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Alfabetização De Jovens

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Por:   •  3/11/2014  •  3.114 Palavras (13 Páginas)  •  228 Visualizações

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A ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - A ABORDAGEM DE PAULO FREIRE

A ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - A ABORDAGEM DE PAULOFREIRE

Raimundo Nonato Teixeira

Doutorando em Desenvolvimento Local (UCM/UCDB)- Mestre em Educação pela UCDB, professor de Educação de Jovens e Adultos e História da Educação e coordenador do NEPA - Núcleo de Estudos Pedagógicos Avançados/UCDB

RESUMO

È inegável a contribuição do educador Paulo Freire para a implantação no Brasil de

uma educação popular tendo como foco principal o combate ao analfabetismo, expressão da pobreza, da miséria e do subdesenvolvimento. A grande obra desse educador, referência em educação para a América Latina, apresenta o compromisso de valorizar o diálogo e a interação como fundamentos necessários para a libertação do educando. Paulo Freire influenciou beneficamente os movimentos educacionais no Brasil e em outros países a partir da década de 50.

PALAVRAS-CHAVE: Paulo Freire, Educação, Alfabetização

ABSTRACT

Paulo Freire`s contribution to the implantation in Brazil of widespread education is undeniable having as its main thrust the combating of illiteracy, which is the expression of poverty, misery and underdevelopment. The great work of this educator, a reference in education for Latin America, presents the obligation of giving importance to dialogue and interaction as necessary fundamentals for the liberation of the pupil. Paulo Freire beneficially influenced educational movements in Brazil and in other countries as of the 50s.

KEY WORDS: Paulo Freire, Education, Literacy.

Neste texto procuraremos analisar a contribuição do educador brasileiro Paulo Freire para a Educação de Jovens e Adultos e, principalmente, a sua benéfica influência para a alfabetização de adultos, resgatando através da mediação, interação e diálogo, o direito à educação básica. Pelo seu trabalho incansável em favor da educação, tornou-se referencial para a educação na América Latina, fundamentando sua ação no debate, na problematizarão e na conscientização. Para ele, o professor é o animador do processo e a alfabetização de adultos não se apóia no autoritarismo e sim na interlocução e na construção de significados. Vamos iniciar nossa reflexão a partir do final dos anos 50, quando surge em Pernambuco uma nova perspectiva em educação, fundamentada nas idéias pedagógicas avançadas, cujo principal líder, Paulo Freire, aponta causas sociais para o analfabetismo e coloca como condição “sine qua non” para a sua superação, o desenvolvimento. Para ele, ninguém é analfabeto porque quer; as condições sócio-econômicas, as desigualdades sociais, a fome, a miséria são as causas deste mal que, por

longas décadas o Brasil não conseguiu superar. Como afirma Gadotti (1995: 28), ao explicitar o pensamento de Paulo Freire: ... o analfabetismo é a expressão da pobreza, conseqüência inevitável de uma estrutura social injusta. Seria ingênuo combatê-lo sem combater suas causas. FREIRE (1979:71) é explícito ao analisar o conceito de analfabeto: O analfabeto apreende criticamente a necessidade de aprender a ler e escrever. Prepara-se para ser o agente desta aprendizagem. E consegue fazê-lo na medida em que a alfabetização é mais que o simples domínio mecânico de técnicas para escrever e ler. Percebemos nessa concepção que a aquisição da leitura e da escrita não é algo meramente mecânico mas sim um processo que parte da necessidade de aprender a ler e escrever, como uma carência ou necessidade pessoal.

Álvaro V. Pinto, (1991)

1em obra de importância, garante que não se pode aceitar o pressuposto de que o analfabeto seja “tabula rasa” como se não fosse possuidor de desejo, paixão, angústia, e capaz de explicitar carências, bem como suas lutas cotidianas e coletivas.

Para esse educador brasileiro, a questão do conceito de alfabetização está intimamente ligada à abordagem que se tem da educação como um todo, evidenciando-se uma visão mais abrangente que se pode chamar de integral, ou seja, onde se resgate a preocupação com a pessoa que se apropria da leitura e da escrita, das operações matemáticas, que tenha comunicação interpessoal, seja elemento ativo na sociedade e, conseqüentemente, construtor do desenvolvimento pessoal e coletivo. Esta é a concepção integral de alfabetização e pós-alfabetização. Combatendo e criticando a educação bancária que consiste em considerar o aluno uma “tabula rasa”, um receptáculo do saber, um ser passivo nos moldes tradicionais, Paulo Freire propunha uma educação que fosse instrumento de transformações sociais, que levasse a pessoa àconscientização, entendida como processo pelo qual o homem adentra as causas profundas dos acontecimentos da realidade social e, por conhecê-las, tende a se comprometer com a realidade e, por conseqüência, contribuir na solução dos problemas a partir do combate às causas que lhe dão origem, entre elas: a fome, a miséria, a falta de emprego, de moradia, de trabalho. Freire distingue, de forma clara, a consciência intransitiva, da crítica e da fanática. Para ele, a consciência intransitiva se caracteriza pelo predomínio da vida vegetativa, e tem como efeito o desconhecimento e desinteresse pela realidade social, havendo em conseqüência, um descompromisso com o mundo em seu entorno. Para ele, na consciência crítica há a compreensão da realidade pelas causas profundas, ou seja, pela raiz da questão (radicalidade) e, na fanática, há uma entrega irracional que fundamenta o sectarismo e atitudes anti-sociais. A alfabetização deve provocar a consciência crítica das pessoas.

Esse pedagogo brasileiro, consagrado em todo o mundo, contribuiu praticando e teorizando a educação popular.

COMPROMISSO COM A ALFABETIZAÇÃO

Nasceu em Recife e suas primeiras experiências são desenvolvidas em Angicos, no Rio Grande do Norte, onde 300 trabalhadores da área rural foram alfabetizados em 45 dias. O resultado foi tão surpreendente que Miguel Arraes, à época Governador de Pernambuco, autorizou em 1962 a experiência em favelas do Recife e o Presidente João Goulart, em nível nacional, pretendendo implantar vinte mil “círculos de cultura” e alfabetizar 2 milhões de adultos por ano. Tinha-se como certo que do contato direto e mutuamente receptivo com o povo, os métodos iriam se definindo.

Paulo Freire, com o golpe militar de 1964, passa 14 anos exilado,

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