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Artigo de Elizabeth Macedo, Tema Currículo (Resenha)

Por:   •  14/2/2019  •  Resenha  •  1.095 Palavras (5 Páginas)  •  646 Visualizações

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Trabalho em grupo de didática 2019.3

Professora: Rita

Ensaio teórico

Autores: Antônio Flávio Barbosa Moreira; Elizabeth Macedo; Alice Cazemiro Lópes; Thomas Tadeu da Silva;

Artigo da Elizabeth Macedo (Resumo)

CURRÍCULO COMO ESPAÇO E TEMPO DE FRONTEIRA CULTURAL

Elizabeth Macedo começa uma discussão sobre economia, política e cultura no campo de currículo evidenciando sua opinião, declarando ser a favor do ponto de vista dos autores Santos e Nunes, os quais apontam que é necessário que se faça outra leitura do cultural.

“Uma leitura que não se fixe nas distinções entre cultura, economia e política, mas que entenda que o cultural, ao ser refuncionalizado como mercadoria, rearticula sua dimensão política. Uma leitura que perceba como o espaço-tempo da cultura incorpora valores de mercado, mas também alternativas que o tornam político por excelência. Uma leitura que, enfim, seja capaz de pensar o espaço-tempo da política como um cruzamento entre características globais do capitalismo e especificidades locais em um processo que envolve hibridismos.” (Santos e Nunes, 2003)

Desta forma, observa-se que para tal visão é necessário conceitualizar o currículo como espaço-tempo cultural. Sendo assim, é importante ressaltar a relação ao hibridismo de perspectivas teóricas que tem caracterizado a discussão sobre currículo e cultura é a influência das teorias críticas, apesar de estar associada a diversas discussões com viés pós-crítico.

 Em um pensamento critico, os autores Moreira e Silva, definiam currículo como um terreno de produção e de política cultural. Esse entre outros trabalhos de Moreira, como em estudos mais recentes com Macedo o qual demonstra interesse de que se reformule o  conhecimento a para teoria política do currículo sobre a seleção e organização do conhecimento escolar e sobre as relações de poder que lhes são subjacentes.

Por outro lado, Silva demonstra em seus trabalhos discutindo currículo e cultura uma visão pós-estrutural de forma parcial, com manutenções de categorias da teoria crítica especialmente referente à centralidade de conhecimento.

Essas análises mencionadas foram feitas para nos atentar para a dificuldade de compreender currículo como cultura que depende de um espaço-tempo. Sendo assim o objetivo de Elizabeth Macedo é trazer uma discussão sobre a aceitação de diversas culturas nas quais precisamos aceita-las e entender que se originam de diversas fronteiras e precisamos integrá-las ao currículo.

Na discussão sobre currículo como espaço-tempo de fronteira, a autora diz que considera currículo como espaço-tempo em que sujeitos diferentes interagem, sendo um processo cultural que acontece em um lugar-tempo cultural do currículo escolar, sendo este currículo projetado em nossas falas, e que é diferente para cada um de nós, sem generalizar, e também sem particularizar.

Além disso, há a defesa que não há distinção entre currículo formal e vivido, não apenas em distinções didáticas, mas principalmente às conseqüências sobre estudos das políticas e das práticas curriculares. Na verdade, acredita-se que esses currículos são processos advindos da produção cultural.    

Neste sentido, antes de formularmos um currículo é necessário pensarmos no que chamamos de Educação. Segundo Bhabha, pode-se dizer que a educação emerge de um movimento de narrativo duplo: a temporalidade continuista a qual é um conjunto de saberes culturais, sendo o conhecimento acumulado, cultura burguesa, cultura nacional entre outras. É evidente que a pedagogia tradicional atua na propagação dessas culturais, não de forma unificada, mas integrante do que chamamos de educação. A outra narrativa seria uma estratégia performática, que seria  uma temporalidade que as narrativas tradicionais da escola, os projetos críticos de um cidadão emancipado, a hegemonia eurocêntrica ampliada, nem a colonização da escola pela ciência podem impedir o surgimento e a construção de temporalidades disjuntivas.

Currículos podem ser considerados como práticas ambivalentes, ou seja, híbridos culturais em que estão mesclados os estudos da ciência, da nação, do mercado, as religiosidades e tantos outros que são também híbridos em suas próprias constituições. Entender currículo como híbrido cultural é crucial para pensar a diferença como um discurso relacional em que o próprio sistema de sua representação está em questionamento. E para pensar a diferença podemos tratar do currículo como espaço-tempo híbrido, de fronteira entre culturas que se legitimam de forma diferenciada.

Com tantas teorizações sobre o currículo escolar e a inclusão cultural, há dificuldades em pensar a diferença na sociedade moderna e no currículo. Hall defende que os sistemas globais convivem com localismos que eles mesmos produzem. Localismos que chocam suas distintas temporalidades com o desejo universal desses sistemas e só podem ser superados pela mediação do próprio sistema a que resistem (Santos & Nunes, 2003).

 É, pois, na perspectiva de que, para além dos discursos homogeneizantes – do Iluminismo, do mercado, da nação –, o currículo escolar é habitado por uma diferença que não se define como a oposição ao homogêneo, que é possível tratá-lo como uma espécie de espaço-tempo cultural liminar. Um espaço-tempo em que as culturas presentes negociam com “a diferença do outro”, que explicita a insuficiência de todo e qualquer sistema de significação. Assim, se o currículo pode ser visto como um espaço-tempo híbrido de fronteira, ele é também uma arena em que se dá uma experiência colonial. Nele convivem as culturas locais dos variados pertencimentos de alunos e professores com as culturas globais, majoritárias tanto nos currículos escritos quanto, possivelmente, nos vividos nas salas de aula. Sendo assim, Elizabeth Macedo propõe que as culturas globais e currículos em ação sejam tratados como espaços tempos de colonização. Uma colonização que não é operada pelo professor sobre o aluno, como parece propor Ladwig (2003), mas por um híbrido Iluminismo/mercado sobre outros sistemas culturais. A autora ainda defende que tanto professor como aluno convivem com a proposta colonial de substituição de saberes menos organizados (ou sincréticos) por outros com nível maior de organização (ou sintéticos).

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