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Brincadeiras Cantadas

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Por:   •  20/5/2014  •  1.980 Palavras (8 Páginas)  •  1.500 Visualizações

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FAZ,CONTA E APRONTA

O Contador de Histórias contemporâneo e seus olhares

“...E CULTURA A GENTE ARRANJA

SE OBSERVAR COM CUIDADO.

MINHA MÃE JÁ ME DIZIA

QUE HOMEM CULTO,EDUCADO,

É ASSIM PORQUE LÊ MUITO

BUSCANDO SER MELHORADO.

ENTÃO SAIBA VOCÊ QUE PRA SE ARRANJAR CULTURA,

É PRECISO SE “ANTENAR”,

EXERCITAR A LEITURA

E PASSAR A VIDA TODA

NUMA CONSTANTE PROCURA”. ( Acopiara, 2012)

Cantares e Contares: Brincadeiras Faladas

O Contador de histórias, em todo tempo e lugar, encontrou quem o escutasse. Nas sociedades tribais primitivas essa atividade, conservava e transmitia a história e conhecimento acumulado pelas gerações, às crenças, ao mitos, os costumes e valores a serem preservados pela comunidade. Durante séculos, foi através da realidade que a cultura popular se manteve, sem pergaminhos, mas memória viva.

De acordo com Gomes (2012), a arte de contar histórias, é também uma arte da memória. Não é difícil perceber que a memória é sempre o reencontro com a tradição. Tradição social, efetuada pelo exercício social da oralidade. Ou seja, a arte de conta histórias que se apresenta como um exercício social que reaviva e atualiza a memória afetiva (do antigamente).

O contador precisa conhecer o seu oficio, ativar a imaginação e se inserir na memória social. Mas o que fazer quando a memória é um papel em branco? Sem lembranças, sem voz popular? É só prestarmos atenção e aguçarmos os ouvidos, podemos ouvir como as ruas sussurram as suas histórias, podemos ouvir a voz de dentro. E o seu papel está em branco?

O brincar renova as palavras, as brincadeiras faladas então no repertório popular de advinhas, trava línguas, parlendas, cantorias e recitações. O contador lúdico ativa no ouvinte o “ato de imaginar”, a curiosidade, o encantamento, acessando assim, a veia ligada ao coração que absorve a palavra carregada de afeto.

A memória afetiva, então apreende os sentidos (signos) da realidade, apropriando-se da linguagem e atualizando-a até o reconhecimento. O brincar com as palavras é um dos componentes da memória afetiva, pois, com seus ritmos e rimas, com suas sugestões carregadas de humor e fantasia, propicia a interação com as crianças, abre o mundo fascinante para elas. Com a tradição oral, cresce o interesse em preparar por meio do ouvido e do corpo a formação dos leitores, vendo na brincadeira uma necessidade e uma forma de socialização e de afeto, que provoca e deleita. O Contador de histórias tem feito do ato de contar uma partilha, uma doação, em que o indivíduo se reconhece como participante. Nessa partilha, o contador contribui para a formação de um leitor vivo pois há a “abertura da alma”, a aproximação, troca de afeto (olhar, palavras...).

De acordo com Machado (2004), a alma das pessoas está seca, precisa ser regada com histórias, pois as histórias ensinam a ser de muitos jeitos; humano, crítico, sensível, criativo, generoso, solidário...Precisamos regar as crianças desde cedo, para que ela possa construir o caminho entre o real e o imaginário e trazer para si, o que as histórias tem de melhor, o encantamento e o afeto (valores).

O ato de contar e recontar, de ouvir e ouvir de novo faz parte da memorização animada e viva das crianças, isso é a riqueza do imaginário. O incentivo não se encontra apenas na prática de leitura dos livros, mas desde o momento que a mãe canta acalantos para a sua criança. É claro, que há, na infância uma receptividade mais rápida dos elementos do universo da oralidade, principalmente àqueles que são unidos por jogos e brincadeiras. Os corpos das crianças registram sentimentos, brincadeiras, acontecimentos. Podemos dizer que elas sentem as palavras (se são duras, moles, etc), elas degustam as palavras (se são amargas, doces, etc), elas brincam com as cores, os sons, e geram novas e incríveis palavras. Ao acreditarmos que o brincar pode ser um rito de entrada para outras possibilidades, podemos nos perguntar se o contador de histórias pode fazer o mundo pelo afeto.

