de filtros: A, B, C, D. Habitualmente utiliza-se o filtro A que apresenta respostas mais próximas daquelas do ouvido humano (Oliveira, 2002).
3.2 - ASPECTOS FÍSICOS DO RUÍDO
O som é uma perturbação mecânica no ambiente, devido às vibrações de um corpo eminente, que se desloca a partir de uma posição de equilíbrio. Essas vibrações provocam variações de pressão do ar, acima e abaixo da pressão atmosférica. É possível, portanto, defini-lo como sendo o resultado de um movimento vibratório especial da matéria, transmitindo-se através dos meios elásticos, e capaz de impressionar o ouvido (Eniz, 2004).
OPAS (1983) afirma que é necessária uma certa variação de pressão para a percepção. Assim, a percepção dos sons só ocorrerá quando as variações de pressão e a freqüência de propagação estiverem dentro de limites compatíveis com as características fisiológicas do ouvido humano. De acordo com Nepomuceno (1994), o sistema auditivo é o mais sensível do organismo, superando até mesmo o sistema visual.
Sendo assim, uma onda sonora é uma variação de pressão que se propaga no ar ou em qualquer outro meio. A pressão no ar, num ponto, eleva-se acima da atmosférica (1,0 x 105 N/m2), torna-se menor que esta, a seguir volta a aumentar e assim por diante. O resultado é uma propagação dessa variação de pressão, que tem a forma de uma onda (ACIOLI, 1994).
A variação de pressão, quando chega ao ouvido, causa vibração das partículas do ar no tímpano - afastamento ou deslocamento das partículas materiais de sua posição de equilíbrio - transmitindo ao ser humano a sensação do som (Eniz, 1994).
Dentro do espectro audível, todos os sons têm potencial de serem descritos como ruídos, mas sua classificação é subjetiva e sua distinção se refere ao fato de ser ou não desejável (Russo, 1999). Assim, considera-se o ruído como um tipo de som não desejado que pode afetar de forma negativa a saúde e o bem estar de indivíduos ou populações (OPAS, 1983).
Portanto, o problema da definição de ruído não diz respeito unicamente ao fenômeno físico, mas leva em consideração
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