Analise comparativas entre livros didáticos portugueses e brasileiros
Por: karolinecampos1 • 24/9/2015 • Trabalho acadêmico • 1.033 Palavras (5 Páginas) • 247 Visualizações
Analise comparativas entre livros didáticos portugueses e brasileiros
Busquei em meu primeiro capitulo demostrar como há diferenças entre a historiografia brasileira e portuguesa do século XX quando à memória da vinda de Cabral ao Brasil e da colonização. No segundo capítulo, foquei na figura de Gilberto Freyre, e como este autor será utilizado por diversos grupos para legitimar suas visões políticas e fortalecer suas identidades. Pretendo, porém, avançar no tempo e visualizar o presente. Neste terceiro capítulo busco focar em um dos mais importantes de difusão e construção da memória e da identidade: a escola. O ensino de História em sala de aula teve, desde o seu princípio, um papel importante na formação de uma identidade nacional, sempre identificado o indivíduo como não apenas um cidadão do país, mas também como ocidental e cristão em um primeiro momento ou de um indivíduo pertence a um sistema capitalista globalizado em um segundo momento (BITTENCOURT, 2010, p.17). Atualmente, contudo, as perspectivas identitárias trabalhadas nas escolas focam-se nas relações entre diferença e identidade, considerando, assim, a existência de contates regional, cultural, social e econômica (IBIDEM, p.19). Há, portanto, um enfoque não apenas nas identidades, mas também nas diferenças entre povos.
A escola no Brasil passa, então, a dar atenção nas mais à identidade nacional trabalhada, mas sim às identidades regionais. Em um país cujas dimensões são tão extensas, essa peculiaridade em trabalhar com as identidades regionais em sala de aula ajudou na construção de uma pluralidade de culturas e meios sociais acima da existência de uma homogênia nação. A diferença primordial entre a identidade nacional e a identidade regional é a cultura. E enquanto a identidade nacional regional prima pela universidade, ou seja, na existência de uma diversidade de grupos diferentes entre si por questões econômicas, sociais e históricas (LAGES, 2008, p.426). O Brasil passa a ter, portanto, uma maior aceitação em sua heterogeneidade cultural, e passa a valorizar esta característica.
Em Portugal as identidades são menos fragmentadas, graças à menor extensão territorial e ao maior período de existência do estado português. Apesar de haver Alentejo ou dos Açores, a identidade nacional portuguesa é menos discutida, graças ao pequeno território do país. A identidade portuguesa será trabalhada menos no sentido regional, valorizando, por conseguinte, a língua materna, os símbolos nacionais, as personalidades nacionais e os fatos históricos relevantes para a nação. Há, portanto, uma maior homogeneização da criação da identidade nacional, apesar de não descartarem a valorização do regional (ARAÚJO, 2008, p.120).
A identidade de um povo constitui-se também graças às memórias individuais e coletivas. A memória é importante para que os habitantes se identifiquem com o seu próprio grupo ou com o local onde vivem e entendam as suas origens e as experiências sócias com que convivem. A memória, por tanto, esclarece os vínculos entre a sucessão de gerações e o tempo histórico que as acompanha (BITTENCOURT, 2010, p.139). A reprodução dela tem, deste modo, fundamental importância para o entendimento do mundo que os cerca, tanto no presente como na construção do passado, e por este motivo é trabalhada nas escolas.
Tanto a memória quanto a identidade são questões trabalhadas nas escolas, e também nos livros didáticos. O livro didático é uma mercadoria que obedece ao mercado de seu tempo (IBIDEM, p.71), porém, ele também é um importante veículo portador de sistemas de valores, ideologias e de cultura (IBIDEM, p.72). Ele é uma criação de seu tempo, que demonstra os valores de uma sociedade, o que ela valoriza naquele período, quais são os preconceitos, focos e questões importantes. O livro didático é um documento, já que, como objeto de seu tempo ele é passível de ser investigado. Através dele e das perguntas efetuadas pelo investigador, é possível perceber o que determinados grupos queriam dar ênfase, seja os governos, as editoras ou os sujeitos (IBIDEM, p.86). O livro didático é, por consequência, uma importante fonte para a percepção de como os povos em determinados períodos, enxergam e propagam as ideias, memórias e identidades.
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