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Carr

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Por:   •  16/3/2015  •  553 Palavras (3 Páginas)  •  171 Visualizações

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dward Carr, em “The Twenty Years’ Crisis 1919-1939”, debruça-se sobre a crise internacional então corrente, buscando relacioná-la com ciclos históricos de maior amplitude, verificando, ainda, a capacidade explicativa dos instrumentos de análise então disponibilizados pela recém-nascida disciplina das Relações Internacionais. O autor caracteriza a trajetória humana no campo da Política (tanto nacional quanto internacional) como o resultado do embate perene de duas perspectivas (ou “visões de mundo”) que informam a análise e a ação dos homens - a Utopia e o Realismo. A ineficácia dos citados instrumentos de análise - que, mais, teriam contribuído diretamente para a conformação da crise internacional de então - é situada no marco desse confronto entre perspectivas. A disciplina das Relações Internacionais, informada decisivamente em seu nascimento pela perspectiva Utópica, afastou-se cada dia mais dos processos mais comuns da realidade internacional, tendo, portanto, adquirido parca capacidade explicativa. A empreitada do autor, portanto, visa também reformular a disciplina atuando sobre suas próprias vigas mestras. O “timing” do lançamento da obra (1939) nos indica que Carr não imaginava que sua contribuição fosse valiosa somente para os pósteros - é razoável imaginar que o autor fizesse assim uma “conclamação” a seus contemporâneos, antes que o “pior” ocorresse - como, afinal, viria a ocorrer pouco tempo depois. Não obstante, o valor da obra, bem como sua influência, persistem décadas após seu lançamento.

A Parte II de “The Twenty Years’ Crisis 1919-1939” é parte fundamental dessa obra. Para os propósitos da presente resenha, podemos agrupar as muitas subdivisões e temas abordados na Parte II em seis principais “momentos”:

1) A construção da perspectiva Utópica nos tempos modernos e seu transplante para o plano internacional, após o flagelo da Primeira Guerra Mundial (dando, origem, pois, à disciplina das Relações Internacionais, bem como deflagrando os “vinte anos de crise”);

2) O choque entre a perspectiva Utópica moderna e a crise internacional revela a ineficácia da primeira (Carr caracteriza esse momento como o das “brechas” ou “rachaduras” no “edifício utópico”). Necessidade de se encontrar novos instrumentos de análise. Para esse fito, o autor crê que, não sendo suficiente a demonstração da ineficácia prática da Utopia, torna-se necessária a própria demolição do “edifício utópico”, através de aguda crítica informada pela perspectiva Realista;

3) A construção da perspectiva Realista em contraposição à perspectiva Utópica;

4) A demolição do “edifício utópico” pela crítica Realista (demonstração do “jogo de projeção de interesses particulares, contextualizados por detrás dos princípios universais e atemporais” da Utopia). A crítica Realista retira qualquer solidez à própria estrutura do argumento Utópico, explicando-a, em seguida, à luz do próprio argumento Realista;

5) “Crítica da Crítica”: Carr afirma que a crítica Realista é insuficiente para explicar a realidade. O autor submete a própria crítica Realista à crítica, concluindo pela existência de quatro obstáculos insuperáveis para esta perspectiva;

6) Conclusão: Carr localiza o “drama político humano”

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