Segundo Benjamim, uns dos mais brilhantes pensadores do século XX, tudo o que desperta a vida imaginativa das crianças podia também deleitar os adultos, pois os brinquedos surgiam como miniaturas do mundo real em que os pais exerciam suas funções sociais. Reavivar as brincadeiras e os jogos no espírito de adultos e crianças não compromete o indivíduo apenas naquele momento, mas o remete às memórias afetivas e cria o ambiente propício para o futuro leitor. Que tal contares e cantares para brincar?

De acordo com Yune (2012), A narração oral de textos autorais sabidos de memória ou de contos da herança popular tornou-se, pouco a pouco, uma prática sedutora e fascinante, capaz de reunir um público heterogêneo em idade e interesses para simplesmente ouvir histórias retomando o contato com a tradição da palavra.

Antigamente havia uma oralidade primária, vivia até hoje, nos ditados populares, nos trava línguas, nas adivinhações, nas rezas e celebrações que impunham quase rituais, por trazerem o “espírito” daquilo que invocavam ou rememoravam. O que lhes permitia não confundir as oralidades, nem se esquecer das “fórmulas” era justamente a forma, isto é, as marcas específicas de ritmo, ressonância, as imagens e as figuras que recordavam a experiência, o vivido. Essa oralidade era guardada no coração, de modo que sabiam “de cor”. Hoje com a velocidade com que a informação circula, importa tecnologicamente cada vez mais, as histórias podem ser uma arma poderosa em favor da disseminação da leitura e uma provocação com gosto de “quero mais”, pois a narração, oferece de imediato à fruição do público. Isso significa que quanto mais ele ouvir textos bem escritos ou de acervo popular, melhor será seu desempenho verbal falando ou escrevendo e certamente, terá resistências cada vez menores com relação à leitura. E assim o narrador suscita o imaginário, apresenta escritores, cativa leitores e, invariavelmente com o tempo, conduz o livro. Ler ou contar junto em sala cria cumplicidade que nos lembra o colo de mãe ou da avó, cria laços de confiança entre a escrita e o leitor e também passa pela oralidade, pela leitura e expressão do entendimento, do sentimento que vai tecer a trama do sentido em vozes diversas e amplificar a potência do texto lido ou narrado. O olhar é imaginário do ouvido e a fala é uma expressão viva do corpo, da presença assim a linguagem se transforma ao longo do tempo, pois cria asas e sobrevoa por diversos caminhos.

Ainda é possível Lembrar que, em sua atividade, o contador de histórias é um divulgador das obras de autores e das próprias editoras, uma vez que não deve ocorrer narração sem o anúncio das fontes. A literatura tornou-se senha de aproximação e intimidade com a palavra.

O gosto de ler não passa por obrigação, nem pelo tato (ter o livro entre as mãos), mas pelo contato amoroso e prazeroso do ler com, do ouvir, olhos nos olhos, hálito com alento, algo que as mães a avós souberam usar à noite, ao pé da cama, ao pé do fogão, para criar laços e simpatias, entre eles mesmos e para com os outros. Assim as narrativas sobreviveram para serem escritas e recontadas. Narrar é uma estratégia de sensibilização. A palavra é em si mesma o que se pronuncia para criar realidade humana: Deus não escreveu “Faça-se a luz” (cf. Gn 1,3b), mas disse e fez. Aos poucos, as palavras vão soando como pessoais, entendidas, admiradas, apropriadas e, com isso, também cada um “cria seu mundo”. E a palavra oral humana também faz “escritura”.

De acordo com Matos (2012), na artes de contar histórias o grande salto do processo criador está na transformação do próprio caminho em obra, ou seja, o texto construído na cena da oralidade, pronta a enriquecer o caminho do outro que, ao identificar-se e reconhecer-se nela, participa de seu movimento. Catherine Zacarte (1987) comenta “O esqueleto, os ossos são a estrutura do conto, você se modifica, você quebra o conto”. O “Instrumento” essencial na arte de contra histórias é o corpo do contador (gestos e voz). No caso da voz, o ritmo, a tonalidade, as interpretações vocais, a entonação, ajudam a compor os cenários. Do corpo vem os gestos, marca o ponto de equilíbrio entre gesto e a fala. As expressões faciais e o olhar harmonizam toda a cena. Buscar na própria experiência os recursos para comunicar: Esse é o caminho. A arte de contar histórias não acontece de fora pra dentro, ela começa no coração para tocar o coração do outro.

