Aspectos Fisiológicos da Atividade Aérea e seus Riscos
Por: phnicolau • 29/9/2021 • Artigo • 960 Palavras (4 Páginas) • 237 Visualizações
Aspectos Fisiológicos da Atividade Aérea e seus Riscos
O ser humano sempre foi impulsionado por desejos e desafios. Um dos maiores sempre foi o de voar. Após inúmeras tentativas, finalmente conseguimos chegar aos céus. Porem o ser humano, em sua fisiologia, não é evoluído para o voo e por isso, problemas e situações adversas foram observados, como ilusões, hipóxia e disbarismo. Com o passar do tempo, a tecnologia embarcada se desenvolveu a tal ponto de um avião ser capaz de fazer todo o voo de forma automatizada, porem, ainda sim se observa acidentes e incidentes onde a percepção humana e seus sentidos, foram fatores principais para o acidente.
A audição, visão e o equilíbrio são os principais sentidos humanos para o voo. Porém, apesar de aguçados, eles também são passiveis de ilusões. Entre os tipos mais comuns de ilusões temos as ilusões causadas por agentes visuais e as ilusões vestibulares. Entre as visuais, podemos relacionar a Autocinese, que é a ilusão de movimento e alteração de profundidade em relação a um objeto durante noites muito escuras e olhar fixo em tal ponto; o “Black Hole”, que é uma ilusão criada entre uma pista muito iluminada em contraste com um entorno escuro, que pode causar a ilusão de se estar mais alto que realmente está, levando o piloto a fazer uma rampa de aproximação mais baixa que o normal e consequentemente fora do gabarito de segurança. Existem ainda as ilusões causadas por terrenos uniformes, como o mar, que causa uma falsa sensação de estar voando mais alto do que realmente se está. Há também a ilusão quanto a largura de uma pista, que faz com que o observador sinta que está mais alto ( pistas estreitas) ou mais baixo (pistas largas) do que realmente está.
Já entre as vestibulares, observamos a ilusão de vertigem, que é a sensação errada que se dá durante uma curva prolongada, de estar curvando para o lado oposto ao real da curva; a ilusão somatográfica, que é a de estar descendo, durante uma desaceleração brusca, ou de subida, em uma aceleração elevada. Podemos citar também a ilusão de desnivelamento e o espiral da morte. As duas passam a sensação de nivelamento da aeronave, quando na verdade a mesma se encontra em curva.
Na aviação também podemos observar outros fenômenos do corpo humano, como o disbarismo, que pode ser definido como um conjunto de disfunções relacionadas a variação de pressão ambiente. Um dos mais comuns na aviação é a hipóxia, que é uma suboxigenação das células, normalmente causada por altitudes elevadas, onde a presença de oxigênio é menor. Para evitar tal fenômeno, as aeronaves de alta performance são pressurizadas, permitindo que a aeronave voe em grandes altitudes mantendo a pressão interna a níveis baixos.
Nós, pilotos, temos que estar muito atentos para evitar que situações como essas ocorram em nossos voos, principalmente os da hipoxia, que considero o mais perigoso, por ser algo rápido e, na maioria das vezes, silencioso. A história nos mostra casos onde vidas foram perdidas por causa do efeito da hipoxia na tripulação, como é o caso do voo Helios 522, que em 2005 bateu em um morro ao norte de Atenas, Grécia, por falta de combustível, após ter voado por mais de 3hs sem nenhum comando por parte dos pilotos, que estavam desacordados devido aos efeitos da hipoxia, que começou logo após a decolagem com a não pressurização da cabine.
Acredito que todos deveriam ter a chance de poder experimentar uma câmara hipobárica, como a que tem no Instituto de Medicina Aeroespacial Brigadeiro Médico Roberto Teixeira (IMAE), a fim de poder conhecer os efeitos da hipoxia em seu organismo e assim saber identificar e combater com antecedência tal ameaça.
Por ter de estar sempre atento, combatendo constantes ameaças externas e internas, a profissão de aviador é uma profissão extremamente desgastante e estressante. Isso faz com que surja mais uma ameaça, silenciosa e decorrente também de todas essas acima citadas, que é o stress e a fadiga. O stress, que está ligado a questões psicológicas, apesar de ser inerente a profissão, deve ser controlado e monitorado, para que não evolua e leve a casos mais sério, assim como a fadiga, que está ligada a questões físicas, onde temos que controlar para que não chegue a uma fadiga crônica. A fadiga e o stress podem ser causados por fatores individuais, ambientais, organizacionais e operacionais, levando o individuo ao um estado de exaustão física e mental, prejudicando-o na execução de suas tarefas, como também influenciando todos ao seu redor. Uma tripulação onde o comandante está sob estresse e fadiga é totalmente prejudicada e influenciada pelo mesmo, diminuindo os níveis de segurança operacional e gerando mais estresse e fadiga em todos a sua volta.
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