Desenvolvimento Infantil E Aprendizagem Da Linguagem Escrita
Pesquisas Acadêmicas: Desenvolvimento Infantil E Aprendizagem Da Linguagem Escrita. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: GinhaS • 1/10/2014 • 1.752 Palavras (8 Páginas) • 752 Visualizações
Desenvolvimento infantil e aprendizagem da linguagem escrita
Tendo como marco conceitual a obra “História social da criança e da família” (ARIÈS, 1981), as pesquisas no campo da História, da Sociologia e da Antropologia têm demonstrado que a infância, tal como a conhecemos hoje, não é um fenômeno natural e universal, mas, sim, o resultado de uma construção paulatina das sociedades moderna e contemporânea.
Sob a forte influência da Psicologia e sem o necessário intercâmbio entre os olhares conceituais e metodológicos de outras áreas do saber científico, a infância foi compreendida como um fenômeno relacionado à vivência cronológica, cuja lógica e estrutura se pautavam pelos aspectos ligados à natureza.
Inseridas nesse contexto de investigações psicológicas, as chamadas perspectivas psicogenéticas, baseadas na noção de que a psique infantil é qualitativamente diferente da adulta, enfatizaram o estudo da gênese das funções psíquicas. Piaget, como um dos eminentes teóricos da psicogênese, afirmava que suas investigações, ao analisarem os comportamentos infantis, tinham como objetivo principal investigar não a compreensão do conhecimento no seu estado final, mas, sim, na sua gênese e no seu processo de construção.
O processo de desenvolvimento é, a partir dessas construções teóricas, uma espécie de monólogo.
Ainda que pesem as indiscutíveis contribuições de Piaget, a centralidade atribuída à análise da interação da criança com o mundo físico impôs, em certa medida, a ideia de que o desenvolvimento humano era um desafio a ser alcançado individualmente, a partir de progressos naturais. De outra parte, implicou uma compreensão da infância como um universo isolado, como se adultos e crianças não compartilhassem práticas culturais comuns.
Assim como Piaget, Vygotsky também deu importância ao papel do sujeito na aprendizagem. Entretanto, se para o primeiro os suportes biológicos que fundamentam sua teoria dos estágios universais receberam maior destaque, para o segundo, a interação entre as condições sociais e a base do comportamento humano foram os elementos fundamentais para sua teoria sobre o desenvolvimento.
A passagem dos processos naturais aos processos superiores, questão perseguida por Vygotsky e colaboradores, é o elemento estruturante da consciência e do intelecto humano.
A primeira dessas mudanças é que os signos, as marcas externas, vão se transformando em processos internos de mediação. Vygotsky denomina esse mecanismo de processo de internalização. Como explica Oliveira (1997), ao longo do processo de desenvolvimento, o indivíduo substitui as marcas externas e passa a utilizar “signos internos” ou seja, representações mentais, que substituem os objetos do mundo real.
A segunda transformação é a organização dos símbolos em estruturas complexas e articuladas, denominadas sistemas simbólicos. Como salientam Cole & Scribner (2000), os sistemas simbólicos (a linguagem, a escrita, o sistema de números, dentre outros) são criações das sociedades ao longo da história humana, que modicaram substancialmente a forma social e o nível de desenvolvimento cultural dessas sociedades.
Como tentamos assinalar, a inteligência humana, diferentemente de outras formas de inteligência, é resultado de um processo contínuo de aquisição de controle ativo sobre funções inicialmente passivas.
A aquisição do sistema de escrita, assim como de outros sistemas simbólicos, adquire uma relevância estrutural em termos mentais e cognitivos para o indivíduo que passa a dominá-lo e não pode ser alcançada de maneira puramente mecânica e externa, ao contrário, pressupõe o culminar, na criança, de um processo de desenvolvimento de funções comportamentais complexas (VYGOTSKY, 2000).
Além de evidenciar os aspectos cognitivos, constitutivos da aprendizagem da leitura e da escrita, os estudos sóciointeracionistas de Vygotsky e colaboradores advertiam que uma visão geral da história do desenvolvimento da linguagem escrita nas crianças conduziria naturalmente a três conclusões fundamentais de caráter prático.
A primeira delas é que o ensino da escrita deveria ser transferido para a pré- escola, sob o argumento de que as crianças menores são capazes de descobrir a função simbólica da escrita.
A segunda conclusão prática a que chega é resultado desse reconhecimento de que é mais do que possível, mas, sobretudo, adequado se ensinar leitura e escrita às crianças pré-escolares. Vygotsky ressalta, a partir dessa constatação, que esse ensino deve organizar-se de forma que a leitura e a escrita se tornem necessárias às crianças.
Finalmente, a terceira conclusão prática a que chegou Vygotsky, a partir da interpretação de estudos acerca do desenvolvimento da escrita nas crianças, foi quanto à necessidade de esta ser ensinada naturalmente. Ao referir-se a Montessori, salienta que essa educadora demonstrou que os aspectos motores podem ser acoplados ao brinquedo infantil e que o escrever pode ser “cultivado” ao invés de “imposto”. Por esse método, segundo avalia Vygotsky, as crianças não aprendem a ler e a escrever, mas, sim, descobrem essas habilidades durante as situações de brincadeiras nas quais sentem a necessidade de ler e escrever.
Contudo, no início do século XX bastava que o sujeito assinasse o próprio nome para ser considerado alfabetizado, mas o tempo passou e muitas mudanças foram introduzidas. O sujeito alfabetizado domina as técnicas da ciência da escrita, já letramento é a maneira pela qual o sujeito interage, amplia conhecimentos e é capaz de interpretar diferentes tipos de textos, e para isso precisamos desenvolver na criança o hábito da leitura pois para escrever bem, precisamos ler bem.
Segundo Magda Soares, alfabetizando é que podemos justificar o surgimento da palavra letramento, consequência da necessidade de destacar e claramente configurar, nomeando-os, comportamentos e práticas de uso do sistema de escrita, em situações sociais em que a leitura e/ou a escrita estejam envolvidas (2003).
No entanto muitas instituições não demonstram preocupação diante desse tipo de problemas, pois o sistema de certa forma acaba protegendo-os devido a progressão continuada e muitas escolas separam a alfabetização do letramento, sendo que estes processos são distintos porém são processos interdependentes e indissociáveis.
A alfabetização é a aquisição da tecnologia da escrita e não precede pré-requisito para letramento, tanto é assim que analfabetos podem ter certo nível de letramento, sem que ao menos saibam escrever. Portanto é na escrita de textos que as crianças são estimuladas
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