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As Contribuiçoes De BARTHES

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Por:   •  16/9/2013  •  3.466 Palavras (14 Páginas)  •  367 Visualizações

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O poder sempre ocupou um lugar de destaque na reflex„o sobre o

discurso. As perspectivas que procuraram e que procuram estabelecer elos de

ligaÁ„o do poder com a linguagem s„o, no entanto, muito variadas. Como,

ali·s, È muito variada a prÛpria maneira de se conceber os fenÙmenos da

significaÁ„o. Disciplinas especializadas como a ling¸Ìstica, semiologia,

semiÛtica, an·lise de discurso, filosofia da linguagem apresentam formas

diferentes de abordar a quest„o. E, no interior de cada uma dessas disciplinas,

h· ainda diferentes (e antagÙnicas) correntes teÛricas.

Propomos apresentar, neste artigo, como a relaÁ„o discurso e poder foi

abordada no interior da tradiÁ„o francesa de estudos da linguagem,

principalmente semiolÛgicos. Esse recorte se justifica pelo fato da quest„o do

poder ter sido tematizada, nesse campo, de uma forma bastante explÌcita,

devido a influÍncia seja do pensamento de Marx (atravÈs de autores como

Roland Barthes e Mikhail Bakhtin), seja do pensamento de Michel Foucault (em

cuja reflex„o o poder ocupa um lugar central). Ser· justamente em torno

desses autores principais que organizaremos nossa exposiÁ„o, privilegiando

entre eles Roland Barthes.

A escolha n„o foi aleatÛria. Barthes È um pensador bastante

emblem·tico de um certo caminho que a semiologia percorreu desde suas

origens estruturalistas. Tomaremos esse autor metonimicamente, para a

trabalhar algumas questıes cruciais para a evoluÁ„o da reflex„o sobre a

linguagem, principalmente no que tange ‡s suas relaÁıes com o poder.

Para falar da contribuiÁ„o barthesiana para os estudos de linguagem,

vamos recuar um pouco atÈ Ferdinad de Saussure. Todo o pensamento

contempor‚neo sobre linguagem se refere, de uma forma ou de outra, a sua

obra fundadora. Saussure È considerado o pai da ling¸Ìstica moderna por ter

sido o primeiro a estabelecer as bases dessa ciÍncia, definindo-lhe um objeto e

um mÈtodo de an·lise.

No seu Curso de Ling¸Ìstica Geral (1916), Saussure afirmou que a

linguagem verbal (oral e escrita), por ser multiforme e heterÛclita, n„o poderia ser objeto da ling¸Ìstica. Afinal, um simples ato de fala envolve muitas var·veis:

de natureza psÌquica (associaÁ„o entre imagem ac˙stica e conceito),

fisiolÛgica (transmiss„o pelo cÈrebro de impulso correspondente ao

significante para o aparelho fonador) e fÌsica (propagaÁ„o das ondas sonoras).

A linguagem possui tambÈm uma parte social (a lÌngua, que È compartilhada)

e uma parte individual (a fala, singular a cada indivÌduo e a cada ato). AlÈm

disso, a linguagem pode ser pensada a partir de uma dimens„o sincrÙnica

(enquanto um estado, est·tica) ou diacrÙnica (enquanto uma fase de

evoluÁ„o, din‚mica).

Saussure concluiu, por tudo isso, que a linguagem na sua totalidade era

icognoscÌvel. Para estud·-la, seria necess·rio fazer um recorte que a tornasse

um objeto mais simplificado. PropÙs, ent„o, que se privilegiasse a lÌngua. A

lÌngua, para ele, era a parte essencial da linguagem, porque social: um sistema

abstrato de normas (fonÈticas, gramaticais e lexicais), que seria anterior ao

indivÌduo e a ele se imporia como uma forÁa coercitiva. A fala, ao contr·rio,

seria individual (dependeria de um ato de vontade e inteligÍncia), condicionada

por fatores contingentes, difÌceis de determinar e, portanto, inapreensÌvel

cientificamente. AlÈm disso, Saussure propÙs que se privilegiasse a

perspectiva sincrÙnica, pois acreditava que n„o deveriam ser enfatizados, nos

estudos sobre a linguagem, os elementos do contexto socio-histÛrico, por

serem externos ao sistema ling¸Ìstico.

A ling¸Ìstica tal como definida por Saussure desempenhou, ao longo dos

anos 1950 e 1960, o papel de ciÍncia piloto, orientando os passos das ciÍncias

sociais como um todo e constituindo a base unificadora do movimento

estruturalista, que se expandiu na Europa, nesse perÌodo, com um Íxito sem

precedentes. A Filosofia (Merleau-Ponty), a Antropologia (LÈvi-Strauss) e a

Psican·lise (Jacques Lacan) foram algumas das disciplinas que logo

assimilaram o seu programa e o seu mÈtodo. No interior da prÛpria ling¸Ìstica,

a perspectiva foi desenvolvida principalmente por Louis Hjelmslev, que por sua

vez teria uma influÍncia direta na obra de Roland Barthes.

Ainda no Curso de Ling¸istica Geral, Saussure postulou a criaÁ„o de

uma ciÍncia geral dos signos, da qual a ling¸Ìstica seria uma parte, a qual deu

o nome de semiologia. Essa disciplina foi desenvolvida, na dÈcada de 1940,

por autores como Troubetzkoy, Buyssens, Martinet e Pietro. Mas essa primeira geraÁ„o de semiÛlogos,

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