ABORDAGEM COATIVA COMO TÉCNICA DE ATENDIMENTO COM CRIANÇA SURDOCEGA CONGÊNITA
Ensaios: ABORDAGEM COATIVA COMO TÉCNICA DE ATENDIMENTO COM CRIANÇA SURDOCEGA CONGÊNITA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: crissbertola • 30/4/2014 • 8.715 Palavras (35 Páginas) • 1.318 Visualizações
ABORDAGEM COATIVA COMO TÉCNICA DE ATENDIMENTO COM CRIANÇA SURDOCEGA CONGÊNITA
Vanisse Cristina Bussolo da Silva Bertola
Simoni Soni Pelito
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Curso (EDI1211) – Prática do Módulo I
22/10/2012
RESUMO
Este paper relata a experiência de atendimento prestado a um aluno surdocego congênito atendido em um Centro de Atendimento Especializado Surdocegueira. É descrito no mesmo a atuação da professora utilizando o método de abordagem coativa, de Jan Van Djik, como técnica de atendimento ao aluno surdocego congênito. Este paper propôs pesquisar o atendimento prestado ao aluno, e o resultado da utilização da técnica abordada. O objetivo geral foi de identificar o sucesso da utilização da abordagem coativa como técnica de atendimento ao aluno surdocego congênito. O procedimento metodológico foi o estudo de caso de modalidade qualitativa. Foram descritos os atendimentos e os resultados destes, utilizando a abordagem segundo Van Djik. A análise dos dados identificou cada fase da abordagem bem como o sucesso durante todo o atendimento prestado ao aluno surdocego congênito. Os resultados evidenciaram que a abordagem coativa é também um alicerce para a criação de vinculo entre aluno e instrutor-mediador e principalmente para a aquisição de uma língua.
Palavras-chave: atendimento; aluno; surdocegueira; congênito; abordagem coativa.
1 INTRODUÇÃO
A inclusão escolar tem sido alvo de muitas discussões, tanto no âmbito escolar, bem como no social, onde mais do que nunca se tem observado a necessidade de garantir um atendimento igualitário a todas as pessoas. Nesse sentido, a construção de uma sociedade inclusiva requer a participação dos órgãos públicos, da família, da escola, da mídia e de todos que possam colaborar.
Essa inclusão precisa acontecer e precisa ocorrer de forma a estimular ao máximo a capacidade do aluno com necessidades especiais, igualmente, o profissional desta área precisa ter embasamento teórico e metodológico suficiente na área da Educação Especial, a fim de garantir um trabalho que possibilite o desenvolvimento emocional, afetivo, psíquico destes alunos. Precisa ser muito bem estruturada e praticada por todas as escolas, pois segundo as leis existentes a escola só desempenhará um papel relevante de inclusão, ao efetivar na prática o que dispõe o Artigo 58 da Lei nº 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação, quando diz que todas as crianças, sempre que possível, devem aprender juntas, independente de suas dificuldades e diferenças, partindo da convicção que todos os alunos são capazes de aprender.
Partindo deste pressuposto, este estudo tem como intuito relatar a experiência de atendimento pedagógico de um aluno surdocego total congênito, matriculado no Centro de Atendimento Especializado na área de Surdocegueira, no Colégio Estadual Attílio Codato, na cidade de Cambé. Com relação às pessoas surdocegas, a educação no Estado do Paraná atende na rede regular de ensino no nível fundamental e médio em classe comum com apoio de um professor guia-interprete ou instrutor-mediador, e também em Centro de Atendimento Especializado de Surdocegueira, CAE/Surdocegueira.
A surdocegueira é a combinação de déficit simultâneo da visão e da audição, privando então esse indivíduo de receber informações de ordem simbólica, temporal e direcional, assim a compensação sensorial do mesmo caracteriza-se por meio de outros sentidos perceptivos como tato e olfato.
Desta maneira, o toque, o contato físico e o movimento corporal assumem papel principal na interação e na comunicação dele com o mundo que o cerca.
A comunicação é o maior desafio da pessoa surdocega, principalmente se for congênita, onde essa dupla privação de sentidos se dá antes do nascimento.
Para este estudo aplicou-se como metodologia e técnica de trabalho a abordagem coativa, segundo Jan Van Dijk, que utiliza de experiências motoras desempenhadas pelo aluno surdocego com a participação conjunta do professor, deste modo pode-se estabelecer o fundamento para o desenvolvimento da aprendizagem, partindo do instrumento de interação e exploração de mundo do aluno, que é o seu próprio corpo.
O recurso para registro de avanços deste aluno foi o relatório diário descrito pelo instrutor-mediador que o atende no CAE/Surdocegueira, e ainda entrevistas com o mesmo e com a mãe do educando.
O estudo em questão propiciou o reconhecimento relevante do desenvolvimento segundo a abordagem utilizada no atendimento, pois nos relatos da mãe o atendimento obteve sucesso.
Através deste estudo busca-se a compreensão significativa da abordagem coativa como técnica e método de atendimento com aluno surdocego total congênito.
2 DEFINIÇÃO DE SURDOCEGUEIRA
Durante muito tempo a definição de surdocegueira tem sido tema de calorosos debates na área de educação especial, é defendida por muitos autores de diferentes maneiras.
A definição da condição humana de surdocegueira é bastante recente. Anteriormente, mais precisamente até 1991, as pessoas com comprometimento de visão e de audição eram identificadas como deficientes multissensoriais, ou pessoas com dificuldades sensoriais duplas e até múltiplas. Não havia, até então, uma compreensão de que pessoas com tal comprometimento necessitavam de um atendimento diferenciado e que se tratava de uma deficiência única. (SIERRA 2010, p.22).
Até o ano de 1991 a terminologia surdocego era escrito com hífen, caracterizando assim a soma de duas limitações, mas a partir desta data a palavra passou a ser escrita sem hífen, devido a sua limitação ser reconhecida por apenas uma deficiência. O responsável pela terminologia foi Salvatore Lagati, do Serviço da Consultoria Pedagógica em Trento, Itália:
O termo, surdocego e surdocegueira sem hífen, foram proposta por Salvatori Lagati em 1991, que defendeu na IX Conferencia Mundial em OREBRO- Suécia, a necessidade do reconhecendo da surdocegueira como deficiência única. Para (Lagatti,1995) a terminologia surdocego sem hífen se deve a condição de que ser surdocego não é somente a somatória da deficiência visual e da deficiência auditiva e sim de uma
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