Um velho ditado africano diz: “Quando palavras saem da boca entram nos ouvidos, mas quando palavras saem do coração chegam ao coração”.

A escolha entre ler e contar

É importante ler para:

 Valorizar a ação da leitura, trazer o livro como objeto e veículo de aprendizagem.;

 Apresentar a melodia e a construção das frases do texto popular, do texto de autor que manifestam na clareza sonora e encadeada de sua construção poética, trata-se de focalizar a ideia da literatura como importante fenômeno cultural;

 Manusear o livro e mostrar as imagens que ilustram o texto, solicitando a apreciação das crianças, chamando sua atenção para o modo como as ilustrações contribuem para a história (leitura compartilhada);

 Apresentar o livro (autor, ilustrador, editora).

É importante contar sem o apoio do livro para:

 Experimentar o contato livre e direto com o ouvinte, por meio da qual os olhos, mãos e gestos corporais do narrador encontram os olhos, as mãos e os gestos corporais do ouvinte, permitindo que essa receptividade contribua para o seu modo de relatar a história, para criar laços afetivos com o ouvinte;

 Experimentar a improvisação, sem texto decorado, deixando que as palavras se encadeiem ao sabor do momento, é claro, pela sequência narrativa da história e pelo coração do contador que guiará a oralidade por todo o percurso;

 Explorar recursos e externos de narração (liberdade);

Atividades práticas: Cantigas, Brincadeiras e Jogos cantados

Seu macaco A/E

O seu macaco comprou uma sanfona, foi pra floresta tocar,

A cobra entrou na dança e foi dançando até se enrolar, enrola, enrola, enrola até parar.

A girafa entrou na dança e foi dançando até esticar, estica, estica, estica até parar.

O elefante entrou na dança e foi dançando até balançar, balança, balança, balança até parar. (Domínio Público)

Epo tai tai

Epo tai tai ééé

Epo tai tai ééé

Epo tai tai

Epo e tuki tuki

Epo tai tai ééé

(Cantiga Africana. Saudação, alegria de ver todo mundo reunido). Domínio Público.

“Pula pula pipoquinha, pula pula sem parar, dá uma voltinha e senta no lugar”. Domínio Público.

Iliboom: Todos cantam e fazem a coreografia. Iliboom iliboom (enrola as mãos) ili ili (bate as duas mãos nas coxas) ratatá (palmas) Domínio Público.

Põe a mão no ombro, na cabeça, no nariz e no dedão do pé. Da uma rodadinha 3 pulinhos 1, 2, 3, da um abraço no seu vizinho – Variação: da uma dançadinha, faz um carinha, da um tchauzinho, da um tchauzão. Domínio Público.

Olá como vai você, olá como vai você, sou a... ... muito prazer!

Corpo C/F/G

Estou conhecendo o meu corpo, para ver o que ele faz (bis)

Ele pula, ele roda, ele anda pra frente ele anda para tras. Agora é a sua vez me mostra então o que é que o seu faz¿. PEITO, COXA E BUBUM.

Não se atrapalhe G/C/D

Vê se anda, vê se anda, vê se anda para poder me acompanhar.

Vê se corre, vê se corre, vê se anda, vê se corre para poder me acompanhar.

Vê se pula, vê se pula, vê se anda, vê se corre, vê se pula para poder me acompanhar.

Vê se roda, vê se roda, vê se anda, vê se corre, vê se pula, vê se roda não pode se atrapalhar.

Referência Bibliográfica

ACOPIARA, Moreira de. O que é cultura popular. São Paulo Cortez, 2012.

GOMES, Lenice; MORAES, Fabiano, organização. A arte de enantar: O contador de histórias contemporâneo e seus olhares. São Paulo, Cortez 2012.

MACHADO, Regina. Acordais. São Paulo: Editora Difusão Cultural do livro 2004;

MATOS, Avelar Gislayne. A palavra do contador de histórias. São Paulo, Martins fontes 2005.

MATOS, Avelar Gislayne. O ofício do contador de histórias. São Paulo, Martins fontes 2005.

TAHAN, Malba. A arte de contar histórias. Rio de Janeiro, Conquista, 1957.

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