Angustia Executiva
Artigos Científicos: Angustia Executiva. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: patycezar • 5/10/2014 • 1.436 Palavras (6 Páginas) • 840 Visualizações
18/07/2011
Qual é o sentido do trabalho para você?
Postado por Taynã Bonifácio
Ao longo dos anos e da história, o trabalho foi ganhando diferentes significados. Na Idade Média, Santo Agostinho traz o conceito de co-criação do mundo para o trabalho e faz dele algo divino. Com o renascimento, o trabalho assume uma outra característica, ganha status e passa a ser visto como forma de auto-expressão.
Com a revolução industrial no século XVIII, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs. Surge o liberalismo econômico, a acumulação de capital e o capitalismo torna-se o sistema econômico vigente. Adam Smith cria o conceito de homo economicus, no qual o trabalho é fundamentado sob o ponto de vista econômico.
Do ponto de vista subjetivo, notadamente com a teoria de Karl Marx, o trabalho é elevado como principal via de acesso à essência humana. Para Marx, o trabalho tinha o papel principal na definição do ser, por meio dele o homem se externalizava, ele agia e se transformava por meio de seu trabalho.
Um estudo conduzido, pela psicóloga Betania Tanure e pelos pesquisadores Antonio Carvalho Neto e Juliana Oliveira Braga revelam a angústia da vida executiva nas empresas brasileiras. Parte do estudo foi publicado na Revista Época Negócios (Edição 3, Julho de 2007) e mostra como o ambiente de trabalho se tornou fonte de infelicidade para os profissionais. O levantamento abrangeu mais de mil executivos de aproximadamente 350 empresas. Segundo a pesquisa:
84% dos executivos são infelizes no trabalho.
76% deles acessam e-mail profissional fora do horário de trabalho.
58% acham que os cônjuges estão descontentes com o ritmo excessivo de trabalho deles.
55% vivenciam uma mudança radical no trabalho.
54% estão insatisfeitos com o tempo dedicado à vida pessoal.
35% apontam problemas com o chefe como a crise mais marcante de suas vidas.
Apesar de 84% dos executivos estarem infelizes no trabalho, a mídia insiste na imagem do estereótipo de herói do mundo corporativo. As revistas de negócios estão repletas de rostos de executivos felizes e realizados. O que mostra uma outra face da realidade: para sobreviver nesse ambiente de negócios é preciso transmitir a imagem do sucesso, da carreira bem sucedida, do “super-executivo”.
Porém, chega um momento em que todo ser humano depara com uma questão fundamental: se é ou se foi feliz ou não? E nesse momento, as máscaras podem cair e esse “super executivo” vivenciar uma outra realidade.
A dinâmica atual do mercado é marcada por mudanças constantes e uma sensação de incerteza em relação ao futuro. A cada momento o profissional está envolvido em um novo projeto, ou mesmo em uma nova empresa, o que dificulta a construção de uma narrativa linear em relação a formação de sua identidade. Não existe uma narrativa central ao longo da vida, mas sim diversos fragmentos de pequenos projetos.
Richard Sennett em seu livro A Corrosão do Caráter, mostra como capitalismo flexível, com suas mudanças constantes e visão de curto prazo, afeta a construção do caráter e cria laços fracos. Sennett diz: “As condições de tempo no novo capitalismo criaram um conflito entre caráter e experiência, a experiência do tempo desconjuntado ameaçando a capacidade das pessoas transformar seus caracteres em narrativas sustentadas.”
Essa ausência de narrativas sustentadas podem acarretar um outra aspecto da infelicidade dos profissionais: a ausência de sentido naquilo que fazem. Fernando Bendassolli em seu livro Trabalho e Identidade em tempos sombrios diz: “Mudanças constantes nas tarefas impedem a existência desse tempo apropriado para os relacionamentos consolidarem-se em hábitos ou regras que então passam a governar os relacionamentos. As consequências, para Durkheim, são graves: se o indivíduo trabalha sem saber para que ou para onde isso o levará, só lhe resta seguir a rotina, num movimento monótono e repetitivo sem interesse. A anomia seria um estado semelhante àquele da alienação: em ambos os casos é ausência de propósito, de sentido, que está em questão – para Marx, a falta de sentido pelo fato do trabalho não poder mais realizar o homem; para Durkheim, a falta de sentido pelo fato do indivíduo não participar de uma consciência comum.”
Diante desse cenário, uma nova geração está invadindo o mercado de trabalho: a geração Y. Esse geração é composta por jovens que nasceram entre 1980 até 2000 e traz consigo novos valores para o mundo corporativo. Diferente de seus pais da geração X que buscavam um trabalho para a vida toda, essa geração quebra rapidamente os vínculos com as empresas e permanecem nelas apenas enquanto o trabalho ainda faça sentido. A rotação não os assusta (a situação do mercado lhes permite isso) e, apesar de se motivarem a escalar posições, não é tanto pelo que estas representam em poder, mas porque implicam reconhecimento e maior possibilidade de colocar em marcha suas iniciativas.
Um estudo organizado por Mark McCrindle da Australian Leadership Foundation mostra outros aspectos interessantes dessa geração, um deles é a busca de um grande significado no que fazem. Esta geração tem observado seus pais obterem a recompensa do trabalho duro: casas, carros e riqueza material.
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