Dislexia: Como Superá-la Através Do Conhecimento
Artigo: Dislexia: Como Superá-la Através Do Conhecimento. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ivanetemelo • 15/2/2015 • 4.214 Palavras (17 Páginas) • 413 Visualizações
DISLEXIA: COMO SUPERÁ-LA ATRAVÉS DO CONHECIMENTO
Isabel Cristina da Silva
Ivanete Dias de Melo
Lisea de Azevedo Vannucci
Sandra Midori Yoshihiro Shimizu
Orientador: Profª Especialista Alessandra Aparecida de Oliveira
RESUMO
A dislexia é um Transtorno de Linguagem muito comum que atinge uma parcela significativa da população. Infelizmente o Brasil não possui dados oficiais sobre a sua incidência, contudo sua relevância não pode ser ignorada dadas as características e as conseqüências que tal distúrbio pode causar na vida de uma pessoa. Este trabalho teve como objetivos esclarecer quais são as características e os sintomas da dislexia, seu diagnóstico, como se dá o processo de aprendizagem e mostrar o exemplo de um método de ensino para pessoas acometidas por este distúrbio. De acordo com as pesquisas realizadas, a informação e a orientação adequadas são fundamentais para que um portador deste distúrbio possa desenvolver suas habilidades e garantir seu desenvolvimento pleno.
Palavras-chave: Dislexia. Tratamento. Transtorno de Linguagem.
INTRODUÇÃO
A dislexia é um transtorno que atinge o aprendizado da linguagem nas áreas da leitura, escrita e soletração e que não deve ser confundida com desatenção, desmotivação ou baixa inteligência. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula e atinge entre 5% e 17% da população mundial. Trata-se, portanto, de um distúrbio comum e persistente, ou seja, não desaparece com o passar do tempo e não é um atraso no desenvolvimento da leitura.
Por não ser facilmente identificada em sala de aula a dislexia torna-se um dos fatores de reprovação e evasão escolar. Seu diagnóstico requer uma equipe multidisciplinar formada por Psicólogo, Psicopedagogo Clínico e Fonoaudiólogo e, em alguns casos, Oftalmologista e Neurologista que emitirão um laudo após entrevistas, questionários e exames médicos. Pode-se dizer que enquanto não é feito o diagnóstico o disléxico vive em um mundo a parte, de sofrimento, vergonha e frustração. Os pais também sofrem por não saberem como ajudá-lo e não entenderem como uma criança muitas vezes inteligente e criativa pode ter tantas dificuldades para ler.
No ambiente escolar, a sensação de não estar acompanhando seus colegas, de sentir-se inferior, de decepcionar seus pais e professores e de freqüentemente ser taxada como preguiçosa fere profundamente a auto-estima da criança disléxica. A escola deixa de ser um local para aprender e encontrar amigos para ser um lugar de decepção e difícil de suportar.
O disléxico precisa de uma educação diferenciada e adaptada às suas necessidades e no Brasil temos algumas Leis que dão a ele esse direito. Podemos citar o Plano Nacional de Educação - Lei Federal n° 10.172 de 9 de janeiro de 2001:
A educação especial se destina a pessoas com necessidades especiais no campo da aprendizagem, originadas quer de deficiência física, sensorial, mental ou múltipla, quer de características como de altas habilidades, superdotação ou talentos.
(Capítulo 8 – Da Educação Especial. 8.2 – Diretrizes)
Conhecedor da relevância desse assunto, o Estado de São Paulo promulgou a Lei n° 12.524 de 2 de janeiro de 2007 que dispõe sobre a criação do Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação. Destacamos os seguintes artigos da referida Lei:
Artigo 1º - Fica o Poder Executivo obrigado a implantar o Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação, objetivando a detecção precoce e acompanhamento dos estudantes com o distúrbio.
Parágrafo único - A obrigatoriedade de que trata o “caput” refere-se à aplicação de exame nos educandos matriculados na 1ª (primeira) série do Ensino Fundamental, em alunos já matriculados na rede quando da publicação desta lei, e em alunos de qualquer série admitidos por transferência de outras escolas que não da rede pública estadual.
Artigo 2º - O Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação deverá abranger a capacitação permanente dos educadores para que tenham condições de identificar os sinais da dislexia e de outros distúrbios nos educandos.
Considerando os atuais conhecimentos referentes ao tema este trabalho procurará demonstrar os recursos disponíveis para o pleno desenvolvimento do disléxico, tendo como objetivos:
A. Esclarecer o que é a Dislexia e como se dá seu diagnóstico.
B. Compreender de que maneira ocorre o aprendizado para os disléxicos.
C. Buscar processos de ensino capazes de atender a essa necessidade educativa especial.
1. DEFININDO DISLEXIA
O termo vem da palavra latina “dis” que quer dizer “dificuldade” e da palavra grega “lexia” que significa palavras, portanto, dislexia é a dificuldade de ler as palavras. Embora sempre tenha existido, a dislexia é relativamente nova no âmbito educacional. Muitas teorias, algumas sugestões e dúvidas ainda permeiam o assunto. Na literatura podemos encontrar artigos publicados por médicos no final do século XIX que mencionam crianças com dificuldades de leitura apesar de serem inteligentes, terem bons professores e famílias escolarizadas. O Dr. W. Pringle Morgan1, de Seaford, foi o primeiro a mencionar o termo “cegueira verbal” em 07 de novembro de 1896.
No Capítulo V da Classificação Internacional de Transtornos Mentais e de Comportamento (CID-10), a dislexia faz parte do bloco de Transtornos do Desenvolvimento Psicológico (F80-F89), na categoria Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares, cuja subdivisão é Transtorno específico da leitura (F81.0).
Como ocorre com outros transtornos incluídos neste bloco, além de ser detectada na infância é possível encontrar a dislexia em outras pessoas da família, o que sugere um fator genético importante. Não é decorrente de traumatismos, doenças cerebrais adquiridas ou falta de estímulo ambiental adequado. Sabe-se que é originada devido a anormalidades no processo cognitivo.
Segundo SHAYWITZ (2006),
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