A estratégia de cooperação e parcerias numa Cadeia de Suprimentos: O Caso do Consórcio Modular de Resende
Por: NaniCardoso1 • 11/5/2017 • Trabalho acadêmico • 2.350 Palavras (10 Páginas) • 289 Visualizações
CGN – CENTRO DE GESTÃO DE NEGÓCIOS
Gestão de Suprimentos
Estudo de Caso
A estratégia de cooperação e parcerias numa Cadeia de Suprimentos:
O Caso do Consórcio Modular de Resende
Prof.: Cleiton Mendes
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP
MARÇO/2017
Resumo
O artigo objetiva a compreensão dos elementos que a teoria dos jogos colocou como fundamentais num relacionamento cooperativo: o conhecimento claro dos meios de punição caso não haja a cooperação; a probabilidade de os parceiros trabalharem conjuntamente; e a continuidade do negócio no longo prazo, num exemplo real de aplicação de uma cadeia de suprimentos de sucesso: o Consórcio Modular de Resende.
Palavras Chave
Gestão de suprimentos, cadeia de suprimentos, supply chain, sucesso, parceria, estratégia, relacionamento cooperativo na gestão de suprimentos;
1. Introdução
Parece haver uma convergência nos trabalhos de Pires (1998), Harland (1996) Slack e Bates (1998) e Correa e Correa (2004), no sentido de apontar que o conceito de competitividade está cada dia mais incorporando-se à cadeia produtiva como um todo, ao invés da empresa isolada. Segundo esses autores, somente através de uma visão integrada da cadeia, e da definição de estratégias baseadas em posicionamentos, um grupo de empresas que compõem uma rede poderá obter incrementos de competitividade conjuntamente e oferecer diferenciais para atender as necessidades de mercado.
Um dos componentes chave dessa rede de empresas (ou cadeia, como outros autores preferem denominar), é o conceito de parcerias. Pires (2004) definiu como característica das parcerias, o fato de empresas independentes atuarem numa cadeia de suprimentos, como se fossem uma mesma (virtual) unidade de negócio, com grande nível de colaboração de alinhamento de objetivos, de integração de processos e de informações.
Lambert et al. (1998) conceituou parceria, como sendo um relacionamento de negócios personalizado, com base na confiança mútua, no relacionamento aberto, na divisão de riscos e de ganhos que proporcionam um desempenho e vantagem competitiva maior do que poderia ser obtido individualmente. De acordo com Vasconcellos (2005), uma empresa inserida numa cadeia de suprimentos pode estimular o conceito de parcerias através das lições extraídas do clássico dilema do prisioneiro. O ponto central de discussão de seu artigo foi apontar que cooperação pode ser fomentada e desenvolvida, mesmo num ambiente em que haja comportamento oportunista, conforme explicado pela teoria dos custos de transação de Williamson (1985), havendo dois pontos de destaque:
1º) A repetição propicia a cooperação e aumenta a importância de uma visão de longo prazo.
2º) Ameaças devem ser críveis e os resultados da “não cooperação” devem ser considerados.
Não é difícil enxergar estes dois pontos em cadeia de suprimento de sucesso, como o da Toyota ou da Benetton. A visão de longo prazo está sempre presente, a expectativa de comportamento dos participantes, é claro, e métodos de punição, quando necessários, de uma maneira justa, são adotados (JARILLO, 1993).
Vasconcellos (2005) sintetizou ainda que as variáveis da teoria dos jogos: o conhecimento claro dos meios de punição (caso a empresa não coopere com os demais participantes da cadeia); a continuidade do negócio no futuro; e a possibilidade de trabalho conjunto num relacionamento de longo prazo, podem interferir na gestão da cadeia a fim de se tornar uma estratégia competitiva de sucesso.
O presente artigo é então, uma extensão do artigo apresentado em 2005, onde os autores agora objetivam sair do campo teórico, buscando “in loco” numa cadeia em evidência como o consórcio modular de Resende, os elementos apontados pela literatura como aspectos chaves de um relacionamento de parceria de sucesso.
2. A metodologia adotada
Esse trabalho optou pela utilização da metodologia de pesquisa do estudo de caso, ou seja, a realização de uma investigação empírica sobre um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real e com as condições contextuais altamente pertinentes ao fenômeno estudado (YIN, 2001).
Outra característica do estudo de caso é a escolha das amostras necessárias para sua generalização analítica. No caso de generalização estatística (como na maioria dos trabalhos quantitativos), o pesquisador deverá obter uma amostra representativa do universo a ser analisado. Desse modo, os elementos da amostra devem ser selecionados randomicamente. Isso, contudo, não é necessário no estudo de caso. Pelo contrário, é preferível que as empresas que serão estudadas sejam selecionadas para encontrar todas a variantes teóricas que o pesquisador deseja explorar, não havendo problemas em exemplos polares (CORREA, 1992).
Dessa forma, o estudo de caso do presente trabalho se baseia em um caso único em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados isolados, baseia-se em várias fontes de evidências e beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e análise dos dados, de acordo com o proposto por YIN (2001).
O nível de análise foi a cadeia de suprimentos de uma fábrica de caminhões, a empresa objeto do estudo foi a Volkswagen. O motivo da escolha está relacionado a empresa, em princípio, parecer apresentar uma nova forma de compor a cadeia de suprimentos, e a lidar diariamente com situações onde o conceito de parceria deve ser colocado em prática. Seguindo procedimentos propostos por YIN (2001) na coleta de dados para o estudo do caso foram utilizadas três fontes de coleta de dados: documentação, entrevistas e observação direta. Em relação à fonte documentação, foram identificados artigos em jornais e revistas de negócio no ano de 1996 a 2006.
Pode-se afirmar que as fontes de informação mais importantes utilizadas neste estudo foram as entrevistas. Utilizando-se questionários pré estruturados, foram entrevistados individualmente executivos internos da empresa, das áreas de Engenharia e Projetos, Qualidade e Compras, bem como de fornecedores (também conhecidos por “modulistas”) das áreas de Motores e Transmissões. As entrevistas foram gravadas (quando permitidas pelo entrevistado) e depois transcritas na sua íntegra para melhor compreensão. Todos os entrevistados faziam parte do primeiro escalão de executivos do consórcio, isto é, exerciam o cargo de gerente executivo ou superior.
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