Contar Historias,uma Arte ,sem Idade
Trabalho Universitário: Contar Historias,uma Arte ,sem Idade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: sanb • 20/2/2014 • 2.272 Palavras (10 Páginas) • 520 Visualizações
3. Alternativas de Socialização da Tecnologia
Criar uma nova cultura não significa apenas fazer individualmente descobertas originais; significa também e sobretudo difundir criticamente verdades já descobertas, socializá-las por assim dizer; transformá-las portanto em bases de ações vitais, um elemento de coordenação e de ordem intelectual e moral. (Antonio Gramsci)
A interferência da tecnologia na vida do ser humano é incontestável, tanto positiva quanto negativamente. Assim sendo não basta utilizar bem as tecnologias, faz-se necessários recriá-las, assumir a produção e a condução tecnológica de modo a refletir sobre a sua ação em nossas vidas.
Devemos parar e perguntar qual o espaço que o ser humano (em todos as suas dimensões) ocupa no pensar a tecnologia? Como estão sendo tratados o meio ambiente e o ser humano dentro das pesquisas tecnológicas? Qual a participação da população nas decisões acerca dos avanços tecnológicos? Como o Brasil está tratando os impactos oriundos da tecnologia, na sociedade?
Como vimos anteriormente, de modo geral e ao longo da história brasileira os governos preferiram identificar o processo de industrialização a um modelo de absorção/incorporação de tecnologia oriundas de países desenvolvidos. Junto a estas tecnologias, muitas vezes sem a devida adaptação aos padrões nacionais, absorvemos modelos e comportamentos culturalmente aceitos em outras sociedades, os quais, em sua grande maioria, inadequados a nossa maneira de ser e de viver, condicionando-nos aos padrões estrangeiros.
Este caminhar da sociedade, pautado no desenvolvimento tecnológico, não questionado, desprovido de reflexão, somente acentua a exclusão e aumenta ainda mais a desigualdade social.
Normalmente não encontramos análises, reflexões escritas sobre o tema: impactos sociais dos avanços tecnológicos na sociedade brasileira. Os ensaios existentes são tímidos e isolados, emerge a necessidade de provocarmos um pouco mais a população no tocante a sua participação no futuro da humanidade, de criarmos uma cultura de socialização dos benefícios e de diminuição dos malefícios sociais causados pelas inovações tecnológicas.
Nesta etapa do trabalho objetivamos, então, resgatar alternativas apresentadas por autores, nacionais e estrangeiros, que aprofundam o tema Ciência, Tecnologia e Sociedade, e através delas elaboramos uma proposta de trabalho educativo. Todas as alternativas aqui destacadas possuem o intuito de levar a nossa sociedade a uma participação mais efetiva no desenvolvimento tecnológico associado ao desenvolvimento social do país.
São muitos os olhares e muitos os saberes envolvidos na discussão e proposição de alternativas que não só socializem as tecnologias, mas principalmente amenizem os efeitos dos seus malefícios na vida humana. Para desencadear tal estudo, num país em que isso ainda é muito incipiente, a contribuição de alguns autores, que de uma forma ou de outra apontam suas opções como possibilidades de modificar a situação atual, podem ser de fundamental importância.
Winner (1987) propõe que se reflita sobre a possibilidade ou não, de a sociedade estabelecer formas e limites para a mudança tecnológica, que surjam de uma idéia articulada positivamente do que a sociedade deveria ser, isto significa que embora importante, não deveríamos prestar atenção somente à fabricação de instrumentos e processos físicos, mas também à produção de condições psicológicas, sociais e políticas como parte de qualquer mudança técnica significativa. Assim sendo, ele propõe a “filosofia da tecnologia”, que tem a tarefa fundamental de examinar de forma crítica a natureza e o significado das contribuições artificiais para a atividade humana. Esta nos leva a pensar sobre “como podemos limitar a tecnologia de modo a equipará-la com nosso sentido de quem somos e que tipo de mundo queremos construir?”
Sanmartín (1990) com a mesma preocupação de refletir sobre as implicações sociais dos avanços da tecnologia na vida do ser humano, propõe uma valoração global da tecnologia que denomina de “avaliação filosófica”. Afirma que é importante avaliar filosoficamente, pois esta avaliação permite esclarecer a trama de especulações que podem encontrar-se na própria base de uma intervenção tecnológica - cientificamente recomendada. Destaca que essa análise global deva ser complementada com valorações específicas das distintas aplicações particulares das tecnologias de que se trate, para conhecer os impactos e riscos ambientais e sociais, mais imediatos. E que “uma vez tecnicamente feitas estas valorações - e como uma parte a mais do processo de avaliação técnica - dever-se-ia dar voz à sociedade, para que ela manifeste seus desejos”, pois, não é somente aos “especialistas” que afeta o que tecnologicamente façamos com nossa terra.
Pacey (1990) concretiza um pouco mais as propostas, abordando-as diretamente no campo educacional. Ele aponta a importância de uma melhor educação em ciência e tecnologia, tanto para o cidadão quanto para os profissionais da tecnologia, sendo necessário que se revise toda filosofia da educação, incluindo livros textos e outros recursos para aprendizagem. Isso deve ser feito de modo a possibilitar a apresentação de uma visão integrada da prática tecnológica em lugar de uma visão de túnel - uma visão da tecnologia que se inicia e termina com a máquina - enfocada exclusivamente em seus aspectos técnicos. Assim para que ocorra a visão integrada da prática tecnológica é necessário que as disciplinas sejam trabalhadas de forma interdisciplinar e contextualizadas.
Postman (1994) nesta mesma perspectiva educacional propõe um currículo escolar, no qual todas as matérias sejam apresentadas como um estágio no desenvolvimento histórico da humanidade, no qual sejam ensinadas as filosofias da ciência, da história, da linguagem, da tecnologia e da religião; onde haja forte ênfase nas formas clássicas da expressão artística. Postman entende que precisamos de estudantes que compreendam as relações entre nossas técnicas e nossos mundos social e psíquico, de modo que possam iniciar conversas informadas sobre onde a tecnologia está nos levando e como. Para tanto propõe incluir dois temas indispensáveis para compreensão de onde viemos: “a história da tecnologia que, tanto como a ciência e a arte, produz parte da história do confronto da humanidade com a natureza” e, de fato, com nossas próprias limitações; e “a religião, com a qual estão entrelaçadas a pintura, a música, a tecnologia, a arquitetura, a literatura e a ciência”.
Buarque (1994) é um dos autores nacionais, que melhor aborda o tema no tocante à a realidade brasileira.
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