A timidez como medo na escola
Por: BelPedagogia • 29/4/2016 • Trabalho acadêmico • 2.119 Palavras (9 Páginas) • 628 Visualizações
A TIMIDEZ COMO MEDO NA ESCOLA
Elisangela Garcia da Silva
Isabel Cristina Siqueira
Luiz Fernando Sansone
Maria Teresa dos Santos Silva
Maria Sueli dos Santos Ferreira
Curso: Pedagogia
Polo: Brooklin - São Paulo-SP
Orientador: Prof. Me. Eduardo Name Risk
RESUMO
Este artigo objetiva discutir estratégias utilizadas pelo professor para contemplar as demandas de alunos com necessidades educativas especiais, em particular, os alunos “tímidos”. Para isto, será realizada revisão bibliográfica a respeito da temática e será apresentado como a metodologia centrada no professor pode ser útil nestes casos. Para isto, tem-se como pano de fundo a obra de Carl Rogers, no âmbito da Abordagem Centrada na Pessoa aplicada à educação. Sendo a timidez causadora do medo, nos quais está a dificuldade de fazer amigos, relacionar-se, apresentar trabalhos na escola. Esse estudo também apontou a relação professor-aluno, onde o professor deve ser coerente e em sala de aula manter um clima de confiança, abordamos também as técnicas pedagógicas de Antonio Cury, para trabalhar a timidez e o medo, o diálogo através de Paulo Freire. Para tanto foi realizado um estudo teórico através de artigos e livros especializados no assunto.
Palavras-chave: Aluno – Carl Rogers – Medo – Professor - Timidez
INTRODUÇÃO
Este trabalho aborda uma proposta de educação que contemple educandos que possua algum tipo de necessidade educativa, em especial, os alunos tímidos. O aluno que não participa das aulas, não se expressa oralmente terá o mesmo desempenho dos demais? Em que medida a timidez influencia no processo de ensino aprendizagem?
Vivemos numa sociedade onde quem não expõe suas ideias é taxado de incompetente, incapaz. Segundo Celso Antunes (2003) atualmente não se ensinam os alunos a falarem e se expressarem, com isso o aluno terá dificuldade durante a vida escolar.
Observa-se que a timidez é o medo de muitos indivíduos diante de pessoas desconhecidas ou situações novas, é evidente a presença do medo na escola, e isso pode prejudicar o rendimento escolar. O tímido, através do medo, deixa de interagir em sala de aula, o que pode dificultar o processo de aprendizagem.
O medo que se trata aqui não é o medo positivo onde o educador planeja melhor sua aula, melhora a comunicação com o educando, servindo de alavanca de aprofundamento no conhecimento, maior atenção nas próprias atitudes e relacionamentos e busca de qualidade, progresso e cidadania.
Trata-se aqui do medo excessivo, como gerador de ansiedade, angústia, tristeza, frustração, sensação de inadequação e insegurança, fazendo com que se alimente um processo de timidez, ao invés de proporcionar conhecimentos profundos e plenitude no ser, verdadeiros objetivos da escola. Nessas condições, produz-se conhecimentos pobres e limitados, relacionamentos superficiais e agressividade. A escola atualmente não reflete um manancial de prazeres da alma rumo ao progresso e cidadania, na maioria das vezes é uma fábrica de medo, timidez e decepção, invadindo desfavoravelmente os campos de trabalho, ensino e instituição familiar.
De acordo com Cury(2003): É urgente a humanização e confiança no grupo.
Nunca o conhecimento médico e psiquiátrico foi tão grande, e nunca as pessoas tiveram tantos transtornos emocionais e tantas doenças psicossomáticas. A depressão raramente atingia as crianças. Hoje há muitas crianças deprimidas e sem encanto pela vida. Pré-adolescentes e adolescentes estão desenvolvendo obsessão, síndrome do pânico, fobias, timidez, agressividade e outros transtornos ansiosos. Milhões de jovens estão se drogando.(p.15)
Cury, através das técnicas pedagógicas, propõe adiante a exposição dialogada: a arte da pergunta (p. 129), que tem como objetivo desenvolver a consciência crítica, promover o debate de ideias, estimular a educação participativa, superar a insegurança, debelar a timidez, melhorar a concentração, ampliando aspectos de interação e debate, com formação das cadeiras em U ou em círculo, favorecendo o “aquietar dos pensamentos, melhoria na concentração e queda na ansiedade dos alunos” (p. 123).
O diálogo deve ser constantemente empregado, mas com algumas situações, de modo a ser democrático e principalmente empático, proporcionando “um respeito fundamental dos sujeitos nele engajados” (FREIRE, 1992: 118), eliminando o “autoritarismo e a licenciosidade”, sem “anular a possibilidade do ato de ensinar”, pois não deve se tornar um simples “bate-papo”.
O professor deve ser coerente, implicando em ser a pessoa que é realmente, e tendo consciência plena das atitudes que assume, postura recomendada por Rogers (1961) para a realização do clima de confiança em sala de aula. O professor pode se demonstrar irritado e ser capaz de ser sensível, aceita seus sentimentos e não impõe posturas sobre os alunos, é verdadeiro e transparente propondo a não-diretividade, ensino centrado no aluno, auxiliando o desenvolvimento espontâneo da criança, ele não deve ensinar, mas criar situações para que os alunos aprendam. Esta metodologia levará o aluno a uma postura e atitude de maior proximidade com sua própria natureza e liberdade, portanto errando menos.
Na obra Emílio, encontramos, logo no início, a tese central do pensamento de Rousseau: o homem nasce bom – entenda-se o homem natural –, mas a sociedade o modifica de forma negativa – o homem social é corrompido. Mas há uma saída, pois existe, segundo ele, uma forma de preservar essa bondade natural –, mas a sociedade o modifica de forma negativa – o homem social é corrompido. Eis um trecho que explica tal pensamento:
“Sendo portanto a educação uma arte, torna-se quase impossível que alcance êxito total, porquanto a ação necessária a esse êxito não depende de ninguém. Tudo o que se pode fazer, à força de cuidados, é aproximar-se mais ou menos da meta, mas é preciso sorte para atingi-la. Que meta é essa? A própria meta da natureza; isso acaba de ser provado”.(ROUSSEAU, 1992, p.11).
Contra o medo e a timidez, Dewey apresenta (1897) grave crítica aos métodos “individualistas” que requeriam que todos os alunos da classe lessem o mesmo livro simultaneamente e recitassem as mesmas lições, atrofiando os impulsos sociais da criança e desperdiçando o “desejo natural da criança de dar, de fazer, isto é, de servir”. Reclama justamente Dewey que o espírito social se substitui por “Motivações e normas fortemente individualistas”, como o medo, a emulação, a rivalidade e juízos de superioridade e inferioridade favorecendo condições de opressão.
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