Dissertação do Filme Black
Por: Wellerson32 • 25/10/2020 • Dissertação • 946 Palavras (4 Páginas) • 382 Visualizações
O filme “Black”, produzido no ano de 2005 por Sanjay Leela Bhansali, narra a história de Michelle McNally que nasceu surda e cega, e que não consegue se libertar das trevas sozinha. Assim, o professor contratado pelo seus pais com o nome de Debraj Sahai, consegue retirá-la desta escuridão e trazê-la de volta para a luz. Nesse contexto, o filme mostra as dificuldades que uma pessoa com necessidades especiais sofrem durante a sua vida, na qual muitas vezes é reprimida pela sociedade e, lamentavelmente, por sua família.
Nesse viés, Michelle McNally, filha mais velha de uma família anglo-indiana relata a história sobre ela e seu professor “Debraj Sahai”, duas pessoas que lutaram uma batalha contra o destino e tornaram possível o impossível.
Em primeiro plano, o filme “Black” faz uma crítica em torno da repreensão familiar, especialmente pelo Sr. McNally em relação a sua filha, uma vez que o mesmo cogitou em interná-la num hospício, já que segundo ele a Michelle não se comportava como uma “pessoa normal”. Além disso, no filme ficou nítido como as pessoas com deficiência muitas vezes são tratadas como animais e jogadas pelas pessoas próximas, assim, em várias cenas na trama vemos a Michelle amarrada com sinos a fim de saberem aonde ela vai e outras vezes no jantar em família, na qual a sua participação na mesa chega a ser desprezível.
Além disso, é possível perceber que a educação para as pessoas com alguma necessidade especial são bem restritas, pois o professor Sahai era um dos pouco que tinham a qualificação adequada para o ensino-aprendizagem dessas pessoas e, se porventura ele não aceitasse, a menina dificilmente chegaria na luz. No entanto, não é razoável dizer que esta situação ocorre somente nas telonas, já que a ignorância social frente à conjuntura bilíngue no Brasil é uma barreira para capacitação pedagógica do surdo.
De outra parte, quando a Michelle está na faculdade conseguimos perceber a falta da equidade em relação aos outros alunos. A princípio, a universidade teve um olhar preconceituoso da participação da Michelle no Curso de Artes, na qual segundo o Conselho da faculdade, a escola seria apenas para “pessoas normais”. Outro ponto relevante é que a Michelle demorou cerca de 03 anos para ter os materiais próprios para seus estudos, como por exemplo, livros em braile – e a universidade não disponibilizava nenhum suporte nesse período, e se não fosse seu professor Sahai, a Michelle já teria desistido do curso em seu primeiro ano. Desse modo, pela falta de todo o suporte, a Michelle reprovou de todas as matérias naqueles anos. Vale lembrar a desproporcionalidade na realização das provas para Michelle, uma vez que o tempo não era favorável, haja vista que ela sabia todo conteúdo, entretanto, ela digitava muito devagar na máquina de datilografia. Nesse contexto, Sahai dizia para ela que não adiantava saber todo conteúdo se não consegue digitar no tempo hábil.
Fora da ficção, a má formação socioeducacional do brasileiro é um fator determinante para a permanência da precariedade da educação para deficientes auditivos no País, uma vez que os governantes respondem aos anseios sociais e grande parte da população não exige uma educação inclusiva por não necessitar dela. Isso, consoante ao pensamento de Schopenhauer de que os limites do campo de visão de uma pessoa determinam seu entendimento a respeito do mundo que a cerca, ocorre porque a educação básica é deficitária e pouco prepara o cidadão no que tange ao respeito às diferenças. Tal fato se reflete nos ínfimos investimentos governamentais em capacitação profissional e em melhor estrutura física, medidas que tornariam o ambiente escolar mais inclusivo para os surdos.
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