ARTICULAÇÃO SINTÁTICA OU COESÃO SEQUENCIAL

Universidade do Vale do Taquari – Univates

Leitura e Produção de Textos

Professora Clarice Marlene Hilgemann

ARTICULAÇÃO SINTÁTICA ou COESÃO SEQUENCIAL

A conexão

Como vimos anteriormente, os elementos de um texto estão em relação uns com os outros, formando um "tecido" em que os fios se acham tramados.  Mas essas relações não dizem respeito somente aos referentes que aparecem no texto; dizem respeito também às relações entre ideias.  É o que veremos neste tópico, a que chamamos "coesão sequencial".  Esse tipo de coesão é feita pelos conectivos, que auxiliam o leitor a seguir o fio do discurso.  

A relação entre duas ideias ou proposições (ou entre dois parágrafos) nem sempre vem expressa linguisticamente.  Por exemplo, as duas frases "Está chovendo.  Vou pegar o guarda-chuva" são ligadas por uma relação de causa-efeito sem a presença de um conectivo.  Mas, na maioria dos casos, principalmente em textos escritos que exigem um nível apurado de formalização (como o científico, por exemplo), a ligação entre duas proposições deve ser expressa linguisticamente.

Para escrever um texto com ligações eficazes e explícitas, não é preciso fazer um estudo sistemático das diversas possibilidades de relações entre proposições.  Basta adquirir o hábito de se perguntar qual é a ligação entre a frase ou o parágrafo em questão e o precedente, garantindo que a relação seja compreensível.

Um erro muito comum é o uso de um conectivo inadequado.  Por exemplo: "Jorge não está indo bem na escola; entretanto, no exercício de matemática tirou nota baixa".  Nesse caso, foi usado um conectivo que indica oposição, contraste, quando na realidade a relação entre as duas frases é de reafirmação (de fato) ou de exemplificação (por exemplo), ou ainda de conclusão (por isso) ou até de explicação (pois), dependendo do que se quer enunciar.

Um outro defeito típico é o uso constante de conectivos aditivos (e,  também, além disso) para ligar entre si frases escritas ao acaso, uma depois da outra, sem um planejamento real.  Também é comum que o conectivo "por exemplo" seja mal usado, introduzindo uma ideia que não é exemplificação da precedente.  O uso demasiado e inadequado desses conectivos gera um texto descuidado, que não apresenta ligações mais "fortes" entre as ideias.

          Vejamos alguns tipos de relações.

1. Articulação sintática de  condição

Condição: é o fato real ou hipotético necessário à realização ou não de outro fato.

O principal articulador sintático de condição é o se. É o único que leva o verbo ao futuro do subjuntivo. A oração principal pode estar no futuro do presente ou no presente do indicativo com valor de futuro. Ex.: Se você viajar hoje à noite, poderá descansar mais amanhã. / Se você viajar hoje à noite, pode descansar mais amanhã.

Os outros articuladores são: caso, contanto que, desde que, a menos que, a não ser que, sem que. Ex.: A menos que você preste atenção, vai errar.

2. Articulação sintática de causa/ consequência

Causa/consequência: a causa é aquilo que provoca um determinado fato; a consequência é o efeito do fato.

Os principais articuladores sintáticos de causa são:

Conjunções e locuções conjuntivas: porque, pois, como (antes da oração principal),  já que, visto que, uma vez que.

Preposições e locuções prepositivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, em consequência de, por motivo de, por razões de.

Ex.: Já que estava com pressa de regressar ao Brasil, não fui até Roma.

3. Articulação sintática de oposição

Oposição : relaciona ideias que se opõem.

Faz-se por meio dos processos de coordenação adversativa e de subordinação concessiva.

Coordenação adversativa: são os articuladores mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto.

Ex.: A polícia conseguiu prender os ladrões, mas as joias não foram recuperadas.

Subordinação concessiva: utilizam-se os articuladores: embora,  ainda que, conquanto, posto que (conjunções ou locuções conjuntivas concessivas) e apesar de, a despeito de, não obstante (locuções prepositivas).

Ex: Embora a polícia tenha conseguido prender todos os ladrões, as joias ainda não foram recuperadas.

4.Articulação sintática de fim

Fim/finalidade: exprime a intenção, o objetivo daquilo que se declara na outra oração.

Comumente usa-se a preposição para, mas há outros articuladores: para que, a fim de, com o propósito de, com a intenção de, com o intuito de, com o objetivo de. 

Ex.: Carlos promoveu Roberto com o objetivo de angariar mais votos.

5.Articulação sintática de tempo

Tempo:     exprime o tempo  em relação à outra oração.

São articuladores   quando, assim que, até que,  enquanto, antes que, logo que, depois que, em seguida, depois de, etc.

Ex.:   Carlos retirou-se quando eu cheguei.

6.Articulação sintática de conformidade

Conformidade:  exprime um fato que está de acordo com o que se declara na outra oração.

 São articuladores conforme, segundo, como, de acordo com,  etc

 Ex.: Conforme as  pesquisas indicam, o presidente deverá se reeleger.

7. Articulação sintática de adição

Adição :  relaciona ideias semelhantes,  acontecimentos em sequência. É uma soma.